Este é um texto sem imagens...Confesso que tive um pouco de receio ao começar a tirar fotos com o celular. Medo de estar me rendendo a este universo de imagens que nos circunda, a ponto de ameaçar sufocar-nos em alguns instantes. A imagem é muito ''óbvia'' e ''limitada'' para satisfazer-nos plenamente, comparada com a imaginação, o que obriga-nos a buscar novas...imagens...para completá-las. Isto é um processo infinito, e jamais ficamos minimamente ''satisfeitos'' quando embarcamos nele. No entanto a imagem, como complemento, é um meio forte de ilustrar coisas. De mostrar aquilo que não conseguimos descrever plenamente por meio de nossas palavras para outra pessoa. Imagens são apenas uma outra forma de dialogar com outras pessoas, e é mais para elas do que para nós mesmos que nós as registramos...Além de ferramenta de conversação, as imagens também tem um significativo efeito interno: quando começamos a buscá-las, de algum modo ''misterioso'' parece que os nossos olhos se abrem para alguns aspectos despercebidos do cotidiano. Quando ''caçamos'' uma nova foto para um álbum ou um blog, ficamos também mais alertas para inúmeros detalhes do dia-a-dia que nos escapavam. Todas as árvores que nos circundam, e às quais não dávamos maior atenção na corrida diária e no vaivém incessante da grande cidade, agora se ''infiltram'' nas imagens que registramos. Lado a lado com automóveis e prédios, elas mostram toda a sua beleza e viço, como verdadeiras ''rainhas'' desta ''selva de pedra''. Alguns as vêem como meros ''ornamentos'', os quais podemos retirar a qualquer hora diante de qualquer ''incômodo''. Não. Elas já estavam aqui muito antes de nós, e somos nós que devemos contribuir para a sua manutenção e crescimento, e não o contrário...Enfim, o verde parace ''mais verde'', e na busca contínua das ''novidades'' somos forçados involuntariamente a prestar maior atenção em tudo. Mesmo nas pessoas...Em uma cidade de 10 milhões de habitantes, a presença de um outro ser humano não é nenhuma novidade. Treinamos o nosso olhar não para a visão particular de um outro ser específico, mas para o todo, a multidão. Mas é no todo que vislumbramos, aqui e ali, seres diferentes e originais. Eterna transição entre todo x parte, da parte para o todo e do todo para a parte, o tempo inteiro...Como conclusão, provisória, poderíamos dizer que registramos por meio de imagens algumas coisas que são vistas pelo nosso olhar. E estas imagens, por paradoxal e ''estranho'' que pareça, acabam servindo para treinar e ''abrir'' o nosso olhar para inúmeras coisas que normalmente ''passariam batido''.''Recondicionamos'' o nosso olhar para buscar o belo e o inusitado... Assim, transitamos o tempo todo não só entre o ''todo'' e a ''parte'', mas entre ''interior'' e ''exterior'' de nossas mentes. Aquelas imagens todas aqui foram concebidas e registradas, e agora influenciam não só vocês como a mim...Não como formas de ''preencher o espaço'' e ocultar a pouca inspiração de quem escreve, mas como inocentes pretextos para novas conversas e novos textos...Alcnol.
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