Onde mais eu iria achar este friozinho querido tão ausente neste inverno? Decidi ir a Curitiba. Como os muçulmanos vão a meca ao menos uma vez por ano, eu queria sentir frio e ''recarregar as baterias'' em um lugar querido. Ir para a capital paranaense de ônibus- 7 horas de viagem- é semelhante a jogar na loteria. Ou entrar em um túnel escuro. Nunca se sabe o que vamos encontrar do outro lado...No sobe-desce montanhas na Régis Bittencourt - rodovia privatizada em estado de recuperação- o tempo começa ensolarado. Menos um ponto. Duas horas após o início da viagem o sol já se foi. Dois pontos a mais. Parada em um ponto onde o telejornal mostrado meio-dia é o de Santos, com uma interessante reportagem sobre a Biblioteca Municipal. Assisto, enquanto ''traço'' dois pães de queijo e uma coca-cola. É metade da viagem, 200 km percorridos, e o sol dá as caras outra vez. Menos um ponto. Nos aproximamos da divisa com o Paraná quando, como que por ''milagre'', o sol some novamente. Será o fim deste interessante jogo? Chegarei, como tantas outras vezes, a uma Curitiba fria e chuvosa- onde terei de adquirir às pressas mais um guarda-chuva para a minha coleção? É cedo para comemorar...Faltando cerca de 50 km para o final da viagem o sol retorna com todo o seu vigor, para não mais deixar-nos. Menos 5 pontos...Ao menos eu estou do lado oposto do ônibus, onde o sol não bate...É uma Curitiba estranhamente ENSOLARADA, SEM NUVENS, que eu revejo. Mas não dá tempo para ''lamentar''. Os passageiros à minha frente comentam espantados que lá fora todos estão agasalhados...De fato. Uma família passa, e todos estão usando casacos de frio. Um ciclista passa em uma das canaletas exclusivas para ônibus criadas pelo ex-Prefeito Jaime Lerner. Usa um casaco também. Olho para fora, em frente à Rodoferroviária, e o relógio de rua marca 19 graus. Isto é Curitiba...Não é nenhum ''frio'', daqueles que só experimentei aqui. No meu critério, dá até para usar mangas curtas ( exceto pelo simples detalhe de que recheei a bagagem com 3 casacos...). Mas já são 16 horas, e a noite promete...Lembro de uma outra estadia aqui, quando estava percorrendo a cidade em um ônibus da Linha Turismo ( a melhor do país ). Visitei o Jardim Botânico, e voltei para pegar um outro ônibus- eles passam a cada meia-hora. Entrei no veículo com uma multidão de outros turistas. O sol ensaiou mostrar-se com todo o vigor. Apressei-me, imediatamente, a cobrir a janela com uma cortina. O sol, um daqueles sóis tipicamente curitibanos, entre nuvens, não durou mais de 5 minutos...Este ''sol de 5 minutos'' de Curitiba só veio dar um alô, antes de mais um dia nublado...Hoje é sábado, também faz sol- apesar de um raiar do dia gostosamente ''fechado'', a Rua das Flores está repleta de clientes e cabos eleitorais de políticos. Com toda aquela agitação do centro curitibano aos sábados. Mas, para minha felicidade, a temperatura não é muito diferente da de ontem. Mesmo sem sentir frio- sem contar o fato de shoppings e outros ambientes fechados locais também cultivarem o péssimo hábito de desligar o ar condicionado- dá para vestir um dos casacos. Não sei até quando, mas já é um alento...O melhor daqui, não sei se já disse, é o fato de a bela capital paranaense ser um misto interessante de pequena ''vila''- mesmo com quase 2 milhões de habitantes, é claro que estou comparando-a ao ''agito'' paulistano- com metrópole, com todas as conveniências que uma grande cidade oferece: boas livrarias, bons restaurantes, movimento, vida cultural própria. E ainda faz frio, para tudo ficar ainda mais perfeito! PS: Hoje de manhã, no GNT, assisti um programa da série ''O Brasil é aqui''. Hoje o apresentador estava em Palmas, no Tocantins( uma espécie de extremo oposto de Curitiba...). Lá, nos dias MAIS FRESCOS, a temperatura fica entre 35 e 40 graus...Tem gosto para tudo...
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