quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O novo ''mantra'' em Wall Street: regulamentação...

O perigo de se adotar idéias com muita ênfase é que costumeiramente fechamos os olhos para as posições contrárias. Isto pode levar a sérios acidentes...O ''mantra'' no mundo econômico dos últimos 25 anos, desde a ascensão de Ronald Reagan e dos republicanos, era a chamada ''desregulamentação''. ''Menos impostos'', ''o mercado é capaz de auto-regular-se'', eles diziam. Chamou-se estas práticas econômicas ultra-liberais de ''consenso de Washington''. No Brasil, reconheça-se, a adoção de políticas de maior abertura da economia e privatização de empresas levou-nos ao atual ciclo econômico de crescimento, iniciado no Governo do Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula, para surpresa geral, manteve a mesma política, e soube colher os frutos...No entanto, quando a crise aperta e a especulação desenfreada feita nas Bolsas de Valores ameaça afetar e contagiar o conjunto da economia, apela-se novamente para a tradicional intervenção do Estado. É, aquele mesmo tão criticado e vilipendiado outrora...Aquele que vinha sendo constantemente reduzido, com o corte de verbas para setores essenciais como a saúde, educação, fiscalização da alimentação que chega à nossa mesa. Quem é ''contra o Estado'' agora? Nestas horas, propostas radicais como a de deixar todas estas financeiras e bancos quebrarem não possuem muitos adeptos...O Governo Bush agora apela aos dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos( Obama e McCain)para que, juntos, defendam o pacote de socorro de 700 BILHÕES DE DÓLARES criado pela Casa Branca para tentar resolver a crise...O novo presidente, seja quem for, iniciará seu mandato com as mãos presas, premido pela falta de dinheiro para investir em outras áreas essenciais, mas é preciso reconhecer: não há outra saída...O jornal ''Valor Econômico'' do último dia 23/9, em matéria reproduzida da revista Business Week, admite que a ''Desregulamentação perde defensores''. No texto, informa-se que ''desde os dias distantes em que Jimmy Carter era o presidente americano, regulamentação é um palavrão em Washington. Nesse tempo todo, políticos dos dois partidos competiram para ver quanto da economia eles conseguiam libertar do 'jugo opressor' do governo''. No entanto, esta balança está mudando: ''Em áreasque vão da segurança dos alimentos ( Nota: BATATAS FRITAS!!!)às conpanhias aéreas e o comércio, uma supervisão crescente do governo vem se tornando aceitável para as empresas e também para os eleitores. ' Nos últimos anos o clima mudou', diz Chris Waldrop, diretor do Food Policy Institute da Consumer Federation of America''. A guinada do senador John McCain: ''Em março deste ano, o senador John McCain disse: ''Sempre fui a favor de uma menor regulamentação'', dizendo que ele mesmo é ''fundamentalmente um desregulamentador''. Mas em um pronunciamento feito em 16 de setembro, o candidato republicano adotou uma postura bem diferente: ''Sob as minhas reformas, o povo americano será protegido por regras abrangentes''...O alto custo social da desregulamentação: ''Nas últimas três décadas, a economia dos EUA mais do que dobrou em tamanho, e a força de trabalho do setor privado cresceu 70%. Mesmo assim, no geral, fora o Departamento de Defesa, o poder executivo emprega mais ou menos o mesmo número de pessoas de 1978. E mais: muitas agências reguladoras de Washington chegaram até mesmo a encolher...Desde 1977, o orçamento da Agência de Proteção Ambiental caiu quase 40% em termos reais. E apesar do grande aumento da complexidade do setor financeiro, o número de funcionários que trabalham no Fed( Banco Central Americano), incluindo as representações regionais do banco central, caiu desde 1990''( OBS: aha! menos funcionários para investigar as tramóias do mercado financeiro...o resultado vocês todos estão conhecendo agora...). A interessante matéria de ''Valor'' continua, informando ainda que ''normalmente os eleitores não gostam da regulamentação'', afirma Larry M. Bartels, diretor do Centro de Estudos de Políticas Democráticas da da Universidade de Princeton. ''A notável exceção é quando as pessoas estão assustadas''. Certamente houve muitos sustos nos últimos anos. Uma série de episódios de envenenamento de alimentos- especialmente o surto de salmonela que deixou cerca de 1500 pessoas doentes no começo deste ano( nosso grifo)- deixou os consumidores preocupados com a segurança do estoque de alimentos do país. E mais: ficou claro que a FDA( Food and Drugs Administration- órgão federal dos Estados Unidos responsável pelo controle dos alimentos consumidos)não tem como monitorar facilmente o caminho percorrido pelos alimentos de volta para as suas fontes''. ''A redução da regulamentação piorou as coisas, e o setor reconhece isso'', disse William R. Hubbard, um ex-comissário associado da FDA. ''Eu acho que eles de fato tomaram ciência de sua vulnerabilidade''. E você, o que prefere? O que é mais temível: a intervenção do Estado na economia, para regular vários destes ítens que nós e nossas famílias consumimos( batatas fritas, sucos ''de caixinha'', leite, carne, etc.), ou a ''desregulamentação total'' e o ''poder do mercado de, livremente, auto-regular-se? Uma dica: se você está do ''lado de cá'' da economia, ou seja, não é um produtor ou vendedor destes produtos, é mais seguro torcer para que a precária fiscalização governamental impeça que nós entremos para as amplas estatísticas de pessoas ''envenenadas pela alimentação'' que consomem...Alcnol.

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