O autor é antigo. Wallace D. Wattles. Os livros, vários foram publicados pela Editora Pensamento, no início do século XX. O título original, em inglês, provavelmente não deve ter nada a ver com a tradução brasileira: ''A Ciência por trás do Segredo''. O que nos importa aqui são as idéias, polêmicas, que ele advoga. Entre as quais a de que o mundo em que vivemos JÁ é perfeito. Passemos ao texto: ''(...)Esta é a verdade do mundo atualmente. Física, social e industrialmente tudo está bem e tudo está perfeito. 'Tudo está perfeito no mundo'. Este é um fato importante. Não há nada de errado com nada; não há nada de errado com ninguém. É a partir deste ponto de vista que você deve contemplar todos os fatos da vida(...)Tudo isso não o impede de trabalhar por coisas melhores. Você pode trabalhar para completar uma sociedade inacabada, ao invés de renová-la, trabalhando de todo coração e com o espírito mais esperançoso. FARÁ UMA ENORME DIFERENÇA A MANEIRA COM QUE VOCÊ OLHA PARA A CIVILIZAÇÃO( nosso grifo): como algo muito bom que se torna cada vez melhor, ou como algo ruim que decai. Enquanto um ponto de vista pode lhe dar uma mente avançada e em expansão, outro lhe dá uma mente decrescente e retrógrada. Um ponto de vista o fará engrandecer, e o outro inevitavelmente o fará cada vez menor. Um o tornará apto para trabalhar por coisas eternas, para grandes ações, de forma grandiosa á fim de concluir tudo o que está incompleto e sem harmonia; e outro o fará um eterno remendador de retalhos, trabalhando sem a esperança de salvar algumas poucas almas perdidas do que VOCÊ (nosso grifo)considerará um mundo sem solução e condenado. Dessa forma, você pode ver que a questão do ponto de vista social faz uma grande diferença. 'Tudo está certo com o mundo. Nada pode estar errado a não ser minha atitude pessoal, e eu farei da maneira certa. Eu verei os fatos da natureza e todos seus acontecimentos, circunstãncias e condições da sociedade, política, governo e indústria sob um ponto de vista mais elevado. Tudo está perfeito, embora incompleto. Tudo é obra de Deus. Observe, tudo está muito bem''(p.27/29). Já posso sentir os olhares duvidosos ou ouvir os urros de indignação. Isto vai de encontro a TUDO o que nós já temos lido ou ouvido nesta vida. Porém faz sentido, se o interpretarmos em um contexto maior. Uma questão: o que é REAL? Vocês diriam que reais são as contas que se avolumam sobre nossas mesas neste instante, real é a fumaça emitida por milhares de automóveis em movimento na nossa cidade neste instante, real é a minha sogra, meu marido, minha esposa, meus filhos, meu patrão, minha empregada, o cachorro, o cachorro do vizinho que late sem parar a noite inteira...A isto, eu replicaria com uma outra pergunta: se há algo ''real'' neste mundo, por que nós nunca chegamos a um consenso sobre qualquer assunto- seja ele o tempo, futebol, política, religião, etc, etc,etc...Somos, na realidade, 6 bilhões de blogs em potencial, porque não há uma pessoa igual a outra neste mundo. ''Cada cabeça uma sentença'', diz o ditado popular. TUDO É INTERPRETAÇÃO, INTERPRETÁVEL, e cada um vê as coisas como quiser. Sendo assim, o que é real? O mundo ao nosso redor é perfeito, harmônico, dirigido por leis. O sol nasce todas as manhãs e se põe à noite. Os passarinhos estão cantando. As árvores estão captando gás carbônico e emitindo oxigênio, para o nosso bem-estar. Nas cidades praianas as ondas continuam chegando ininterruptamente à costa- para alegria dos surfistas...A natureza é perfeita, não? Porém, do lado humano, as queixas são constantes- como se vivêssemos em um inferno. Nossa vida atual é MELHOR do que a dos homens das cavernas, e a das pessoas na Idade Média. Porém temos meios de comunicação que repercutem tudo o que está acontecendo- em geral de ruim- mundo afora, a todo instante. E, por causa disto, as coisas NOS PARECEM ruins. Isto é real? O que NOS PARECE, o que ACHAMOS é real? Se fosse, por que as nossas opiniões não são compartilhadas por todo mundo? Eu ADORO ler jornais. Tanto que corro para as bancas no sábado à noite para ler, na véspera, os jornais de domingo. Leio jornais todos os dias,e jornais de diversos estados: Folha, Estadão, O Globo( às quintas, sábado e domingo), Gazeta do Povo( aos domingos, segunda- por causa do caderno esportivo do fim-de-semana, e terças- pelas crônicas do Miguel Sanchez Neto e do Cristovão Tezza), e eventualmente Diário Catarinense, Correio Braziliense, Gazeta Mercantil, entre outros. E posso afirmar com certeza: por melhores que sejam estes periódicos, que cumprem bem o seu papel de fiscalizar as ações do Poder Público e apontar o que está errado nas suas localidades e no país, NENHUM deles pode dar a alguém que os leia à distância senão uma MÍNIMA IDÉIA do prazer que se sente ao visitar as cidades de onde eles são impressos. Eles não substituem o prazer que eu sinto ao caminhar pelo calçadão da Praia de Ipanema. não substituem o prazer que sinto ao contemplar a nossa Avenida Paulista( cartão postal da cidade, com suas inúmeras atrações), não substituem o prazer que sinto ao chegar a Curitiba e fazer questão de caminhar pela Praça Osorio a caminho da rua XV de Novembro, não substituem o prazer que sinto ao caminhar pelas históricas, estreitas e movimentadíssimas ruas do centro de Florianópolis. Isto porque os jornais retratam uma determinada realidade, apenas uma entre tantas. E mesmo esta ''realidade'' dita ''objetiva'' comporta inúmeras interpretações. A minha cabeça continua ''vendo'' o que listei de modo incompleto acima- e o que ''vejo'' com os olhos da minha mente continua excelente, belíssimo, perfeito, tal como eu vi estas coisas todas pela primeira vez. Isto também não é real? Seria tudo imaginário, mera invenção deste escriba? Claro que nem todas as pessoas vêem beleza na Avenida Paulista...Ou na rua XV de novembro...O que eu queria dizer, em síntese, é que há dois planos. O do mundo objetivo- do céu, do tempo, do mar, dos rios, das árvores, dos animais- e o do mundo subjetivo. E que nós podemos, e costumamos faze-lo aliás freqüentemente, ESCOLHER o modo como enxergamos as coisas, o que pinçamos aqui e ali em toda a complexidade e riqueza do mundo. Este blog escolhe seguir, de modo predominante, o caminho traçado pelas belas palavras do autor mencionado neste texto- Wallace D.Wattles. Escolhemos de modo consciente buscar o bom, o belo, o justo( está bom: o que NOS PARECE SER tudo isto...). Temos o poder de escolha. Escolhemos mostrar aqui isto. Isto nos parece TÃO REAL QUANTO os demais assuntos abordados nos demais blogs. Ou não é real? Neste caso, podem me internar...O Wallace não, este já ''morreu''...
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