Este despretensioso blog aproxima-se do número 100. Atribua-se o fato exclusivamente á megalomania e verborragia de seu criador. Não seria de espantar que, deste jeito, ele chegue aos números 500 ou 1000- seja lido ou não...Apreciado ou não, visto ou não, comentado ou não, ele se tornou UM VÍCIO para quem o iniciou, a tal ponto que começa a imiscuir-se aos pensamentos cotidianos desta pessoa: ''esta idéia serve ou não para um texto no blog?''. É o fim da espontaneidade quando começamos a pensar em um leitor ideal imaginário, existente ou não. Por isto blogs não são diários. Aparentam-se mais a ''auto-biografias'' oficiais, em que o autor ressalta arbitrariamente tal aspecto da realidade, enquanto varre o ''lixo'' para debaixo do tapete...Ou para cima, uma vez que acabamos muito mais levantando poeiras- reais ou imaginárias- do que espanando-as efetivamente...Tudo isto, para introduzir o tema real desta postagem. Imaginem que, por um passe de mágica, nos tornássemos subitamente 100% responsáveis pelo que nos ocorre. Que pudéssemos, de uma hora para outra, ESCOLHER os acontecimentos de nossas vidas, como diretores de cinema escolhem o que veremos nas telas. Fantasias, diriam os críticos. Mas, afinal de contas, se não somos nós que vivemos as nossas vidas, QUEM É que as determina? A idéia de uma força misteriosa exterior, que nos impulsionaria ou tolheria conforme a SUA vontade arbitrária, não seria esta a verdadeira fantasia? Ah, mas você está dizendo que nós, e milhões de outros seres igualmente ''sofredores'', escolhemos inclusive os MALES que se abatem sobre nossas cabeças? Por outro lado, eu rebateria, se não somos nós os responsáveis por tudo, inclusive pelo mal que nos ocorre, quem seria? Seria a idéia de um Poder Maior, de um/a Deus/a, compatível com a idéia de ''mal''? Seria este/a Deus/a responsável pelo mal que habita o coração dos homens? Explicam os religiosos que somos dotados de ''livre- arbítrio''. E este livre-arbítrio, para ser realmente livre, deve ser incondicionado. É em torno desta idéia de liberdade, liberdade incondicionada, que, por incrível que pareça, as noções existencialistas e teístas se aproximam. ''Deus quer o nosso bem. Nós sofremos porque somos dotados de livre-arbítrio, e optamos pelo que nos faz sofrer. Somos livres para escolher entre o que nos faz mal, e o que nos faz bem'', dizem os que acreditam em uma FORÇA MAIOR. ''Deus não existe. Logo o homem é radicalmente LIVRE PARA ESCOLHER o que quiser. O homem é totalmente livre para auto-determinar-se, e escolher o que é melhor para a sua vida'', diriam os existencialistas á lá Sartre. Em suma, ambos concordam que o homem é INTEIRAMENTE LIVRE para auto-determinar-se, para escolher o seu próprio caminho. Esta liberdade prescinde da noção de culpa, que está mais ligada ao erro permanente. De fato, como aprendizes, somos responsáveis pelo que está nos acontecendo. E colhemos exatamente o resultado dos nossos esforços/ações. Mas o erro, por maior que seja, é corrigível. Podemos igualmente OPTAR por mudar o nosso caminho. Aqui lembramos de um trecho de ''O profeta'', de Kalil Gibran, lido há muito tempo. Nele, o autor diz que ''o homem não erra porque é mal, erra porque é preguiçoso". Ninguém nos impede de corrigir os nossos rumos. Mas somos condicionados por idéias alheias, falsas, que nos foram inoculadas inclusive pelas pessoas que mais amamos na vida. E temos preguiça de pensar por conta própria. O maior véu que nos cobre, é causado pelas noções de ''mistério'', ''vítimas'', ''milagres'', ''sorte'', ''acaso''. Imaginemos que um dia pudéssemos escolher os nossos destinos, foi o convite a que eu os submeti no início deste texto. Isto é a realidade, eis a nossa conclusão. Somos livres, radical e absolutamente livres, e nem sequer Deus- para os que acreditam- irá interferir em nossas vidas, mesmo para ajudar-nos- se não for solicitado. Estamos aqui para descobrir isto, mais cedo ou mais tarde, com menor ou maior preço. Se somos livres, e não agimos como tal, quem é, de fato, o nosso maior juiz e carcereiro? ''Complicado'', não???
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