segunda-feira, 13 de abril de 2009

Como ( quase) estragar uma partida de futebol...

Órgãos humanos funcionam muito bem quando não sentimos a sua presença, o seu trabalho incessante para proporcionar-nos saúde. O perigo reside justamente quando damos conta de sua existência, geralmente por meio de alguma dorzinha. Do mesmo modo, órgãos públicos e servidores deveriam ser ''invisíveis'' para a sociedade- trabalhando noite e dia para o bem comum( talvez seja assim, digamos, na Suíça...). No momento em que as atenções da sociedade estão voltadas para as supostas falcatruas cometidas, por exemplo, no Senado Federal, algo não está certo. Árbitros de futebol, para estender um pouco mais o argumento, também deveriam ser quase ''invisíveis''. O foco, afinal, deveria estar na partida disputada, em seus melhores lances e emoções. Não foi o caso ontem, no jogo entre Corínthians e São Paulo( primeira partida das semi-finais do Paulistão), disputado no estádio do Pacaembu. Os dois lados tem ampla razão ao reclamar das falhas inaceitáveis do juiz escalado. Em uma partida marcada pelo equilíbrio, até o momento da expulsão de André Dias, este árbitro deu um jeitinho de interferir clamorosamente não no resultado do jogo( decidido, afinal, em um lance de talento individual de Cristian, do Corínthians), mas no seu desenvolvimento. Impedimentos mal marcados( como um de Washington), faltas não marcadas( como a de Miranda, no gol do São Paulo), expulsões precipitadas que acabaram alterando a correlação de forças no clássico( o atacante corintiano se atirou contra o corpo do zagueiro André Dias, que nada pôde fazer para sair da frente...). Hoje o nome do árbitro é objeto das maiores discussões na imprensa, enquanto a partida disputada fica em um plano menor. São cada vez mais frequentes as interferências gritantes de árbitros em favor das equipes ''da casa'': aqueles ''pênaltis'' que só são apitados contra os times visitantes, expulsões de jogadores- novamente contra os visitantes- que contribuem para desequilibrar a correlação de forças durante o espetáculo, a não-expulsão de jogadores do time mandante( como a de Ronaldo, ontem, que deu uma entrada criminosa em André Dias logo no início do jogo). O rol de erros de árbitros e bandeirinhas brasileiros é interminável, e tudo fica coberto sob o manto da impunidade graças ao mito da ''interpretação''. Um árbitro flagra o zagueiro metendo a mão na bola e marca pênalti, enquanto outro ''interpreta'' em sentido totalmente contrário- entendendo que ''não houve intenção''. Como pode um esporte da importância do futebol ficar submetido a tanto subjetivismo e falta de critérios? Já se discutiu anteriormente a escalação de um segundo árbitro para por fim a tantos erros praticados...Graças a esta interferência providencial do juiz escalado ontem, cujo nome estampa hoje todas as manchetes e debates esportivos, a equipe do São Paulo- que até ali estava se revelando um visitante nada amistoso, criando as principais chances de gol no primeiro tempo, com Borges e Miranda- levou um ''jab de esquerda'' com a expulsão inexplicável de André Dias e esteve à beira de um ''nocaute''. Nos 10 minutos após a expulsão o Corínthians passeou dentro de campo, criando inúmeras oportunidades de gol( sem contar as falhas de Rogério Ceni...). A defesa do tricolor, até a entrada de Renato Silva, mais parecia um queijo suíço, com tantos buracos...Enfim, o tricolor do Morumbi conseguiu equilibrar novamente a partida, e tudo parecia encaminhar-se para um empate até o golpe final desferido por Cristian. Repetimos que a partida não foi definida pelos erros de arbitragem. Mas estes, cometidos impunemente contra os dois lados, foram decisivos para, por exemplo, anular quase que totalmente o poderio ofensivo do São Paulo. Mais de meia-hora jogando com 10 contra 11 atletas alvi-negros, e isto após o desgaste todo da partida de quinta-feira pela Libertadores contra o Defensor, do Uruguai. Depois do gesto de Cristian na comemoração do segundo gol- levantando os dedos médios para a torcida tricolor- pode-se esperar que a revanche do domingo que vem, no Morumbi, será bem mais quente. E, que desta vez, haja menos interferência daquele componente do jogo que, em suas melhores atuações, deveria ser praticamente ''invisível''...Alcnol.