quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Mundo é Perfeito ( uma pequena provocação...)

O autor é antigo. Wallace D. Wattles. Os livros, vários foram publicados pela Editora Pensamento, no início do século XX. O título original, em inglês, provavelmente não deve ter nada a ver com a tradução brasileira: ''A Ciência por trás do Segredo''. O que nos importa aqui são as idéias, polêmicas, que ele advoga. Entre as quais a de que o mundo em que vivemos JÁ é perfeito. Passemos ao texto: ''(...)Esta é a verdade do mundo atualmente. Física, social e industrialmente tudo está bem e tudo está perfeito. 'Tudo está perfeito no mundo'. Este é um fato importante. Não há nada de errado com nada; não há nada de errado com ninguém. É a partir deste ponto de vista que você deve contemplar todos os fatos da vida(...)Tudo isso não o impede de trabalhar por coisas melhores. Você pode trabalhar para completar uma sociedade inacabada, ao invés de renová-la, trabalhando de todo coração e com o espírito mais esperançoso. FARÁ UMA ENORME DIFERENÇA A MANEIRA COM QUE VOCÊ OLHA PARA A CIVILIZAÇÃO( nosso grifo): como algo muito bom que se torna cada vez melhor, ou como algo ruim que decai. Enquanto um ponto de vista pode lhe dar uma mente avançada e em expansão, outro lhe dá uma mente decrescente e retrógrada. Um ponto de vista o fará engrandecer, e o outro inevitavelmente o fará cada vez menor. Um o tornará apto para trabalhar por coisas eternas, para grandes ações, de forma grandiosa á fim de concluir tudo o que está incompleto e sem harmonia; e outro o fará um eterno remendador de retalhos, trabalhando sem a esperança de salvar algumas poucas almas perdidas do que VOCÊ (nosso grifo)considerará um mundo sem solução e condenado. Dessa forma, você pode ver que a questão do ponto de vista social faz uma grande diferença. 'Tudo está certo com o mundo. Nada pode estar errado a não ser minha atitude pessoal, e eu farei da maneira certa. Eu verei os fatos da natureza e todos seus acontecimentos, circunstãncias e condições da sociedade, política, governo e indústria sob um ponto de vista mais elevado. Tudo está perfeito, embora incompleto. Tudo é obra de Deus. Observe, tudo está muito bem''(p.27/29). Já posso sentir os olhares duvidosos ou ouvir os urros de indignação. Isto vai de encontro a TUDO o que nós já temos lido ou ouvido nesta vida. Porém faz sentido, se o interpretarmos em um contexto maior. Uma questão: o que é REAL? Vocês diriam que reais são as contas que se avolumam sobre nossas mesas neste instante, real é a fumaça emitida por milhares de automóveis em movimento na nossa cidade neste instante, real é a minha sogra, meu marido, minha esposa, meus filhos, meu patrão, minha empregada, o cachorro, o cachorro do vizinho que late sem parar a noite inteira...A isto, eu replicaria com uma outra pergunta: se há algo ''real'' neste mundo, por que nós nunca chegamos a um consenso sobre qualquer assunto- seja ele o tempo, futebol, política, religião, etc, etc,etc...Somos, na realidade, 6 bilhões de blogs em potencial, porque não há uma pessoa igual a outra neste mundo. ''Cada cabeça uma sentença'', diz o ditado popular. TUDO É INTERPRETAÇÃO, INTERPRETÁVEL, e cada um vê as coisas como quiser. Sendo assim, o que é real? O mundo ao nosso redor é perfeito, harmônico, dirigido por leis. O sol nasce todas as manhãs e se põe à noite. Os passarinhos estão cantando. As árvores estão captando gás carbônico e emitindo oxigênio, para o nosso bem-estar. Nas cidades praianas as ondas continuam chegando ininterruptamente à costa- para alegria dos surfistas...A natureza é perfeita, não? Porém, do lado humano, as queixas são constantes- como se vivêssemos em um inferno. Nossa vida atual é MELHOR do que a dos homens das cavernas, e a das pessoas na Idade Média. Porém temos meios de comunicação que repercutem tudo o que está acontecendo- em geral de ruim- mundo afora, a todo instante. E, por causa disto, as coisas NOS PARECEM ruins. Isto é real? O que NOS PARECE, o que ACHAMOS é real? Se fosse, por que as nossas opiniões não são compartilhadas por todo mundo? Eu ADORO ler jornais. Tanto que corro para as bancas no sábado à noite para ler, na véspera, os jornais de domingo. Leio jornais todos os dias,e jornais de diversos estados: Folha, Estadão, O Globo( às quintas, sábado e domingo), Gazeta do Povo( aos domingos, segunda- por causa do caderno esportivo do fim-de-semana, e terças- pelas crônicas do Miguel Sanchez Neto e do Cristovão Tezza), e eventualmente Diário Catarinense, Correio Braziliense, Gazeta Mercantil, entre outros. E posso afirmar com certeza: por melhores que sejam estes periódicos, que cumprem bem o seu papel de fiscalizar as ações do Poder Público e apontar o que está errado nas suas localidades e no país, NENHUM deles pode dar a alguém que os leia à distância senão uma MÍNIMA IDÉIA do prazer que se sente ao visitar as cidades de onde eles são impressos. Eles não substituem o prazer que eu sinto ao caminhar pelo calçadão da Praia de Ipanema. não substituem o prazer que sinto ao contemplar a nossa Avenida Paulista( cartão postal da cidade, com suas inúmeras atrações), não substituem o prazer que sinto ao chegar a Curitiba e fazer questão de caminhar pela Praça Osorio a caminho da rua XV de Novembro, não substituem o prazer que sinto ao caminhar pelas históricas, estreitas e movimentadíssimas ruas do centro de Florianópolis. Isto porque os jornais retratam uma determinada realidade, apenas uma entre tantas. E mesmo esta ''realidade'' dita ''objetiva'' comporta inúmeras interpretações. A minha cabeça continua ''vendo'' o que listei de modo incompleto acima- e o que ''vejo'' com os olhos da minha mente continua excelente, belíssimo, perfeito, tal como eu vi estas coisas todas pela primeira vez. Isto também não é real? Seria tudo imaginário, mera invenção deste escriba? Claro que nem todas as pessoas vêem beleza na Avenida Paulista...Ou na rua XV de novembro...O que eu queria dizer, em síntese, é que há dois planos. O do mundo objetivo- do céu, do tempo, do mar, dos rios, das árvores, dos animais- e o do mundo subjetivo. E que nós podemos, e costumamos faze-lo aliás freqüentemente, ESCOLHER o modo como enxergamos as coisas, o que pinçamos aqui e ali em toda a complexidade e riqueza do mundo. Este blog escolhe seguir, de modo predominante, o caminho traçado pelas belas palavras do autor mencionado neste texto- Wallace D.Wattles. Escolhemos de modo consciente buscar o bom, o belo, o justo( está bom: o que NOS PARECE SER tudo isto...). Temos o poder de escolha. Escolhemos mostrar aqui isto. Isto nos parece TÃO REAL QUANTO os demais assuntos abordados nos demais blogs. Ou não é real? Neste caso, podem me internar...O Wallace não, este já ''morreu''...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Driblando propagandas disfarçadas

Na primeira mensagem que recebi, sob a forma de comentário, meu ego envaidecido impediu-me de achar que era um ''spam''. Afinal, parecia que o cara- escrevendo em inglês- estava apenas cumprimentando-me pelo blog e, ''inocentemente'', fazia uma breve menção ao seu próprio blog...de venda de webcams! Porém, em poucos dias acabo de receber uma OUTRA mensagem de cunho parecido. Seu site é ''very interesting''. O meu site é sobre slides para blogs. Uma coisa em comum em relação aos autores destas mensagens é a idéia de que, sutilmente, faltaria a este blog um elemento visual de maior destaque. Sobre isto, inclusive já nos pronunciamos em outra postagem. O visual, exceto pelas cores chamativas e alternadas, é RETRÔ sim. E propositadamente. A idéia deste blog é justamente a de chamar atenção pela ( virtual ) qualidade de seus textos. Ou são bons, e dispensam as fotos ''bonitinhas'' de bebês, gatos, cachorrinhos, viagens, tudo o que recebe grande destaque em outros blogs, ou não são bons. Neste último caso, as imagens de webcams ou slides não fariam a menor diferença. Isto é ser reacionário, antiquado? Não nego a possibilidade- futura e incerta- de adquirir um celular e, caso aprenda a fazer isto, transferir fotos para ilustrar os ''posts'' relacionados. Fotos de minhas caminhadas por São Paulo, Curitiba, etc. Mas que fique bem claro que, neste espaço, fotos e imagens serão SEMPRE consideradas SECUNDÁRIAS. É isto mesmo que você leu. Este blog é um pequeno espaço de resistência a este mundo de imagens, todas muito belas e com aparência de verdadeiras, que nos cerca por todos os lados, e cada vez mais. Pretendo, aqui, discutir principalmente idéias, conceitos, falar de livros e, eventualmente de algum filme/ programa de TV predileto. Os textos são, pela prolixidade de seu autor, todos ''longos demais'' para os padrões da atualidade. Mas, permitam-me esta ingenuidade por favor, este que aqui escreve é um CRENTE da palavra. Do poder das palavras de encantar e, por que não, eventualmente alterarem uma determinada realidade. O site não tem tema certo. Discute tudo. Mas uma coisa aqui é primordial, e a ela dedico todos os meus esforços: a palavra- e todas as suas expressões em livros ou em artigos de jornal- MANDA, COMANDA. A palavra é coisa do ''passado'', pensam alguns. Mas só teremos um futuro digno de ser vivido com prazer se neste ''mundo novo'' houver lugar para a palavra. A palavra, por si mesma, é tudo. O mesmo não podem dizer automóveis, TV's de plasma, Ipod's, webcams, celulares e outros ''brinquedinhos'' que, de modo crescente, roubam cada vez mais a atenção da maior parte das pessoas...A PALAVRA é o meu Deus, terreno...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

''Os caras'',''o cara'', ''cadê o cara?''

Eu peguei resquícios do tempo dos ''caras''. Naquela época, bastava ao treinador reunir a equipe e dar breves instruções. Como artesões da bola, o papel principal cabia aos ''caras''. Pelé era O ''cara'', o maior entre os grandes. Mas que orientação precisava ser dada a Tostão, Paulo César, Rivelino, Gérson? ''Os caras'' sabiam o que estavam fazendo. Debatiam de igual para igual com os treinadores. Davam sugestões, ou aplicavam diretamente as melhores táticas para desnortear os adversários. Foi este futebol que encantou o mundo, dando-nos 3 títulos mundiais. Romário foi ''o cara''. ''O cara'' não tinha papas na língua. Sabia que era o melhor, e chamava a responsabilidade para si. Comprava muitas polêmicas. Chamamos o baixinho de ''o cara'', pois a era ''dos caras'' já havia terminado com a eliminação do time de Telê Santana, uma das melhores seleções brasileiras de todos os tempos, pela Itália, na Copa de 1982...''O cara'' foi convocado a contragosto pelos ''professores'' ( sim, aqui já havia a figura nefasta do ''professor''- melhor até mesmo chamar de ''Professor Pardal'', pelas trapalhadas cometidas por estas figuras ). O ''professor'', ou melhor, ''os professores'' ( Zagallo e Parreira )não queriam convocar ''o cara''. Achavam-no muito independente e desbocado. A nação pediu, exigiu. E ''o cara'' foi chamado para um jogo nas eliminatórias contra o Uruguai, no Maracanã, em 1993. ''O cara'' arrebentou. Deu a vitória para o Brasil, marcando dois gols. Convocado novamente para a Copa de 94, nos deu aquele título com o seu brilhante futebol. Ronaldo Fenômeno começou também como ''o cara''. Mas atenção: não há ''meio cara''. Ou o ''cara'' é ''o cara'', ou não é o cara. Ronaldo deixou de ser ''o cara'' há muito tempo...Hoje, com a ascensão dos ''professores'', não temos sequer ''o cara''. Não temos mais ''caras''. Todos são bons moços, e se escondem atrás da autoridade do ''professor''. Se o ''professor'' enxerga o que está acontecendo, mérito do ''professor''. Se não vê, estes caras ( sem aspas mesmo) que estão jogando atualmente no Brasil e no exterior também não vêem nada. Eles são anulados, ou se anulam voluntariamente. Resultado: o ''professor'' é uma figura em ascensão, ganha tanto quanto os caras. ''Os caras'' sumiram há muito tempo. ''O cara'' é uma figura em extinção. Quem seria candidato a ser ''o cara'' hoje? Quem foi ''o cara'' na última Copa, para enfrentar o último ''cara'' francês- Zidane- que decidiu sózinho aquele jogo? Cacá? Ronaldinho Gaúcho? Com o fim ''dos caras'', e ''do cara'', os jogos comandados pelos ''professores'' estão cada vez mais tediosos. Os times estão nivelados por baixo. Este ano, qual é o time que está arrebentando? Parece que o futebol do Atlético Paranaense acabou ao superar a série invicta do ''Furacão'' de 49. O São Paulo não soube repor jogadores, e agora conta com a eventual inspiração de Adriano- que, por não decidir as partidas mais importantes não pode ser chamado de ''cara''. Valdívia é instável demais para ser ''o cara''. E é chileno, não pode ser convocado para a nossa seleção...Os times do Rio se alternam de tal modo que não pode ser feita sequer uma previsão para o segundo semestre deste ano. Não há grandes equipes, Romário- o último ''cara''- se aposentou, de modo que os torcedores brasileiros se perguntam neste momento: ''cadê o cara?''. Lamento informar que ''os caras'', digo, ''o cara'' acabou...Ficamos, lamentavelmente, com ''o professor''...

sábado, 26 de abril de 2008

Rivalidades...

Quando mudei para São Paulo, por incrível que pareça, o Palmeiras não era visto por mim como um adversário sério. Isto até há bem pouco tempo. Porque, nos últimos 10 anos, os alviverdes tornaram-se ''fregueses de carteirinha'' do São Paulo Futebol Clube. É aquela estória: ninguém gosta de ''chutar cachorro morto''. Só os FORTES despertam antagonismo, inveja...A cidade era vista, a meu ver, claro, como dividida em dois: de um lado o São Paulo, e do outro o Corínthians. Em outros estados é fácil conceber algo do gênero. Mesmo com 3 clubes, Curitiba tem no Atletiba o seu grande clássico- aquele que faz com que se acendam faíscas...Este ano já tive oportunidade de assistir um, no estádio Couto Pereira- do Coritiba- e sei do que estou falando...A torcida adversária/visitante fica em um ''chiqueirinho'' especial, isolada dos demais torcedores. Há uma verdadeira ''operação de guerra'' para conduzir os torcedores ao estádio, e para retirá-los em segurança também. Em minha crônica neste blog, descrevi como no último Atletiba a Polícia chegou a reter os torcedores do Coritiba por cerca de 10 minutos, para retirar os atleticanos com segurança...Porto Alegre tem no Grenal o choque de duas nações. Nunca assisti um, mas os colorados comemoraram a derrota do Grêmio para o Boca Juniors por 3X0 na última final da Libertadores. Isto explica tudo. Mesmo com a hegemonia do Figueirense, o clássico Figueirense X Avaí continua a mobilizar os moradores de Florianópolis. As famílias se dividem por conta disto. Há mesmo um preconceito de classe nesta estória: os torcedores do Avaí seriam mais populares, e os do Figueira mais de classe média. No Rio de Janeiro, com 4 clubes, a estória é outra. Ora se enfrentam Flamengo X Vasco, Flamengo X Fluminense e, nos últimos anos, a grande rivalidade passou a ser Flamengo X Botafogo. As provocações se sucedem, e aumentam de tom a cada véspera do clássico. Os perdedores são chamados de ''chorões''...Em São Paulo é a mesma coisa. O Palmeiras, mesmo fraco, chegou a tirar o Corínthians de duas Libertadores. Por isto, este clássico nunca perdeu a sua importância. Mas foi só este ano, com o investimento de 20 milhões de reais e a contratação do técnico Vanderlei Luxemburgo, que o Palmeiras passou a fazer frente aos rivais do Morumbi. Mandando o clássico em Ribeirão Preto, e graças à inédita marcação seguida de TRÊS pênaltis, venceu o primeiro jogo por 4 x 1. Isto já deixou os são-paulinos com a antena ligada...Mas no último jogo, no Parque Antártica, o Palmeiras mostrou que está disposto a TUDO para vencer. Gás de pimenta, ''apagões'' misteriosos no final da partida, pressão sobre a arbitragem. Time por time, o Palmeiras era superior. Não precisava ter feito nada disto. Mas o fato é que usaram todas as armas. O torcedor são-paulino passou a ODIAR estes rivais ressurgidos. E o próximo São Paulo X Palmeiras, no Brasileirão, será certamente uma partida com a adrenalina ''a mil''. Isto não deixa de ser bom para o futebol paulista. Em compensação, o Corínthians disputará este ano a série B do Brasileirão, e comporta-se cada vez mais como um time pequeno( seus torcedores ''comemoraram'' o empate com o São Paulo no Paulistão/2008, aquele em que o juiz anulou injustamente um golaço do ''Imperador'' Adriano. Para encerrar, a maior torcida paulista no momento é a da Ponte Preta- engrossada, no momento, por milhões de santistas, corintianos e são-paulinos...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Medidores de Audiência...Por que tê-los...

Os mais observadores já devem ter percebido que, no momento, este blog tem 2 medidores- uma vez que ainda não consegui desativar o menos eficiente deles...O número impressiona: cerca de 70 acessos até agora. Mas vamos esclarecer. Atribua-se à minha própria pessoa cerca de 60 destes acessos. Não é difícil calcular: eu posto cerca de 3 a 4 textos por dia. Cada um destes acessos conta como um número...O importante aqui não é ter um número inchado artificialmente. Não ganho por isto. Mas sabemos o perigo que representam estas medições: vários golpes já foram perpretados com isto. O site recebe por acessos. Eles inflam artificialmente os números... Alguém sai perdendo nesta estória, claro que quem pagou- ou ''engoliu gato por lebre''. Aqui não tem nada disto. Mesmo considerando-se que, provavelmente, o número de acessos de outras pessoas ao blog tenha ficado em cerca de 10, o efeito disto é mais psicológico. Antes eu escrevia para mim mesmo, e para o meu umbigo. Não me passava pela cabeça a idéia de que estes toscos comentários se tornassem públicos. Hoje, bem ou mal, com o reloginho na cabeça eu começo a escrever para os intervalos. Explico: fecho o blog com um número na cabeça. ''50''. Ao acessar novamente, o lógico seria que estivesse marcando 51- uma boa idéia. Se estiver marcando 53, eu sei que outras duas pessoas estiveram aqui. Isto serve mais, embora pareça insignificante, como MOTIVADOR- uma vez que o blog tem se notabilizado até agora pela falta de comentários...Salvo os do amigo paraibano ''blogedups'' ( www.blogedups.blogspot.com)...Alguém passava por aqui, e depois me escrevia um email dizendo que tinha gostado dos textos. Mas, no blog mesmo, não havia sinal da passagem desta testemunha...Agora há um pequeno marcador. Ou melhor, dois marcadores por enquanto. As raras testemunhas agora deixam rastros, e eu me alimento disto para fazer outros textos. No mínimo este, sobre esta bobagem toda...Se, quando pensava escrever apenas para mim mesmo, produzi esta quantidade incrível de 109 textos, imaginem agora...Escrevo agora para meu próprio umbigo- não vou traí-lo- e para vocês( um ou dois, não importa), os ''intervalos''. Sejam bem-vindos! O circo não pode parar...

Interpretar, uma eterna brincadeira...

Claro que a respeitabilíssima profissão de ator não se resume a glórias. É constituída de muito trabalho árduo, requer muita habilidade. Mas a impressão que nos dá, também, é que interpretar é muito parecido com o que fazíamos quando éramos crianças: um eterno ''faz-de-conta''. Um dia brincávamos de ''mocinho'' e ''bandido''. No outro, de ''médico'' e ''enfermeira'' ( sem maiores detalhes, por favor! Estou apenas dando um exemplo...). No futebol, eu brincava de ser ''Pelé'', ''Zico'', ''Rivelino'', mas no fundo era apenas outro ''becão'' de várzea...A sensação que os grandes atores nos passam é que tudo aquilo não passa de uma brincadeira. Seres privilegiados estes , que podem ''brincar de faz-de-conta'' infinitas vezes vida afora. Podem ser vilões, mocinhos, ricos, pobres, interpretar toda a vasta malta de seres que compôem esta fugaz existência humana. Por tudo isto, por este ''faz-de-conta'' seguido- e captado por este escriba( me contradigam se estiver falando alguma grande besteira...)- temos a impressão de que os atores não envelhecem. Assisti recentemente uma peça de teatro aqui em São Paulo chamada ''O Homem Inesperado'', com Paulo Goulart e Nicette Bruno. Fala de uma viagem de trem, e das impressões interiores de um grande escritor e uma fã, que reluta em aproximar-se do ídolo. Os dois atores veteranos, casados na vida real, mostram ali não só o amor que tem um pelo outro. Mostram toda a paixão pelo que fazem. É grandioso mas também parece, a nós que estamos observando, uma grande brincadeira...Aqueles cenários de faz-de-conta, cada um dos dois relatando seus pensamentos para a platéia, que ri á vontade, e todos nós fingindo que acreditamos que os dois personagens não podem escutar os seus monólogos interiores ditos em voz alta...Brincalhões estes atores... Minha impressão pessoal sempre foi a de que o cinema, a TV, o teatro são formas de expressão ''inferiores'' á ''GRANDE ARTE'' que é a literatura. Peguemos por exemplo qualquer obra-prima literária, e sua versão cinematográfica será certamente bastante reduzida em comparação ao livro que a gerou. Isto porque o visual geralmente apela para o explícito, em detrimento da imaginação. Porém, isto não tira o mérito destes valorosos seres que escolheram ''brincar'' vida afora, ''fazendo de conta'' que são tantas pessoas. Nós, para falar a verdade, os invejamos...Eles não envelhecem, em comparação aos demais...O tempo parece congelado para estas criaturas...Eles mantém vida afora, até morrer, uma eterna expressão de travessura...Concluindo, o que nos pareceria inicialmente ''inferior'' á ''grande'' literatura, é na verdade, uma outra forma de expressão- que acaba alçando-se a uma altura semelhante ou mesmo maior, em determinados momentos, pelo talento dos maiores integrantes desta trupe de ''farsantes'' e ''brincalhões''...

Ainda Henry Miller...

Em uma outra postagem, eu citei o livro de Henry Miller ''Os livros da minha vida''. Porém, como as menções foram numerosas, e os trechos escolhidos de trás para frente da obra, diversos trechos interessantes foram suprimidos na ocasião. Motivo pelo qual estamos novamente abordando este assunto. Interessa-nos, especificamente, o que ele diz sobre a leitura. Ou melhor, do alerta que Henry Miller, um escritor, faz sobre o risco do ''excesso de leitura''. Vejamos: ''Dei-me conta de que vinte a trinta mil livros( uau! este comentário é nosso...)é uma média razoável para um indivíduo culto do nosso tempo. Quanto a mim, ainda que possa estar a incorrer em erro, duvido que tenha lido mais de cinco mil''( p. 148). Esta outra citação de Henry Miller, de uma frase de Miguel de Unamuno, se aplicaria perfeitamente à nossa atual verborragia veiculada pela Internet: ''Todos os dias, diz Miguel de Unamuno, acredito menos na questão social, na questão política, na questão moral, e em todas as questões que as pessoas inventaram para não terem de enfrentar resolutamente a única questão real que existe: a questão humana. Desde que não a enfrentemos, tudo o que nos limitamos a fazer é produzir um tal ruído que simplesmente não a podemos ouvir" (p.141). É, como vocês podem constatar eu estou retrocedendo. As páginas vão recuando: 148, 141...Nesta hora, o escriba amador que sou se transforma em mero ''catilógrafo''. Nosso único trabalho torna-se o de escolher, aqui e ali, os trechos mais marcantes da obra deste gênio, e reproduzí-los neste espaço. A maior frustração de qualquer aspirante a escritor é justamente esta, a de pensar: ''por que diabos eu não escrevi isto?''. Mesmo o gigante Henry Miller assume, por vezes, o papel menor de dar voz aos sábios que o precederam, ou foram seus contemporâneos. No fundo, há uma sensação de que, aqui, em todo este trabalho de reflexão desenvolvido séculos afora por escritores, filósofos, artistas, juristas, sábios espirituais, há um sentido maior de UNIDADE, de CONEXÃO. Está tudo INTERLIGADO, e nós podemos escolher interagir, por meio do pensamento, com quaisquer destas figuras todas. Mesmo que nosso papel se resuma a citar o que de melhor elas fizeram...A maior mensagem do livro de Henry Miller , a meu ver aquela que sintetiza toda a obra, é a que se segue: ''(...)Neste momento, um impulso irresistível leva-me a dar um conselho gratuito. É o seguinte: LEIAM O MENOS POSSÍVEL, MENOS QUE O POSSÍVEL! ( nosso grifo). É certo que invejei aqueles que se afogavam em livros. Também eu desejaria secretamente ler até o fim todos os livros que acalentei durante tanto tempo no meu espírito. Mas sei que não é importante. Estou agora consciente de que não precisava ter lido NEM UM DÉCIMO( nosso grifo)do que li. A coisa mais difícil na vida é aprendermos a fazer apenas aquilo que é extremamente vantajoso e vital para o nosso bem- estar''( p.26). Conselho difícil de seguir este...Mas o mestre está, mais uma vez, certo...Difícil também resistir à tentação de citar mais alguns trechos desta bela obra. Porém, o principal está aqui. A tarefa está concluída. O livro- ''Os livros da minha vida'', Henry Miller, Ed.Antígona- tem muito mais, é o que queríamos dizer como conclusão. Henry Miller tem também o mérito de me fazer despertar para a obra de Krishnamurti, mas isto é tema para um outro ''post''...O que Krishnamurti diz sobre ''o observador''...Me aguardem...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Processo Criativo

Este é o ''post'' de número 107. Algumas coisas interessantes ocorreram desde que comecei a publicar estas mensagens. Sempre gostei de conversas diretas, estilo ''pingue-pongue''. Alguém diz algo, e você rebate. Pessoas como meu pai- que falam como escrevem, e intercalam longos períodos com um ''pois bem''- requeriam uma certa adaptação de minha parte. Porém, no processo de criação deste blog, fui modificando o MEU próprio processo de criação e pensamento. Nas conversas comuns, que originaram já diversos textos aqui publicados, eu estou ficando mais ''prolixo'', ''filosófico''. Em suma, acho que estou me parecendo cada vez mais com aqueles que eu considerava ''chatos'' no passado. Pessoas incapazes de sintetizar grandes idéias em pequenas frases. O paradoxo é que a ''chatice'' de ontem me parece cada vez mais divertida...Isto porque o mundo ''real'' e o mundo da nossa imaginação tem ritmos diferentes. Na vida ''real'', há prazos. O tempo parece cada vez menor para tantas tarefas. A dita ''objetividade'' nos obriga a focar o pensamento apenas em algumas coisas, e esquecer todo o resto. Por isto, muitas vezes nos sentimos todos ''limitados'', ''presos'' em um mundo pequeno. O nosso mundo interior, o ''mundo criativo'' ( dos escritores, dos poetas, dos artistas em geral ), ao contrário, é infinito. Não é limitado por noções de tempo, de ''passado'' ou ''futuro''. Ao revés, nas nossas memórias o ''passado'' parece cada vez mais perto. Conheço idosos que não lembram fatos do cotidiano. Mas os acontecimentos da juventude tem um brilho, uma ''realidade'', um frescor, como se estivessem ''acontecendo'' neste momento. E a criação do blog me afetou no sentido de que fui me tornando cada vez mais um ''observador'' ( não percam o blog de mesmo título no endereço www.blogedups.blogspot.com ). Um observador consciente. De uma realidade riquíssima, e muito complexa por sinal, pinço diversos fatos aqui e ali e, na minha cabeça, vou estabelecendo conexões. Isto é excelente, por sinal, para a memória. Fizeram uma pesquisa segundo a qual diversas freiras de um mosteiro que escreviam DIÁRIOS eram menos propensas a sofrer do mal de Alzheimer...Enfim, vamos treinando a nossa mente na arte da Observação, como se estivéssemos diante de um grande Quebra-Cabeças Cósmico, do qual nós possuiríamos a solução..Só que, ao contrário dos quebra-cabeças normais, seria mais apropriado falar em SOLUÇÕES...Infinitas soluções...A observação consciente, e cotidiana, se junta a um processo de criação que eu chamaria de ''mediúnico''. As palavrinhas vão se juntando na minha cabeça, e eu vou colocando-as na ''folha de papel'' ( tá bom, na tela do computador! ). Estes textos todos que foram se juntando aleatoriamente neste blog eu costumo criar em cerca de 10 a 15 minutos cada, sem interrupções. Saem em um jorro...Muitas vezes sequer os reviso, quando são longos demais para isto...Só depois de publicados é que eu me dou conta dos múltiplos erros- mas aí já é tarde...O que eu quero dizer, com tudo isto, é que- enquanto o mundo exterior é finito, limitado- o mundo interior é infinito. O ''lógico'' é que, conforme vamos criando coisas, chegássemos todos a uma encruzilhada, a um ponto em que não pudéssemos criar mais nada, dizer mais nada. Porém, quanto mais tento ''esvaziar'' o pote, mais água vai jorrando...Mais idéias vão surgindo. Tudo isto se torna uma obsessão, vai se apossando de minha mente como naquele filme ''A coisa''( para os que não viram, há um líquido branco que, ingerido, torna a pessoa um zumbi. Entusiasticamente as pessoas vão comendo aquilo e forçando amigos e parentes a ingerí-lo também...haveria algum paralelo entre ''A coisa'' e este blog?! He, he, he...). Começo a pensar em levar em minhas inúmeras andanças pela cidade um bloco de anotações. Qual será o fim deste processo todo? O resultado vocês verão nos próximos capítulos. Ou serão ''posts''?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Céu ou Inferno??? Do amor divino e do humano...

Interessante é verificar como se processa a transição drástica entre duas idéias, e qual a conclusão que se tira disto: ''o homem foi feito à imagem do criador'' e ''as coisas são assim deste modo porque Deus nos deu livre-arbítrio''. Ou seja, somos feitos ''á imagem do criador''. Logo, "somos imperfeitos"???! Isto não faz sentido. Não tem lógica. Geralmente identifica-se os filhos de alguém porque são a cara desta pessoa. E porque acabam mesmo comportando-se como seus amados pais. E, de todos os atributos dados ao Criador, nós não temos ou incorporamos nenhum? Há algo estranho aqui. Examinemos um pouco o que seria o conceito de ''amor''. Amamos uma criancinha em geral mesmo que ela faça pipi no nosso colo, ou destrua algum de nosso livros favoritos, certo? Nós não a consideramos RESPONSÁVEL por seus próprios atos, dada a sua imensa IMATURIDADE. Este é um exemplo de Amor Incondicional. Á medida em que as criancinhas vão crescendo, este amor vai se transmutando em amor condicionado. Nós vamos enchendo as nossas crianças de proibições, de ''nãos''. E não é porque gostemos menos delas quando se portam mal, mas vamos indicando que, se agirem de determinado modo, ganharão aplausos e até mesmo alguns presentinhos...O nosso amor sexual também é um amor condicionado. Amamos alguém porque esta pessoa nos parece bela, física ou por meio de algum de seus atributos/qualidades. Então, com o tempo, aquele castelo de fantasias que construímos a respeito de alguém vai se enfraquecendo. Resultado: muitos não aguentam, e se separam. O que queremos indicar, com tão óbvios argumentos, onde queremos chegar é à possibilidade/viabilidade de amor incondicional neste mundo a alguém mais do que a uma criancinha. Isto é possível? Por que não seria? Aliás, quem disse que agimos de modo consciente? Quem disse que somos todos preparados, que estamos prontos para assumir o controle de nossas próprias rédeas? Algo aqui, neste mundo, aponta para uma suposta maturidade da espécie humana? Não estaríamos, como li ontem no trecho de uma obra em uma livraria, em um gigantesco ''Jardim de Infância Cósmico''???! TUDO, TUDO neste planeta aponta para a idéia de que somos APRENDIZES, estamos aqui para aprender lições- muitas vez a um preço muito caro- e evoluir. No entanto, não tratamos uns aos outros como aprendizes. Esperamos, contra toda a lógica, MUITO MAIS dos outros. ESPERAMOS QUE ELES SE PORTEM ''PERFEITAMENTE'', COMO NÓS...Porém, flagrados em algum erro, nos desculpamos dizendo que ''todos somos imperfeitos''. Por que este singelo argumento valeria apenas para a nossa pessoa???! Há muito tempo vemos por este planeta sinais de morte, destruição, guerras, infelicidade. Isto existia ao tempo da vinda de todos os grandes mestres: Buda, Maomé, Cristo. Se eles nos amassem exclusivamente por nossas OBRAS, estaríamos todos ''ardendo no fogo do inferno'' neste momento...Neste momento nos deparamos com duas espécies de amor: ou amamos alguém por suas obras, e pelo que nos parece belo nesta pessoa, ou a amamos de modo incondicional, PELO QUE ELA É. E É deste modo que é constituído o amor divino, o amor dos seres mais evoluídos e iluminados. Deste amor que, neste plano, apenas conseguimos dar às criancinhas...O que somos aos olhos do Criador neste momento, em comparação a ele/ela? Feitos ''á sua imagem'', mas em processo de evolução. Dotados de diversos de seus atributos, que desconhecemos ou utilizamos de modo incorreto. Isto, porém, não muda em nada o seu amor. Assim, e esta nos parece uma das maiores mensagens de todos os seres iluminados que já passaram por este planeta, os seres humanos- TODOS ELES, SEM EXCEÇÃO- são dignos de amor, do nosso amor. Pelo que eles SÃO, filhos de quem eles são- do Criador- e não, e isto seria bem difícil mesmo, pelo modo com que eles/nós agem/agimos em certas ocasiões. Vejam bem: TODOS NÓS SOMOS DIGNOS DE AMOR, MERECEDORES DE AMOR, CARENTES DE AMOR. Porém, há um grande véu que nos encobre e impede, até este momento, de enxergar-mo-nos como os seres espirituais perfeitos que somos, fato de que nos daremos conta em algum momento desta ou de outras existências. Conclusão: o ser humano, por incrível que pareça, é merecedor do meu, do seu, do nosso amor, do amor DELE/DELA...Que este breve texto seja um convite para olharmos para os nossos semelhantes com outros olhos...Como diz o ''ho'oponoopono'', ''EU TE AMO''...

O Credo do Otimista

''Eu prometo: Ser forte a ponto de nada conseguir perturbar a minha paz de espírito. Falar sobre saúde, felicidade e prosperidade com cada pessoa que encontrar. Fazer com que todos os meus amigos sintam que têm algo de especial. Olhar para o lado bom de todas as coisas e fazer o meu otimismo tornar-se realidade. Sentir tanto entusiasmo com o sucesso dos outros quanto com o meu. Esquecer os erros do passado e avançar em direção ás grandes realizações do futuro. Exibir sempre uma expressão satisfeita e sorrir para cada criatura que eu encontrar. Empenhar-me de tal maneira no meu aperfeiçoamento pessoal que não sobrará tempo para criticar os outros. Ser digno demais para me preocupar, nobre demais para sentir raiva, forte demais para ter medo e feliz demais para me envolver em conflitos. Pensar bem de mim mesmo e proclamar este fato para o mundo, não por meio de palavras bombásticas e sim de grandes façanhas. Viver convicto de que o mundo inteiro estará do meu lado enquanto eu permanecer fiel ao que há de melhor em mim mesmo". PS: O ''Credo do Otimista'' foi publicado pela primeira vez em 1912 no livro ''Your forces and how to use them'' ( tradução: ''Suas forças e como usá-las''), de Christian D. Larson. Uma versão reduzida dele é hoje utilizada pelo Optimist International, um grupo internacional de pessoas empenhadas em exercer um impacto positivo no mundo( extraído do livro ''A chave''...)

domingo, 20 de abril de 2008

Maçãs suculentas!!!

Aqui em São Paulo há um mercado antigo ( fundado em 1926 )que costuma, ao estilo de outros semelhantes mundo afora, vender o que há de melhor em diversas categorias. Chama-se ''Casa Santa Luzia''. Ele tem no alto um grande vitral, ao estilo dos das igrejas. Com uma imagem, e colorido...Quando o conheci, ficava encantado com a quantidade de doces- nacionais e importados- queijos( idem), pães incríveis de fabricação própria. Eles tem geléia de caqui, para dar um exemplo. Com o tempo, e após levar alguns sustos no próprio bolso graças a algumas empolgações precipitadas, minha própria alimentação foi se modificando, e eu passei a me ater ao essencial: frutas e sucos pela manhã e á noite. Foi neste momento que as peregrinações a este templo da boa gastronomia paulistana- freqüentado inclusive por diversos ''chefs'' de bons restaurantes á procura do que há de melhor- acabaram se restringindo à compra de suco de uva e maçãs provenientes de Santa Catarina. É destas que pretendo falar daqui em diante. São maçãs fuji, com as marcas ''Coopervale'' ( de São Joaquim, na gelada Serra Catarinense ) ou ''Dádiva''. Antes um esclarecimento: nunca fui fã ou apreciador de maçãs. Já provei algumas, inclusive aquelas importadas e cheias de hormônios chamadas ''red'', sem grande empolgação. Um dia, compraram uma destas maçãs e colocaram na geladeira aqui de casa. A curiosidade deu lugar a uma secreta excursão noturna e, após uma dentada, cheguei próximo ao paraíso- ao contrário do que ocorreu com outros ''devoradores de maçãs'' não-autorizados: Adão e Eva...Não sei o preço do quilo de maçãs comuns. Estas especiais, custam a média de R$ 2,00 CADA... Mas, como tudo o que há de melhor, valem cada centavo. As maçãs são tenras, suculentas, úmidas. Como uma pela manhã, ao acordar, junto com o consumo de laranjas e suco de uva. À noite, como outra- que substitui plenamente o jantar. Elas são MAIORES que as maçãs comuns. Tem muito suco. Mas, em um mundo em que achamos uma farmácia por esquina, o preço por comer algo saudável e suculento acaba sendo muito menor do que o de ''remédios'' e sucedâneos consumidos em massa a cada pequeno desconforto...Esta é uma ode a estas maçãs que, por acaso, nunca encontrei sequer nos super-mercados de Florianópolis...Viva São Paulo, um lugar que não ''faz parte'' da nação brasileira: é uma porta aberta ao mundo...Deu vontade de comer uma maçãzinha???

Implosão de egos

Este escriba(?!!!)costuma dizer que ''não quer agradar ninguém'', ''que escreve unicamente pela satisfação de seu próprio umbigo'' - estes são os seus lugares-comuns, os seus mantras. Porém, neste ''post'', iremos analisar justamente o lado oposto disto. Chamaremos isto de ''explosão de egos'' ( calma aos mais afoitos: sei que no título eu falo de ''implosão'' de egos...chegaremos lá...). Começo pelo título de uma coluna de Ethevaldo Siqueira no ''Estadão'' de hoje, domingo, 20/4/2008: ''Grande tendência é desmassificar, diz Alvin Toffler''. Alvin Toffler, para quem não sabe, é um veterano ''guru'' do mundo dos negócios, que antecipou fenômenos que ocorreram posteriormente em obras-primas como ''A Terceira Onda'' ( ele fez a previsão do fim da Sociedade Industrial, que acabou se concretizando...)e ''O Choque do Futuro''. Podemos vislumbrar neste processo de ''desmassificação'' apontado por Toffler, possível de ser qualificado igualmente de ''hiper-especialização'', uma era em que, virtualmente, cada cidadão deste planeta, desde que ligado por qualquer modo à grande rede mundial de computadores, estará produzindo algo. O mundo literário é um pouco o exemplo disto. Sabemos que o número de leitores está em declínio, por diversos motivos. Mas nunca se publicou tanto. Salvo alguns fenômenos literários, os ''best sellers'', boa parte dos autores publica mesmo para alguns conhecidos e para raríssimos leitores. É a renda obtida com os mais vendidos que permite que haja, por parte das editoras, uma espécie de ''subsídio'' que permite a publicação daqueles que encalharão nas lojas. A internet permite, graças ao custo zero, ainda mais: que todos sejamos autores- quer o que produzamos tenha alguma qualidade ou não. Vivemos ( desculpe a apropriação do termo, Debord! ) em uma ''Sociedade do Espetáculo'', a materialização da frase do artista Andy Warhol nos anos 60 segundo o qual, no futuro, ''todos fariam sucesso por 15 minutos''. Talvez até por menos tempo...Nos grandes centros há um crescente número de pessoas que, mesmo sem qualquer pendor artístico ou cultural, trabalham exclusivamente e cuidadosamente na produção da própria imagem. Estas pessoas são alvo das atenções dos chamados ''caçadores de tendências'', que buscam usar estas informações comercialmente, na produção de futuros fenômenos de vendas. A produção da imagem está ligada a um jeito ''espetacular'' de ser, que se originou dos meios de comunicação audio-visuais. Resultado: temos menos atenção para ouvir os outros, prestar atenção neles. Mas todos temos fome de atenção, queremos todos uma ''platéia'' cada vez menos provável, uma vez que todos estão igualmente buscando atrair o olhar- dos outros...Isto é o que qualificamos, inicialmente, de ''explosão de egos''. Os egos, multiplicados, estão em campo, á ''caça''. Mas como este processo surgiu? As rebeliões dos jovens, nos anos 60, originaram tudo isto. Eles se voltaram contra estruturas rígidas, massificadas, petrificadas. A palavra-de-ordem no maio de 68, que completa 40 anos mês que vem, era ''é proibido proibir''. As religiões e terapias alternativas, que surgiram ou se fortaleceram naquela época, pregavam o ''fortalecimento do eu''. Com o tempo, estas pregações acabaram se tornando a tônica dominante, reapropriadas pelo próprio sistema. ''Eu'', ''satisfação pessoal'', ''buscar o que é melhor para mim'', tudo isto foi ficando bastante familiar. Passou mesmo a ser defendido por quase todos. Noções de coletivo, socialização, ficaram em segundo plano. Hoje, vivemos o ÁPICE deste processo e, aqui, se coloca o título deste ''post'': estamos à beira de uma virtual e gigantesca ''implosão de egos''. O que seria isto? A indústria musical encontra-se em declínio, e não apenas por causa da pirataria. Apenas na área da chamada ''música eletrônica'', temos centenas de gêneros e sub-gêneros musicais, todos disputando a atenção dos clientes. Os ''blockbusters'' cinematográficos e musicais são cada vez mais raros. Vendendo menos, as gravadoras tem cada vez mais receio de investir no novo. ''Sucessos'' da Internet tem milhões de downloads a custo zero para os ouvintes, e lucro zero para os artistas...Voltando à internet, a busca de um bom ''site'' no meio de milhões de sites irrelevantes é muito custosa. Como em uma loja, quando deparamos com muitos produtos, o resultado do excesso de oferta muitas vezes gerará, por isto falamos em ''implosão de egos'', uma acomodação, o retorno ao conhecido. Todos temos direito de falar o que quisermos nesta grande galáxia que é a internet. Mas a facilidade de acessar o que é conhecido- os ''sites'' de jornalistas e demais personalidades da mídia- pode gerar, ao final deste processo, e por linhas tortas, a mesma massificação que nos gabamos de ter enterrado...''Quem lê tanta notícia?", perguntava Caetano Veloso em uma música. ''Quem lê todos estes sites, todos voltados para o próprio umbigo de seus criadores?", poderíamos nos perguntar. O que é fugaz, e o que durará, não podemos prever. A resposta será dada, como sempre, pelo próprio leitor/consumidor/cidadão. Com todos os excessos que isto causa, ainda é melhor um ego super-fortalecido do que um enfraquecido e manipulável por ditaduras...Mesmo que voltados exclusivamente para os próprios umbigos, lembremo-nos de limpá-los antes de expô-los ao sol e aos olhares alheios...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Falando em frio...nova leitura

Ao contrário do romance de José Castello, carioca radicado em Curitiba, já comentado neste blog, o livro que iremos comentar aqui, embora também mencione a bela capital paranaense, parece ter sido escrito por alguém que não a conhece. Sequer parece ter estado lá. Mas isto não prejudica a estória, interessante. Falo do romance de um escritor novato, ''De cabeça baixa'' ( de Flávio Izhaki ). O livro é a estória de um aspirante a escritor, que acaba de lançar um livro chamado ''Desencanto'' ( ô título desanimador...). O lançamento é prestigiado apenas por seus amigos e pela namorada. O livro encalha. O namoro acaba. O escritor, desiludido, decide ''exilar-se'' em Curitiba, onde vai dar aulas de literatura. Um belo dia, passando por um sebo, ele depara-se com o próprio livro ( que cena cruel! ), e repara com uma dedicatória feita a uma mulher. Tudo isto remete ao passado, e ele decide voltar à tórrida cidade de ( São Sebastião) do Rio de Janeiro, para rever a mulher amada...Claro que não é só isto. Este é o esqueleto de uma estória interessante. Mas as cenas em Curitiba não falam das ruas, nem dos lugares típicos e históricos. Superficialmente, o autor apenas faz breves alusões ao frio e á chuva intermitente. Tudo isto pode nos dar a falsa impressão de que o tempo lá ''é isto'' e acabou. Não é. Já estive no verão, e é um calor dos infernos...Ao contrário de São Paulo, lá os prédios são afastados e as avenidas mais largas, o que dificulta minhas tentativas de ocultar-me dos cruéis raios de sol...Loucuras? Veja também o meu texto anterior, sobre o frio, e entenderá tudo...Enfim, a graça do romance reside, em boa parte, no contraste que o autor estabelece entre o frio de Curitiba- local do ''auto-exílio''- e o calor do Rio de Janeiro. Não é um livro excepcional mas, no meu caso, certamente ESTE romance não merece, e não irá, parar em um sebo, ao contrário do livro da estória...

Homenagem aos lugares frios...

Este poderia também ser o texto de número 100 mas, cronologicamente, vem a seguir: Como amar alguma coisa que não conhecemos? Eu ''gosto'' de certas cidades que não conheço, como Paris e Nova Iorque. Não posso dizer que as amo, ainda, por não possuir neste momento elementos suficientes para tal. Por isto, ainda estamos na fase de namoro...Corrijam-me se a expressão francesa estiver escrita de modo errado, mas lugares frios me dão a sensação de ''déjavu''. Eu SINTO que já habitei um lugar destes, tenho ''memórias'' esparsas quanto ao ocorrido. Dirão os materialistas que eu adquiri esta sensação pelas leituras e ao assistir filmes. Os espiritualistas dirão que eu já morei de fato nestes lugares, em outras vidas, e trago a memória destas experiências. Só assim, mesmo, para explicar como alguém- nascido na quente capital do país, no Planalto Central- se tomou de amores por cidades do Sul do Brasil. Vejam bem: minha simpatia por lugares frios pode ter me induzido a gostar de Curitiba, que conheci há apenas 4 anos. Mas gostar de fato, isto requer o pacote completo. Eu sabia que iria gostar( no futuro, quando conhecesse). Ao conhecer, tive o pacote completo: frio, mais os inúmeros parques e bosques, mais a mistura de vilarejo com capital, mais um excelente e modelar sistema de transporte, uma cidade que, como Brasília, parece ter sido planejada, transparece organização. Mas, ao contrário da capital federal, ainda mantém resquícios deste planejamento, da fase áurea. Enfim, é um excelente lugar para morar. Sinto inveja de seus habitantes. Mas quero ir além: em muitos filmes gaúchos, uruguaios e argentinos há um elemento em comum, que me desperta profunda simpatia. A fuga da cidade, rumo a lugares praianos ermos e frios...Sem contar o fato de que as praias gaúchas e uruguaias são muito parecidas: quilômetros e mais quilômetros de dunas, numa procissão sem fim. Ao ver isto, em filmes, a vontade que dá é de pegar o ônibus mais próximo e embarcar. Ir até o extremo sul, a Patagônia ( seu céu, visto em um filme também, é uma das coisas mais belas deste mundo...). Ir à praia de casaco de frio, gente! Eu fico admirado com isto, um gosto que só posso ter adquirido em outra vida mesmo...Você, a praia deserta, um frio de congelar os ossos, um sobretudo, boina de lâ, uma rede, e um livro no colo...Isto me cheira ao nada, ao ponto básico da existência, o congelar como uma metáfora do tempo congelado. Aqui no Brasil, um lugar onde acho que encontraria isto em determinada época do ano- e por isto sonho em conhecer este lugar onde nunca fui- é Rio Grande, no Rio Grande do Sul. As estradas gaúchas, as ''freeways'', nos convidam a viajar. Lembro-me de placas em espanhol, quando fui a Gramado, ao cruzar a ''freeway''. Sonho: cruzar a fronteira, percorrer o Uruguai passando pela sua bela capital ( que não conheço, mas de que já gosto antecipadamente...)Montevidéu, e cruzar o Rio da Prata em uma barca, rumo a Buenos Aires( este é outro sonho, diverso do da praia gelada...). Eu fico admirado, nos filmes, com a Escócia e seus altos penhascos litorâneos. Aquilo cheira a literatura, a ''Morro dos Ventos Uivantes''...Minha mais distante lembrança de frio remete a uma viagem a São Paulo, no início dos anos 90. Me empolguei com o frio que estava fazendo, e comprei um sobretudo em uma loja próxima à Avenida Paulista. Levei-o para Brasília, onde foi devidamente encostado- por falta de uso- e posteriormente doado...O Rio de Janeiro tinha uma loja especializada em artigos para viajantes que vão para lugares frios. Luvas, cachecóis, casacos. A loja, segundo o jornal ''O Globo'', fechou...São Paulo tem franquias de uma loja curitibana, a Otello. Entre os artigos, cachecóis, camisas de flanela, sobretudos, calças de veludo. Aqui em Sampa ainda é possível usar coisas do gênero, embora cada vez menos provável. O frio anda encurtando. O LUGAR CERTO para estas coisas é Curitiba, no inverno. Temperatura perto de zero, tomando um chope bem gelado- engraçado é que eu, sonhando com isto, não gosto de beber, não gosto de cerveja, não gosto de chope!!!?- gorro de lã na cabeça, como o jogador argentino Tévez e os torcedores dos times paranaenses nos jogos em noites frias, cachecol no pescoço...Todos estes sonhos FRIOS foram inspirados por uma semana em que a temperatura oscilou entre 16 e 30 graus. Ou seja, começou com um domingo de sol a 30 graus, mudando no dia seguinte para 25 e despencando na terça para 17/18. O tempo, ele mesmo, me fez querer mudar de Brasília, e o tempo, mais uma vez, me impulsiona, mesmo que de passagem, mesmo que nos sonhos, aos lugares frios e gélidos de uma existência perdida...Memórias antigas de um ex-''homem das cavernas''???

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Número 100 !!!

Esta é a centésima postagem de um blog que se orgulha de não ser ''especializado'' em nada. Aliás, este é um blog sobre nada. Ou sobre tudo...Agradecemos às pessoas que possam ter eventualmente visto parte deste trabalho. Eu mesmo ainda não acredito que possa ter continuado isto- uma rara prova de continuidade em minha instável existência...Para alguém a quem é possível a acusação de não ter criado nada nesta existência, de não ter ''feito nada palpável'', eis o meu filho- a minha criação, a minha paixão. O blog em questão não tem uma ''linha partidária'', um ''sentido'', ''propostas'', uma ''religião'', uma linha filosófico-existencial. O blog é a minha cara. Fala do que eu gosto, do que considero importante. Seja de cidades de clima frio- tema de uma próxima postagem- seja de maçãs suculentas de Sasnta Catarina adquiridas em um dos melhores mercados de São Paulo- também possível tema de uma próxima postagem- seja de filmes, leituras, viagens, partidas de futebol. Só isto, alguém perguntaria? O seu ''mundo'' é assim tão limitado que exclua as ''grandes questões'' da existência? A guerra do Iraque, o escândalo dos cartões corporativos, as eleições municipais, a dengue? Vejam bem. O âmbito deste blog é pequeno, limitado, mas sou eu por inteiro. É o que eu penso, aquilo no que me interesso- fora das questões profissionais, o mundo jurídico, claro, que tem blogs melhores que eu leio e nos quais me espelho. É ''apenas'' um blog, e nunca pretendeu ser mais do que isto. Um ''apenas'' que, para mim, significa um mundo. O meu mundo, mental. Conselhos para criar um blog, partidos da minha própria experiência: faça em inglês, pois boa parte dos internautas está nos Estados Unidos, ou se comunica nesta língua. Poste textos curtos, pois as pessoas ou não tem tempo ou não se interessam por textos longos- o futuro do jornalismo são jornalões cheios de fotos coloridas e gráficos, com pouquíssimo texto ( afinal, quem lê mesmo aqueles artigos do Estadão de página inteira, às vezes sem foto alguma? eu leio...). Coloque pouquíssimas palavras, e muitas imagens. O mundo midiático está em ascensão, e invadiu tudo. Todos querem ver imagens, muitas imagens- tiradas de câmeras digitais último tipo ou de celulares. Enfim, a conclusão é que, caso você queira fazer um blog de ''sucesso'', faça o oposto do que eu fiz. Faça o que estou falando. Afinal, quem quer ler mesmo tantas palavras? Contra a maré, e meus próprios conselhos, continuarei pensando-as, e expressando-as em um pedaço de papel, digo, em uma página de computador...

Criancices...

Antes de mais nada, estes comentários foram escritos tendo em vista o que a imprensa vem revelando do provável resultado do laudo do instituto de criminalística, no caso Isabella. Ou seja, a agressão teria sido feita pela madastra, e o corpinho da criança atirado por seu próprio pai. A conduta dos dois supostos assassinos é bem significativa e emblemática. Desde o início, os dois buscaram eximir-se de qualquer responsabilidade. Sabe-se agora que a irmã de Alexandre Nardoni recebeu uma ligação, enquanto estava com amigos em um bar, e, assustada com a revelação, correu apressada para o banheiro para ouvir maiores detalhes. O pai de Alexandre trocou ligações com os filhos, freneticamente, na noite do assassinato, mas quem ligou para a Polícia foram os vizinhos...Tudo isto revela mais uma faceta de uma conduta infantil, disseminada entre muitos brasileiros: ''eu não tenho culpa'', bradam muitos em alta voz. ''Não tenho culpa'' por dirigir embriagado e em alta velocidade, e atropelar uma família inteira. ''Não tenho culpa'' por eleger maus governantes. ''Não tenho culpa'' pelas enchentes que assolam a cidade, mesmo que eu próprio costume jogar lixo pela janela do carro. ''Não tenho culpa'' pelo trânsito, afinal o meu carro é ''apenas só mais um, não é?''.Nós não somos responsáveis por nada. Isto se disseminou a tal ponto que as próprias pessoas que optam por simular este jogo acabam acreditando um pouco em suas próprias fantasias...'Não temos culpa'', e vão jogando suas misérias nas contas de terceiros...A conduta de Alexandre Nardoni, caso seja mesmo considerado culpado pela Justiça, revela imaturidade. Alguém que, sempre que foi confrontado com problemas, buscou a ajuda do pai, especialista em ''varrer o lixo para debaixo do tapete'' ( advogado...). ''Não tenho culpa'' tornou-se o mantra de Alexandre, a cada emergência. E sempre passando impune. E continuamos acreditando que o pai não matou a menina Isabella- nada nos dá a entender isto. Ele foi cúmplice do ocorrido. Tentou cobrir a conduta de sua mulher, ao invés de contribuir para a solução do fato. Talvez não tenha sequer agido deliberadamente. Mas é irresistível para alguém que bradou a vida inteira ''não tenho culpa''- e sempre contou com a ajuda dos outros para resolver os seus próprios problemas- a idéia de ''tirar a culpa'' de sua própria mulher. Afinal, o mal já estava feito, né? Aparentemente a menina estava morta. Faltava criar uma situação que desse a impressão de que alguma outra coisa pudesse ter ocorrido. ''Vamos jogar o corpo''. Só que a menina não estava morta...Não estava morta sequer quando caiu. A intenção de livrar a própria esposa da acusação de agredir a menina foi tão forte, e de mais uma vez conseguir sair de uma situação problemática ''sem culpa'', que o pai- que não pretendia, repetimos, matar a própria filha- acabou entrando para o centro dos acontecimentos. Como cúmplice. Resistir à tentação de acobertar tudo era demais para um ''expert'' nestes assuntos, né? E ainda houve quem, nos meios de comunicação, manifestasse sua indignação pelo ''pre-julgamento'' apressado do casal...Pobres são linchados, presos por tempo indeterminado, tem seus rostos mostrados na TV- sem escolha- como ''assassino'', ''estuprador'', etc. Mas, para muitas pessoas de classe média, que tem advogados, que impetram ''habeas corpus'' para mantê-los soltos ( com a cumplicidade de diversos membros de Tribunais ), a conversa é outra. Eles ''não tem culpa'', não é? Neste caso, ao que tudo indica, podemos concluir o oposto. A ''família perfeita'', os ''gente boa sem antecedentes criminais, com residência fixa e ocupação determinada ( será?)" TEM CULPA SIM. E não dá para negar, acobertar o que eles supostamente fizeram. Que isto sirva de exemplo para os demais ''inocentes'', ainda não apanhados pelo sistema...

Fantasia X Realidade

Este despretensioso blog aproxima-se do número 100. Atribua-se o fato exclusivamente á megalomania e verborragia de seu criador. Não seria de espantar que, deste jeito, ele chegue aos números 500 ou 1000- seja lido ou não...Apreciado ou não, visto ou não, comentado ou não, ele se tornou UM VÍCIO para quem o iniciou, a tal ponto que começa a imiscuir-se aos pensamentos cotidianos desta pessoa: ''esta idéia serve ou não para um texto no blog?''. É o fim da espontaneidade quando começamos a pensar em um leitor ideal imaginário, existente ou não. Por isto blogs não são diários. Aparentam-se mais a ''auto-biografias'' oficiais, em que o autor ressalta arbitrariamente tal aspecto da realidade, enquanto varre o ''lixo'' para debaixo do tapete...Ou para cima, uma vez que acabamos muito mais levantando poeiras- reais ou imaginárias- do que espanando-as efetivamente...Tudo isto, para introduzir o tema real desta postagem. Imaginem que, por um passe de mágica, nos tornássemos subitamente 100% responsáveis pelo que nos ocorre. Que pudéssemos, de uma hora para outra, ESCOLHER os acontecimentos de nossas vidas, como diretores de cinema escolhem o que veremos nas telas. Fantasias, diriam os críticos. Mas, afinal de contas, se não somos nós que vivemos as nossas vidas, QUEM É que as determina? A idéia de uma força misteriosa exterior, que nos impulsionaria ou tolheria conforme a SUA vontade arbitrária, não seria esta a verdadeira fantasia? Ah, mas você está dizendo que nós, e milhões de outros seres igualmente ''sofredores'', escolhemos inclusive os MALES que se abatem sobre nossas cabeças? Por outro lado, eu rebateria, se não somos nós os responsáveis por tudo, inclusive pelo mal que nos ocorre, quem seria? Seria a idéia de um Poder Maior, de um/a Deus/a, compatível com a idéia de ''mal''? Seria este/a Deus/a responsável pelo mal que habita o coração dos homens? Explicam os religiosos que somos dotados de ''livre- arbítrio''. E este livre-arbítrio, para ser realmente livre, deve ser incondicionado. É em torno desta idéia de liberdade, liberdade incondicionada, que, por incrível que pareça, as noções existencialistas e teístas se aproximam. ''Deus quer o nosso bem. Nós sofremos porque somos dotados de livre-arbítrio, e optamos pelo que nos faz sofrer. Somos livres para escolher entre o que nos faz mal, e o que nos faz bem'', dizem os que acreditam em uma FORÇA MAIOR. ''Deus não existe. Logo o homem é radicalmente LIVRE PARA ESCOLHER o que quiser. O homem é totalmente livre para auto-determinar-se, e escolher o que é melhor para a sua vida'', diriam os existencialistas á lá Sartre. Em suma, ambos concordam que o homem é INTEIRAMENTE LIVRE para auto-determinar-se, para escolher o seu próprio caminho. Esta liberdade prescinde da noção de culpa, que está mais ligada ao erro permanente. De fato, como aprendizes, somos responsáveis pelo que está nos acontecendo. E colhemos exatamente o resultado dos nossos esforços/ações. Mas o erro, por maior que seja, é corrigível. Podemos igualmente OPTAR por mudar o nosso caminho. Aqui lembramos de um trecho de ''O profeta'', de Kalil Gibran, lido há muito tempo. Nele, o autor diz que ''o homem não erra porque é mal, erra porque é preguiçoso". Ninguém nos impede de corrigir os nossos rumos. Mas somos condicionados por idéias alheias, falsas, que nos foram inoculadas inclusive pelas pessoas que mais amamos na vida. E temos preguiça de pensar por conta própria. O maior véu que nos cobre, é causado pelas noções de ''mistério'', ''vítimas'', ''milagres'', ''sorte'', ''acaso''. Imaginemos que um dia pudéssemos escolher os nossos destinos, foi o convite a que eu os submeti no início deste texto. Isto é a realidade, eis a nossa conclusão. Somos livres, radical e absolutamente livres, e nem sequer Deus- para os que acreditam- irá interferir em nossas vidas, mesmo para ajudar-nos- se não for solicitado. Estamos aqui para descobrir isto, mais cedo ou mais tarde, com menor ou maior preço. Se somos livres, e não agimos como tal, quem é, de fato, o nosso maior juiz e carcereiro? ''Complicado'', não???

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Mistos-quentes, chororô, sandálias da humildade

As duas primeiras expressões- ''misto-quente'' e ''chororô''- são criações recentes da fértil alma carioca. No campeonato carioca de futebol deste ano, as maiores emoções são reservadas para as decisões de turno. Como os times pequenos foram privados da oportunidade de jogar em seus próprios estádios, houve um desequilíbrio no torneio deste ano. Na tabela, os grandes jogam contra os pequenos e se enfrentam nas últimas rodadas. Vencem os primeiros jogos de goleada e aí, como o clássico geralmente coincide com partidas importantes pela Libertadores ou pela Copa do Brasil, surgiu o tal do ''misto-quente''. O Flu goleou um mistão do Flamengo no primeiro turno, mas não valia nada. O Botafogo ganhou também de um mistão rubro-negro, um ''misto'' entre aspas- pois reforçado de craques como Renato Augusto( então em recuperação). O ''misto'' deu trabalho, e perdeu apenas por 3 X 2. Isto não tira a alegria alvi-negra por ter acabado com um tabú de vários jogos sem vencer o Flamengo. Mas serviu como álibi para a torcida rubro-negra. Ontem os dois clubes se enfrentaram mais uma vez, sem ''mistos''. Botafogo 3 X 0. Nos vestiários as declarações: ''sem desmerecer a vitória alvi-negra, mas o Flamengo estava cansado da viagem ao Perú, onde jogou em uma altitude de 3400 metros''. Ou seja, ''sem desmerecer, mas já desmerecendo...''. Por que o mesmo argumento não valeria para o Fluminense, que jogou na Argentina na quarta-feira e, já no sábado, estava disputando uma vaga na final da Taça Rio contra o Vasco? O argumento até vale, uma vez que o Flu cansou no segundo tempo e ganhou apenas nos pênaltis da QUARTA FORÇA do futebol carioca ( que NEM VICE é mais...). Após cunhar o termo ''chororô'' para sacanear os adversários do Botafogo, derrotados na decisão do Primeiro Turno, parece que o Flamengo está se apegando ao mesmo ''chororô'' para justificar suas derrotas...Enquanto isto o São Paulo, que também disputou fora um jogo pela Libertadores no meio da semana, deu um ''banho tático'' em seus rivais alvi-verdes. A imprensa em sua imensa maioria dava o São Paulo ( tri-campeão mundial e penta-campeão brasileiro )como ''azarão'' para o clássico de ontem. Até mesmo atletas são-paulinos do porte de um Rogério Ceni decidiram calçar as ''sandálias da humildade'', assumindo o suposto favoritismo do adversário ( o mesmo adversário que não ganha dos tricolores paulistas há 12 jogos no Morumbi, e não conquista o título estadual desde 1996...). Como torcedor decidi adotar a mesma tática, na esperança secreta de ver, mais uma vez, os ''favoritos'' derrotados- como acontece de praxe no futebol. E não deu outra! São Paulo 2 X 1. Aqui no estado de São Paulo não há ''chororô'', os times da capital jogam contra os pequenos em acanhados estádios do interior, com gramados esburacados e tudo. Até a última rodada, grandes como o Corínthians ainda tinham chances de classificação. Dois pequenos se classificaram para a semifinal, e pelo menos um deles chegará à tão esperada decisão. Com tantas ''malandragens'' e desculpas, não é de se surpreender o fato de os clubes cariocas estarem sempre lutando, no Campeonato Brasileiro, para não cair. O caminho ''mais fácil'' não fortalece ninguém...E o Paulistão/2008 continua em aberto: ''favoritos'' continuam sendo os ''periquitos'' do Parque Antártica, e favoritos ou não, iremos derrotá-los mais uma vez em sua própria casa!

domingo, 13 de abril de 2008

Zapeadas na TV domingo passado

A TV a Cabo é um vício, do qual nunca nos libertamos. Mas domingo passado, em viagem, acabei passando por um canal que corresponde á antiga TVE-RJ( hoje rebatizado de ''Rede Brasil'' ou coisa que o valha). Domingo à noite, 8 horas, estava passando o ''Conexão Roberto D'Ávila''. Entrevista com o ex-guerrilheiro e hoje ativista do meio-ambiente Alfredo Sirkis. Muito interessante. Logo após, apresentação de um programa que eu não assistia há ''séculos'': o Mesa Redonda carioca, com Márcio Guedes e Bocage. Acho que não o assistia há mais de 10 anos. Nos últimos tempos, em Brasília ainda, conseguia assistir ao Mesa Redonda da CNT, com os melhores lances da rodada do Campeonato Paranaense...Aqui em São Paulo não dá mais para assistir, mas há o ''Mesa Redonda'' da TV Gazeta- domingo ás 9/9 e meia- e os programas do Sportv e da Espn-Brasil ( este com menos recursos, quase um programa de rádio comparado ao outro- que mostra todos os gols, melhores lances, graças ao poder econômico das Organizações Globo ). Mas, enfim, futebol na noite de domingo é o que não falta. Mas o programa de que estava falando é um bom retrato do futebol carioca. Apresentadores que não negam suas paixões clubísticas estão em falta. Mas, lá no Rio, o Bocage é rubro-negro declarado. E o Márcio Guedes nunca negou sua paixão pelo Botafogo- e nem por isto é pior do que os outros jornalistas. Tratar o futebol com intimidade, como se estivéssemos em uma mesa de bar, isto todos os programas atuais da TV procuram fazer: virou uma fórmula garantida de sucesso. Fique registrado que o programa carioca foi o PRIMEIRO a fazê-lo com competência. O primeiro que assisti, mesmo antes do cabo. O primeiro da minha geração, que, infelizmente, perdeu os programas com Nélson Rodrigues nos anos 60...Mesmo com partidas cada vez menos técnicas, e com rendimento tedioso, nunca se discutiu tanto futebol na televisão. Só o Sportv tem programas pela manhã, à tarde e á noite. A qualquer hora que sintonizemos o canal há alguma discussão, mesmo reprisada. E ,ao fundo, o som tão detestado por algumas mulheres de mal gosto: ''GOOOOOOOOOOL''!

Eurico Miranda tem razão!

Segundo o eterno dirigente do Vasco da Gama, após a derrota para o Fluminense por 2 X 1 ( que ele, descaradamente copiando Nélson Rodrigues, afirmou que estava ''escrita há 2000 anos'' ), o Vasco ''não perderia mais neste campeonato''. Acertou em cheio, Eurico! Hoje a quarta força do futebol carioca, com uma campanha medíocre em que não ganhou sequer um clássico, o Vasquinho foi eliminado nos pênaltis pelo Fluminense. Não chegará sequer a VICE este ano. Nosso prognóstico é de que, após uma próxima e provável eliminação da Copa do Brasil, a equipe da Colina lutará mais uma vez para NÃO CAIR no Brasileirão. Vasco e Eurico se parecem cada vez mais: Eurico FOR EVER na direção do Vasquinho, pedem os adversários...PS: E pensar que, dez anos atrás, o mesmo time foi campeão carioca ganhando os dois turnos...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Eterna caçada aos ''culpados''

Diante de qualquer evento da realidade- sejam crimes, acidentes, mesmo separação de marido e mulher- a reação dos brasileiros é sempre a mesma: ''onde está o culpado?''. Despendemos tanta energia e tempo em uma eterna busca dos chamados ''culpados'', a tal ponto que é necessário indagar: o que é mesmo a tal da ''culpa''? A chamada ''culpa'' é uma noção de origem religiosa. A culpa pressupõe uma ''natureza'' instintiva e reiteradamente dedicada ao ''mal''. Os ''culpados'', na visão religiosa, são os ''discípulos de Satanás'', os ''perversos'', o contrário do ''bem''. Em função disto, o tratamento jurídico dado aos ''maléficos'' não era nada suave: castigos corporais, suplícios, desmembramento de corpos e até mesmo a pena capital. As leis mudaram, o mundo evoluiu, mas persiste no interior de todos nós a visão de um ''mal'', que deve ser erradicado. O interessante é que o ''mal'' é sempre o ''outro''. Não é uma qualificação que possa ser aplicada a nós mesmos, sequer parcialmente. A vã busca aos ''culpados'' significa, no fundo, que nós não somos responsáveis pelo que está acontecendo. Esta é uma visão enfraquecedora. Em cada brasileiro- seja doméstica, taxista, porteiro, juiz, jogador de futebol- há um crítico, com propostas para mudar o que está ''errado''. Caçamos os ''culpados'', e estes tem diversos nomes: ''os políticos'', ''empresários gananciosos'', ''o sistema'', até mesmo ''o imperialismo norte-americano''. E nós, o que temos a ver com isto? Acaso as coisas se dão em um terreno idílico, distante da nossa realidade? No fundo, os que caçam os ''culpados'' se reconhecem impotentes, fracos. ''O que nós podemos fazer?", eles se perguntam atônitos ao final do diálogo. Mas o que poderíamos fazer, de fato, já foi feito. Os políticos não foram colocados lá por uma força alienígena, e sim com os nossos votos. E não mudaremos um milímetro toda uma estrutura que parece ''errada'' enquanto não assumirmos o nosso papel na construção do que está aí. Autoridades também parecem gostar da tal ''caça aos culpados''. Afinal, identificado UM culpado, elas podem perfeitamente EXIMIR-SE de responsabilidade pelos fatos ocorridos...Somos um país à busca de ''culpados'', em que todos somos coitadinhos e irresponsáveis pelo que ocorre. Ou, como é perfeitamente possível concluir, SOMOS TODOS CULPADOS...Alguém tem uma idéia melhor???

Onde se situam as limitações humanas

Se pudéssemos ver, de verdade, um ser humano- como ele é, de fato- poderíamos vê-lo debatendo-se entre fios invisíveis. Para ele, tais fios são ''reais''. São, em realidade, constituídos da matéria de seus pensamentos. Não há limites para o que um ser humano possa fazer. Mas, onde quer que estejamos, até mesmo em uma roda de bar, sempre uns se colocam como os ''líderes'' e os demais como ''comandados''. Nas salas de aula, não há lugares marcados. Mas os alunos sempre se situam nos mesmos lugares, e ai de quem ousar ''invadir'' um lugar ''alheio''...Mas, voltando às energias que pairam sobre as mentes humanas, a pessoa em tese- que poderia ser eu ou você/s- gasta boa parte da existência debatendo-se com os tais ''fios'' que a estariam prendendo. De fora, externamente, não podemos ver fio algum. Mas ELA os enxerga, e tenta freneticamente desprender-se deles pela força, com reza, promessas, etc. Na cabeça dela, e de muitos de nós, a Divindade poderia ser ''comprada'' com agrados, promessas, oferendas. Isto não é muito diferente da visão dos chamados povos ''primitivos'', não? Mas que ''fios'' são estes que só a pessoa pode ver? Por que nós não os vemos? Não os vemos porque não há limite algum. Não há fio algum. Nada a impede de conseguir o que quiser, EXCETO os seus próprios pensamentos ( que não são apenas dela, mas os de seus amigos, antepassados, as idéias predominantes na sociedade ). O irônico é que, no caso em exame, nós conseguimos ver que não há fio algum. Porque estamos vendo de fora. O mais complicado é que alguém que NOS veja de fora constatará facilmente que estamos lutando á tôa. Não há fio algum nos prendendo. Mas, para nós, aqueles fios são como cordas, ou algemas de metal...E a coisa se prolonga infinitamente. Veremos a pessoa que nos enxerga e analisa, e veremos que não há fio algum prendendo-a. Mas, PARA ELA...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O inferno são os outros. Certo?

Neste enorme oceano de informações que é a internet, este blog ocupa um minúsculo espaço. Sequer sei se é lido por alguém, mas este não é o seu propósito principal. Lido ou não, se aproxima do número 100, e isto é motivo de comemoração: como pode alguém tão instável criar uma coisa constante? Como pude resistir á eterna tentação de ''chutar o pau da barraca'' e deletar tudo de uma hora para outra? Como pude resistir á vergonha de ter os meus pensamentos devassados/devassáveis por todo mundo, isto se houvesse alguém interessado em ler estas besteiras todas?Mas o tema desta postagem não é o meu umbigo. A esta altura já tive tempo de aceitar o meu umbigo como ele é...He, he, he...O tema deste ''post'' é a liberdade. A mais radical liberdade, defendida pelo autor da frase ''o inferno são os outros'' ( Jean Paul Sartre ). Como podemos ser livres sem deixar os outros livres? Se escutarmos as conversas alheias, veremos que elas giram mais ou menos em torno do mesmo tema: ''eles'' não me entendem, ''eles'' ( meus filhos, meu marido/esposa, meu gato, meu cachorro, meu namorado/a/ as/os ). Nós estamos sempre esperando que os ''outros'' se ''emendem'', e ''eles não estão nem aí''. Isto é ser livre? Poderemos ser livres em eterno estado de expectativa quanto à conduta dos outros? Os ''outros'' não vão se ''corrigir', nem ''emendar''. O papel destes outros é mesmo este, o de nos ''atazanar'', ''provocar'', ''maltratar'', até que NÓS descubramos a nossa força. Ser LIVRE é ser FORTE, independentemente da opinião dos ''outros'' sobre nós. O ''comando'' divino é diferente dos vários comandos deste mundo. Nestes, um manda e os outros obedecem. No plano divino, este é o palco em que nós aprenderemos, por bem ou por mal, a viver uns com os outros. Por mais sofrido que seja. É TUDO UMA FARSA, UM TEATRO, mas nós achamos que é sofrido. Dói, mas passa...Depois vem uma nova vida, um novo palco, onde nós, novamente, no momento em que recordemos a verdade, descubriremos uma vez mais a nossa força. Ser livre, enfim, é aprender a revelar o que está dentro de nós, e isto é nossa missão indelegável, e aprender a conviver com os demais como eles são também: seres livres, independentes, DIFERENTES, autônomos, que nós iremos aceitar ou não em nossas vidas se quisermos, e vice-versa. Belo mundo este em que todos podemos ter a nossa própria página pessoal, onde nos revelamos por meio das nossas divagações/perguntas. Discordam? Melhor para vocês...

CSI e o caso da ''menina-Isabella''

Nunca tive uma atração especial pela atividade de médicos. Existem diversas séries famosas e populares na TV a Cabo sobre o assunto, as quais nunca assisti. Porém, depois de descobrir as séries sobre a atividade de legistas na investigação de crimes- as famosas CSI ( normal, Miami e New York )- acabei ficando viciado nas mesmas. A grande atração destas séries é que, em geral, elas tem um formato completo. Em UMA HORA, elas mostram o crime e as várias linhas de investigação, chegando a um resultado completo, definitivo. Os investigadores vão pesquisando, e entrevistando os suspeitos. O cara diz um categórico ''não'', e eles colhem provas de que havia sinais de sua presença no local. Na próxima entrevista, quando ele volta a negar, os investigadores/legistas apresentam as provas, e o cara começa a ''soltar o bico''. Assistir isto nos dá aquela vã mas necessária sensação de que ''o crime não compensa'' e ''os caras maus são punidos no final'', coisas tão distantes do sistema judiciário brasileiro na atualidade...No caso do momento, o da ''menina-Isabela'' ( só se fala no nome dela acompanhado do ''menina'', como que eternamente lembrando ao público desatento e desmemoriado que se tratava de uma menina, "não esqueçam era uma menina"...), caso as investigações fossem feitas ao estilo americano, seria bem simples. Exames de DNA no local, que não teria sido devassado por milhares de pessoas, e no corpo de Isabela. Confronto do DNA com o dos principais e, até aqui, únicos suspeitos: o pai e a madrasta. Bingo! Ou combina, ou não, com 99% de chances. Mas o fato é que a Polícia brasileira costuma apurar, em média, 5% dos crimes cometidos. Enquanto a norte-americana apura mais de 60%. A cena do crime já foi devassada. Diversas pessoas já tocaram na menina após a sua queda. Os supostos criminosos já tiveram tempo de sumir com as provas do apartamento, na hipótese de que sejam mesmo os presumidos suspeitos. Quanto a isto, convenhamos: para asfixiar e bater em Isabela, além de jogá-la das alturas, teria que ser alguém conhecido, que não gostava dela ou da mãe, e não um terceiro que supostamente teria entrado no apartamento...O crime sempre tem um fator psicológico, nestas circunstâncias ainda mais. Confrontando mais uma vez as viciantes séries americanas com a realidade policial brasileira, é este abismo existente entre os dois países que explica porque esta recente estória ainda vai ter muitos desdobramentos- e a cada dia somos confrontados com uma versão diferente...Haja paciência!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Mantra Paulistano

Há uma expressão típica dos paulistanos. ''É complicado''. Mas ela não é dita assim, simplesmente. Fala-se de algum problema, e o paulistano- com aquele ar de mistério daqueles que invocam a Divina Providência- diz pausadamente, com ar de profundidade: ''É c-o-m-p-l-i-c-a-d-o''. A frase serve para definir tudo: o trânsito, o tempo, até mesmo os crimes. A palavra não é nova. Mas o seu uso, e a forma como se usa- como um mantra- é que é tipicamente paulistano. Complicado, não? Viver é complicado...grande descoberta!!! Mas o paulistano faz disto um grande bordão, que serve para praticamente tudo...E ainda posa de ''descobridor da existência''...Este ''complicado'' é revestido de um grande fatalismo, uma vez que não se discute formas de sair da tal da ''complicação''. ''É complicado'' é dito com ar de ''sinto muito, isto está acima das minhas forças; não posso fazer nada para resolver; é a vida''. E o emissor da frase ainda sai com o ar triunfante de quem decifrou os mistérios da existência...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Método Oho'oponoopono

Explicação do autor do livro ''A chave''( Joe Vitale)sobre o método de cura havaiano: (...)"Este é o ponto principal, ou seja, o mundo inteiro está dentro de você. Quando você cura a si mesmo, o mundo exterior fica curado. Você não precisa criar problemas com as outras pessoas. Não precisa ser agressivo com elas. Não precisa achar que elas estão resistindo. Tudo isso na verdade é um REFLEXO SEU( meu grifo). É parte da SUA(meu grifo) própria resistência. O Dr.Hew Len basicamente olhava para dentro de si mesmo e dizia quatro frases para o que chamamos de Divino- poderia também chamar de Deus, Universo, energia vital, força do estado zero, etc. Ele deixava o sentimento que estava sentindo dentro de si se manifestar e repetia: ''Eu te amo'', ''Desculpe'', ''Por favor, me perdoe'' e ''Obrigado''. Você pode considerar essas palavras um mantra, uma prece, um poema ou qualquer coisa que quiser; ele as repetia o tempo todo(...)Vejam bem, ele não dizia essas palavras para a outra pessoa. Ele não as pronunciava em voz alta. Na maioria das vezes, nem sequer olhava para a outra pessoa. Ele dizia essas palavras para a energia maior, não para si mesmo. E repetia várias vezes: ''Eu te amo'', ''Desculpe'', ''Por favor, me perdoe'' e ''Obrigado''. Na verdade, ele estava simplesmente apagar DE DENTRO DE SI (nosso grifo)as convicções que criavam o que ele estava vendo nas outras pessoas. Enquanto fazia isso- tudo isso remete à libertação, o segundo passo da palestra que dei no domingo- , enquanto repetia aquelas palavras, ele estava fazendo um pedido ao Divino, como se dissesse: ''Não sei de onde vieram essas convicções. Desculpe por tê-las. Eu te amo. Por favor, me perdoe por ter trazido essas idéias á minha consciência. Obrigado. Por favor, me perdoe, eu te amo, obrigado. Desculpe, por favor, me perdoe, obrigado, eu te amo''. Simplesmente repetindo essas palavras e mudando a ordem de vez em quando, vocês podem fazer qualquer coisa que quiserem. Se declararem repetidamente ''Eu te amo'', serão capazes de diluir qualquer forma de negatividade(...)Resumindo: não podemos mudar as outras pessoas. Elas têm livre-arbítrio. Mas podemos trabalhar dentro de nós mesmos. Lembrem-se de que as coisas que vemos na realidade, inclusive as pessoas, não passam de PROJEÇÕES''( nosso grifo). De fato, é difícil manter mais de um determinado tipo de pensamento em nossa mente. O amor repele o ódio, e vice-versa. A simples repetição do ''Eu te amo'' torna tudo mais leve ao nosso redor. Boa parte dos nossos problemas é causada pela resistência. Resistimos aos problemas, tentamos combatê-los, eliminá-los. A ''não-violência''' pregada por seres iluminados como Cristo, Dalai-Lama e Gandhi é muito maior do que algo que se limite exclusivamente ao plano físico. Mentalmente é preciso que sejamos não-violentos, pois as ações são mera decorrência dos nossos pensamentos...O que o terapeuta havaiano inventor desta técnica propõe é que ''combatamos'' nossos problemas com amor...Muito louco, não???

Almoço ao som de uma cascata

O lugar nem era um dos ''mais mais''. Apenas um restaurante vegetariano, que fica localizado em um casarão de um dos bairros mais tradicionais. Mas tem um pequeno jardim ao fundo, com uma fonte de água jorrando. A água jorra por quatro pequenas bacias, localizadas umas sobre as outras. E cai em um pequeno tanque. Ideal para relaxar, e esquecer que estamos em uma cidade ''poluída'', ''barulhenta'', ''violenta''...Como os japoneses, os paulistanos também são especialistas no aproveitamento e criação de pequenos espaços que quebram a rotina... Muitas lojas tem apenas uma portinha e uma escada e, quando entramos, se revelam bem maiores e significativas. O fato é que eu almocei ontem ao som da água jorrando, misturado com o som ''new age'' relaxante que toca tradicionalmente nestes lugares...