sexta-feira, 25 de maio de 2012

Almoço em Buenos Aires: restaurante ''Olsen''...

Tomamos conhecimento deste restaurante ''Olsen''( Gorriti, 5870- Palermo)por meio do guia ''Lonely Planet'' da cidade de Buenos Aires.
O fato de ser classificado como cozinha ''escandinava'' chamou de imediato a nossa atenção- além das fotos deste belíssimo jardim externo( que também abriga mesas).
Contrariando nossa prática de viajante- que inclui, no máximo, uma visita a cada restaurante, para conhecer o maior número possível de estabelecimentos- estivemos DUAS VEZES neste ''Olsen''. O que prova, indubitavelmente, o quanto ele nos agradou...
O cardápio era distinto nas duas vezes. À noite, nos agradaram os pescados. De dia, uma das opções- bastante recomendável em um país como a Argentina, famoso por suas carnes- incluía um ''lomo'' com ensalada.
Antes, uma agradável passada por uma tábua com ''canapés nórdicos'' como entrada...
Finalizamos com uma torta de chocolate com creme de leite.
O preço de uma refeição para duas pessoas, com uma garrafa de legítimo vinho ''nacional''( argentino, claro), ficou na casa dos $465,00( quatrocentos e sessenta e cinco pesos). O que à época, antes da disparada do dólar aqui e no país vizinho, representava mais ou menos uns R$ 200, 00( duzentos reais, um preço cada vez mais difícil de encontrar, por exemplo, em São Paulo...).
Com uma equipe de atendentes jovem e dinâmica, a impressão final que ficou é a de que o ''Olsen'', definitivamente, é um dos ''must go''( lugares de visitação obrigatória)da gastronomia portenha neste momento.
A grande clientela- que na tarde de sábado chegou a ocupar até mesmo as mesas do jardim( normalmente utilizadas para espera)- é um significativo comprovante disto...
Alcnol.
PS: Se você tiver um tempinho disponível, dispense o táxi e caminhe alguns passos até a Plaza Cortázar no coração de Palermo Viejo. É o que faremos a seguir...

Feira do Livro de Buenos Aires( fim da primeira parte)...

Por que tanta empolgação?, alguém haveria de perguntar.
Afinal, trata-se ''apenas'' de uma Feira do Livro. E nada mais...
A estrutura das Feiras do Livro, onde quer que sejam realizadas, é realmente bastante parecida. Estandes, debates com escritores, etc.
O GRANDE DIFERENCIAL aqui é a PAIXÃO, o ENVOLVIMENTO demonstrado por aqueles que, ao final, são os que realmente contribuem para o sucesso de qualquer empreitada deste tipo: os leitores...
A Argentina foi, e continua a ser, um país de leitores. Cheio de boas livrarias.
Se os prédios antigos de Buenos Aires, esta ''Paris Tropical, não o cativarem, quem sabe alguns milhares de livros possam fazê-lo...
As fotos deste post mostram não só as dependências da Feira do Livro como algumas concorridas salas de debate localizadas no primeiro piso.
A seguir, ''voltaremos'' para a cidade que abrigou por estes dias a Feira. Mas não fique triste: tem mais Feira do Livro de Buenos Aires nesta série de posts...
''Volveremos''...
Alcnol.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A importância desta Feira do Livro de Buenos Aires

Esta Feira do Livro de Buenos Aires tem História, e que História...
São 38 anos sucessivos de realização.
Por estes corredores, já passaram nomes como Cortázar e Jorge Luís Borges.
Nos anos da última ditadura argentina, os militares davam uma ''passadinha'' no dia anterior ao da abertura da Feira para tirar as obras ''indesejáveis''...
Significativo isto: nem os militares argentinos, que mataram mais de 20 mil pessoas durante a ditadura( 1976/1982), tiveram coragem de acabar com esta Feira do Livro de Buenos Aires...
A Cultura tem este efeito: ela sobrevive aos desastres provocados no terreno político/econômico...
Só a Cultura é eterna, sobrevivendo aos Césares e Napoleões...
Não tenhamos uma visão meramente utilitária da mesma: ela não nos impede de cometer erros, até mesmo os maiores equívocos.
Trataremos da situação  argentina em outros posts.
Um apressado há de perguntar: ''OK. Eles adoram ler. Isto não os impede de ter os dirigentes políticos que conduziram, e ainda conduzem, o país à difícil situação de hoje. De que serve esta  Cultura toda?''.
Lamentavelmente, os destinos de uma nação- e isto inclui a nossa- são decididos em lugares bem distantes das dependências destes eventos culturais...
Mesmo que se pudesse ouvir os dentes rangendo, e os palavrões que são proferidos nos cafés e nas livrarias da Recoleta e de Palermo quando se fala no atual Governo Argentino, além dos artigos mais críticos que preenchem as folhas dos jornais e revistas, as pessoas que verdadeiramente decidem os destinos de um país latino-americano hoje em dia- as ''massas'' tão aduladas por Governos Totalitários de ''direita'' ou de ''esquerda''- permanecem intocadas e indiferentes a toda esta Maratona Cultural...
Sim, no país que apresenta proporcionalmente o maior número de leitores, o número de não-leitores ainda é bem maior...
Não digo isto para desanimar, e sim para enfatizar o quanto ainda pode ser feito neste terreno...
No nosso mundo tão complexo, Cultura e Barbárie sempre conviveram aos trancos e barrancos.
Barbárie simbolizada não por aqueles que não tem acesso à Cultura, entendendo-se isto como uma limitação passageira/transitória, e sim por aqueles que, muitas vezes oriundos de uma condição social mais privilegiada, nutrem uma desconfiança permanente por todos aqueles sinais de Cultura( jornalistas, escritores, artistas)que, exatamente por isto, mostram-se incapazes de aceitar quaisquer tentativas de implantar um Pensamento Único.
A Cultura tem memória.
Exatamente por isto é tão incômoda para aqueles que, buscando (re)implantar modelos viciados e fracassados no passado, desejam eliminar quaisquer focos de lembrança ou resistência...
Alcnol.

A ''verdadeira'' Feira do Livro de Buenos Aires, enfim...

''Mesmo quando parece que não resta coisa alguma, sempre resta a Cultura''.
Esta frase, em termos aproximados, eu a li nos últimos tempos. Infelizmente, não anotei quem a proferiu...
De qualquer forma, ela se aplica à perfeição no caso desta Feira do Livro de Buenos Aires- realizada em um ano de crise e muitas dificuldades no mundo inteiro, e também no país vizinho...
O que sobraria da Argentina sem a Cultura? Talvez só a lembrança dos intermináveis ''massacres'' que ocorreram na história daquele país, ou as brigas entre gangues rivais de ''barra-bravas'' nos arredores dos estádios de futebol...
Felizmente, há a Cultura...
Assim como o Amor, a Cultura faz com que queiramos ser melhores do que somos. Afinal, o amor à cultura, aos livros, não passa de um derivado do Amor maior( como gênero)...
Nesta Feira do Livro de Buenos Aires- um pavilhão repleto de estandes de editoras e, sobretudo, muitas estórias- não falta o que amar...
Um grande abismo separa-nos dos ''hermanos'' no que diz respeito à Cultura: a Feira do Livro de Buenos Aires é muito mais do que um simples evento anual. Diríamos que ela é um Acontecimento...
Além da ampla cobertura nos jornais, ela é acompanhada de debates e referências nos canais de televisão e nas rádios...
Esta é a Feira ideal: a Feira de um país que, ainda hoje, é apaixonado por livros, pela leitura...
Exatamente por isto, ela não pode ser comparada a todas as outras que havia visto até hoje...
Todas as dúvidas que eu tive antes desta viagem, quando era necessário escolher entre as Feiras do Livro de Buenos Aires e a de Bogotá- realizadas na mesma época(confesso que, pela situação político/econômica dos dois países, eu optaria pela Colômbia...)- se dissiparam quando entrei, finalmente, no pavilhão ''correto'' da Feira do Livro...
Não havia, neste momento, nenhum outro lugar no Planeta Terra onde eu quisesse estar agora...
Como um peixe quando volta á água, este gigantesco Evento Literário deu a este humilde leitor a sensação de estar ''voltando para casa''. Uma ''casa'', digamos, a duas horas e meia de voo da ''casa real''( em Curitiba)...
Este é um efeito real da Cultura: ela nos transporta a lugares distantes e outras épocas onde nunca estivemos presentes ''fisicamente''...
No decorrer desta  série de posts sobre Buenos Aires mostraremos outros lugares. Ruas, praças, restaurantes. Mentalmente, porém, nunca deixarei as dependências desta inesquecível Feira do Livro...
Alcnol.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Passado o susto inicial, prosseguimos em busca da ''verdadeira'' Feira do Livro...

Caso eu houvesse visto um mapa da Feira do Livro, teria percebido que há vários pavilhões. Cada um com uma cor diferente: vermelho, amarelo, verde, etc.
E isto teria reduzido um pouco o susto inicial, ao passar por um pavilhão que tinha tudo menos...livros...
Naturalmente, eles colocaram o melhor no final- bem longe da entrada...
Mas eu enfrentei um voo de quase 3 horas para chegar ali, e não iria desistir por pouca coisa...
Há uma tese interessante para usar quando estamos ''perdidos''( ou quase, como no exemplo acima): ''siga o fluxo''. Haveria algo similar em inglês? ''Follow the flow''?
Isto significa que, ao buscarmos o lugar que estamos procurando( quando se trata de um restaurante, para dar um exemplo), devemos experimentar seguir uma multidão para ver no que isto vai dar...
Os adeptos desta estranha tese advogam que dificilmente um bom restaurante estará vazio...
''A multidão sabe o que está fazendo'', eles completam. ''As boas coisas se divulgam pelo boca-a-boca...''
Claro que há coisas de péssima qualidade que são populares, inclusive na área gastronômica, mas esta discussão interminável daria material para vários posts...
Aqui havia dois ''fluxos'': um saindo das dependências da Feira do Livro- formado pelas pessoas que já viram o que estamos buscando- e outro entrando na Feira.
Se ainda não encontramos o que buscávamos, basta seguir este último fluxo para ver o que vai acontecer...
O que temos a perder?
Nada...
Espero que você também não desista diante desta introdução interminável, pois já adianto que encontraremos enfim o que estávamos buscando ao final deste trajeto que parecia ''interminável'' pelas  dependências da Sociedade Rural Argentina, em Buenos Aires...
A seguir, a ''verdadeira'' Feira do Livro de Buenos Aires...
Alcnol.