Nós nos encontramos de tal modo perdidos e ''desamparados'' neste mundo, que basta uma única pessoa com um ideal forte- que sabe o que quer- para que nós a consideremos um líder, um fora-de-série. Daí toda a polêmica sobre a suposta ''divindade'' de Jesus. Porque alguém teria de ser ''superior'' para fazer o que ele fez, né? E, separando o ''divino perfeito'' do ''humano inferior'', conseguiram fechar a porta que ele abriu para que outros pudessem repetir ou superar os seus feitos. Daí por diante, necessitaríamos novamente de ''intermediários'' entre os deuses e o homem.Missão cumprida. Mas de vez em quando aparecem seres humanos especiais, que não se enquadram nas regras do rebanho. ''Na natureza selvagem'' trata de um destes seres. Não vamos tirar a surpresa sobre o seu final, porque isto, na verdade, nem interessa. Não interessa o que ele atingiu, nem o que descobriu. O que interessa de fato é o caminho que ele percorreu, as escolhas que fez. Na estória, os únicos que não enxergaram a sua força foram os seus pais. Todos os demais sabiam estar tratando com um ser forte, excepcional- mascarado pelas feições de um adolescente. E toda a comoção que ele provoca nos espectadores do filme é causada pelo choque que podemos visualizar entre os nossos sonhos e o que fizemos de nossas ''vidas''. Ali está alguém que VIVEU de verdade, que ousou sair atrás dos seus sonhos, que pagou o preço desta busca. Isto choca. Comove. Surpreende. Saímos outros deste filme como se, por breves instantes, pudéssemos novamente avaliar o caminho que escolhemos, e nos víssemos diante de uma ALTERNATIVA. A auto-reflexão não é costume dos seres deste mundo, muito mais preocupados em ''fazer'' coisas. ''Na natureza selvagem'' é um filme que faz PENSAR. E PENSAR DÓI...
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