Subi pelo teleférico a um ponto bem elevado da cidade de Campos do Jordão, de onde pude avistar toda a cidade. E lá, bem ao nosso lado, outros turistas iam posando para a tradicional rodada de fotos que é feita nestes lugares. Imagino que, em um futuro não muito distante, será impossível transitar por estes pontos turísticos tradicionais. Explico: você estará sempre ''atrapalhando'' a foto de uma outra pessoa. O que me pergunto, no fundo, é uma outra coisa. Cientistas estão preocupados com o armazenamento de informações nos frágeis meios digitais- isto atrapalhará o trabalho dos historiadores do futuro, graças à sua perecibilidade. Não estará acontecendo algo preocupante com a disseminação de todas estas câmeras digitais e celulares com fotos? A necessidade de olharmos um álbum de fotos de algum lugar em que estivemos- fotos estas que não terão o mesmo valor emocional para outras pessoas- afetará em que medida a nossa memória? A foto, me desculpem os apreciadores desta arte, é sempre uma redução, um enquadramento limitado do real. Sera´que todos estes fotógrafos amadores estão se preocupando, com a mesma ênfase, em guardar alguma recordação significativa, uma emoção gostosa relacionada ao lugar que estão visitando? A fotografia, disseminada, virou uma ''commodity'' barata, tão barata- em todos os sentidos- quanto o preço de todas estas câmeras e celulares. E a imagem- barata, disseminada e onipresente- não chega, a meu ver, aos pés da PALAVRA( esta sim real, não ''fake''). PS: Se bem que dizem que a invenção DO LIVRO prejudicou a nossa memória, uma vez que ANTES havia pessoas especializadas na arte de DECORAR textos inteiros...
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