terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Atletiba
Desta vez não estava chovendo quando cheguei a Curitiba. Mas no dia seguinte caiu um temporal pela manhã, e eu tive de comprar mais um guarda-chuva( mais um para a minha coleção de guarda-chuvas comprados lá...). Não dá mais para defender a rodovia Régis Bittencourt, que vai de São Paulo para lá: está em petição de miséria, cheia de buracos, e carros, ônibus e caminhões tem de se desviar o tempo inteiro das crateras, quando dá. Não está em estado diferente ao das rodovias de Minas Gerais, as piores do país. Sábado foi dia de passear e assistir filmes. Vi dois, inclusive o último do Will Smith- ''Eu sou a lenda''- que, por si, daria uma crônica. E tinha a atriz Alice Braga, minha musa, que, por si, daria OUTRA crônica...Mas, voltemos ao jogo...No domingo o dia amanheceu frio e chuvoso, ''típico do verão''. Frio para quem acha, por sinal, pois não acho fria uma temperatura de cerca de 16 ou 17 graus- 13 em um relógio de rua. Sequer cheguei a levar um casaco ou qualquer outra roupa de frio. Os locais, em especial as mulheres, usavam algumas roupas do gênero. Depois de passear pela manhã, e almoçar pizza, na Pizza Hut próxima ao Shopping Crystal, meu ''point'' quando vou a esta cidade, fui andando para o estádio do Coritiba- o Alto da Glória ou Couto Pereira. Como diz o nome, fica em um lugar um pouco mais elevado que a cidade em geral- que é plana. Já havia feito o percurso outra vez, por isto não tive dificuldades em chegar. Levei cerca de 50 minutos, a pé, do hotel onde me instalei ao estádio. Primeiro caminhando em linha reta, e depois subindo uma rua próxima ao campo. Não usei nenhuma peça vermelha ou verde, para não me envolver em possíveis brigas dos torcedores locais. Mas o Coritiba estava mandando o jogo, e reserveu meros 2500 ingressos para a torcida do Atlético-PR, que ficou atrás de um dos gols, isolada, no que corresponde a metade da área atrás do gol. A do Coritiba, em especial a Império Alviverde- mais ruidosa, que dava para ouvir de longe, lembrava a torcida Independente do São Paulo- se concentrou atrás do outro gol( torcedor sofre neste estádio, ficando com os piores lugares...). No meio estavam outros torcedores do Coritiba, uns na parte central, a chamada ''social'', cujo ingresso custa ''meros'' 100 reais(!), e outros- como eu, nas cadeiras Mauá, simples, que ficam no nível do solo. O estádio Couto Pereira tem capacidade supostamente para 50 mil torcedores, mas lotou ano passado na série B com meros 35 mil...Atrás dos dois gols ele é como o Morumbi, tem 3 anéis. Na área das cadeiras sociais, tem 2, e no setor das cadeiras Mauá está incompleto, apenas com dois anéis, um tem umas arquibancadas sobre as cadeiras Mauá, e é projeto da diretoria do Clube completar esta área com mais um anel ( proposta arriscada , quando um ex-presidente do próprio Coritiba propôs demolir o estádio para construir outro- junto com empresários- para mandar jogos na Copa de 2014). O campo é bem mais desconfortável que a Arena da Baixada, do Atlético-PR, mas é o mais tradicional, sede de muitos outros Atletibas como o de domingo...Enquanto o Coritiba fica no ''Alto'' da Glória, os atleticanos se situam na ''Baixada''- em outro bairro de classe média, mas em uma área mais baixa que a cidade em geral: mas não tão baixa quanto algumas áreas de São Paulo, que tem ladeiras para ninguém botar defeito...Do meu hotel para a Arena da Baixada leva-se de 15 a 20 minutos, andando, e ela fica perto de 2 shoppings: Curitiba e Crystal. Pois bem, voltando ao jogo, no início a torcida do Coritiba abafava os gritos dos torcedores atleticanos, em minoria, que foram inclusive proibidos de levar instrumentos de percussão...Depois, á medida em que o Coritiba foi perdendo gols, e foram muitos, os torcedores do meio foram se calando, e só se ouvia os atleticanos- muito animados- e os torcedores da Império Alviverde, do outro lado. O jogo lembrou o São Paulo X Corínthians do Brasileirão do ano passado, de fatídico resultado( os corinthianos venceram por 1 X 0, com gol de Betão no final). No início, o Atlético foi para cima. Logo, os ''coxas-brancas'' se impuseram em seu próprio estádio, e foram perdendo gols. Não que as chances de gol fossem muitas: era um clássico, muito disputado, com muitas divididas pelo meio-de-campo. O MINEIRO Ney Franco utilizou uma velha estratégia: atribuiu o favoritismo aos adversários, e montou um FERROLHO pelo meio e pelas laterais. Os ''coxas'' foram com tudo para o ataque, mas esbarravam na retranca atleticana e na inoperância dos seus próprios atacantes. A torcida foi ficando cada vez mais impaciente e, como a do São Paulo no ano passado, foi se calando, dando gás para os oponentes em minoria. Nos contra-ataques o Atlético se mostrava mais perigoso, dando trabalho ao goleirão Édson Bastos do Coritiba. Enfim, aos 20 do segundo tempo, em um lance inspirado do colombiano Ferreira, o Atlético fez o seu gol, levando a pequena torcida à loucura, com fogos vermelhos e tudo. E eles provocavam os rivais, gritando ''Ei, coxa, vai tomar no...''. Após o gol o Coritiba, de Dorival Júnior, foi ainda mais para o ataque, perdendo ainda mais alguns gols. De vez em quando os torcedores mais próximos ainda se animavam- um chegou inclusive a dizer que seria ''de virada''- mas no final o Atlético, em mais um contra-ataque, bateu o prego final no caixão do Coritiba fazendo 2 X 0. Neste momento vários torcedores alvi-verdes tentaram sair do estádio, e se depararam com os portões fechados. Esperamos, por estratégia da PM, 15 minutos após o final do jogo, para dar tempo de os atleticanos irem embora, evitando maiores conflitos. Eu deixei de pegar táxi nos arredores do estádio pois o trânsito não andava. Depois, ao caminhar por uma das ruas próximas, vi alguns torcedores da Império Alviverde correndo e gritando palavras de ordem, seguidos por policiais. Segui na direção oposta e, ME PERDI. Fiquei andando às cegas, e de noite, por várias ruas, sem saber mais em que direção ficava o centro da cidade. Ao redor ouvia sirenes, buzinas, sinais de um possível conflito entre torcedores. Até que, após meia-hora de caminhada, achei um táxi e me mandei de volta para o hotel para assistir o ''Troca de Passes'' do Sportv. Um pouco de improviso na ''Cidade Modelo'', mas acabei resolvendo tudo, ao final. Minha experiência de ''torcer'' pelo Coritiba não foi bem sucedida, mas ''o primeiro Atletiba a gente não esquece jamais''...
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