quarta-feira, 13 de junho de 2012

Começam a soar os bumbos e trombetas: ''no hay mucha gente, aún, pero tenemos bastante diversión''...

Mais uma coisa sobre o cenário deste ato.
Se observarmos bem o mapa da cidade e, em especial daquela região, notaremos que várias Avenidas convergem para a Plaza de Mayo...
De um lado, a Avenida Roque Saenz Peña. Ao centro, a Avenida de Mayo( com várias estações de metrô também)e, por fim, a Avenida Julio Roca. Juntas, elas formam uma espécie de ''triângulo'', convergindo para a famosa Praça...
Parece, em suma, que esta área foi ''planejada'' para manifestações mesmo...
A Presidenta Cristina Kirchner já deve parecer bastante ''radical'', sobretudo para investidores espanhóis e norte-americanos. Isto dificulta um pouco entender a posição destes manifestantes opositores.
Daremos um exemplo, sutil é verdade: enquanto o Governo Argentino EXPROPRIOU ações da IPF pertencentes a investidores espanhóis, mas deixou intocadas as demais ações( algumas pertencentes a investidores privados argentinos), os manifestantes de ( ultra)esquerda defendiam que ''todas as ações passassem para as mãos do Estado Argentino''...
Ou seja: atualmente, o país vizinho parece dividido entre nacionalistas que defendem um papel maior do Estado, e aqueles que defendem que o Estado( o Governo)tenha o controle de TUDO( dos bancos, das petrolíferas, das companhias aéreas, etc...).
Várias das privatizações do Governo Menem- que contaram, à época, com o apoio do casal Kirchner- foram desfeitas. Isto seria como se o Governo Brasileiro tomasse, por exemplo, de volta o controle da Vivo( ex-Telebrás)...
Para não alongar demais este post, as fotos mostram a marcha pela Avenida de Mayo de uma corrente pequena, mas bastante barulhenta, chamada ''Izquierda Socialista''( no próximo texto tentaremos resumir estas divisões da esquerda argentina).
Com bumbos, alto-falantes, bandeiras e um carro de som próprio para ''agitar'' os seus apoiadores, estes manifestantes ''animaram'' esta fase prévia à manifestação, dando a todos os presentes a noção clara de que algo maior ainda viria...
Os cerca de 300 manifestantes ficaram cerca de meia-hora fazendo um barulho ensurdecedor, o que me deu a impressão- olhando para a constrangida apresentadora que estava no alto do palco montado no centro da Plaza de Mayo, que os chamava a todo instante- de que eles optariam por ficar um pouco longe do ato principal...
Será?
O cenário meio ''europeu'' da Avenida de Mayo poderia nos dar a sensação de estar em alguma cidade como Madri ou Paris.
Mas a animação- a ''barulheira'' produzida por todos estes bumbos, cornetas, carros de som- esta era ''tipicamente argentina'' mesmo...
Incomparável...
E o ''espetáculo'' estava só começando...
Alcnol.

Primeiro de Maio e o cenário: Plaza de Mayo...

Francamente, eu não achei que iria dar muita gente neste ato da Plaza de Mayo.
Primeiro porque- ao contrário de outros anos, em que multidões tomavam todos os cantos da gigantesca Avenida 9 de Julio nesta data- o movimento sindical argentino está rachado.
Muitos sindicalistas participaram do comício governista no estádio do Vélez, que antecedeu a nossa chegada a Buenos Aires. Em razão disto, não estava dispostos a sair novamente às ruas...
O principal líder da Central Sindical CGT( Hugo Moyano)está ''rompido'' com o Governo Cristina Kirchner e, em função disto, não preparou nenhum ato...
Para aquele Primeiro de Maio- Dia Internacional do Trabalho- estavam previstos apenas 3 eventos: um na Federação de Boxe, reunindo alguns sindicalistas governistas( teve 1000 pessoas, segundo os jornais do dia seguinte). Um outro da CTA, central opositora, na região da Avenida 9 de Julio( não consegui informar-me sobre o local exato). E este terceiro na Plaza de Maio, local fácil de achar, reunindo sindicalistas opositores e partidos de extrema-esquerda. Pensando em eventos similares no Brasil, pensei que não chegaria sequer a 500 o número de presentes...
Para piorar, ao contrário dos últimos dias, esta terça-feira estava ENSOLARADA na capital argentina( para mim um claro recado de que estava na hora de ir embora...). O que me forçava a, em um lugar aberto, procurar alguma ''sombra'' enquanto esperava o início do ''espetáculo''...
Francamente: ato de sindicalistas opositores e partidos ultra-minoritários, sem apoio oficial e sem ''shows'' musicais marcados, e sem a distribuição de ''brindes'' e ''lanches'' aos participantes- como é comum neste tipo de eventos- quantas pessoas iriam participar? ''Muy poucas'', eu previa...
Sem contar que estes caras estavam contra uma Presidenta que foi reeleita com maioria absoluta de votos, que contava ali com cerca de 70% de aprovação nas principais pesquisas de opinião e que havia acabado de expropriar as ações da IPF( principal companhia petrolífera do país)em poder de empresários espanhóis, com praticamente o apoio unânime do Congresso Argentino...
Mas, repito, era Primeiro de Maio. E eu, a qualquer custo- inclusive do meu almoço, como mencionei- estava disposto a assistir um ''ato típico argentino''.
Em um país no qual os torcedores sempre apoiam os seus times- mesmo perdendo de 3 x 0- e fazem um ''espetáculo'' incomparável nas arquibancadas( com muita violência também, há que se admitir...), e no qual o ato de ''protesto'' virou quase uma instituição nacional( as ruas e avenidas da capital são ''cortadas'' quase que diariamente por manifestantes de todos os tipos, até mesmo ''a favor''( como sindicalistas ''pelegos'', Avós da Praça de Maio e ''piqueteiros'' pró- Governo)um ato nunca é apenas um ato...
Reclamam vários brasileiros da nossa passividade, comparando-nos aos argentinos. Certo é que a combatividade do povo vizinho não livrou-os de ditaduras, corrupção, problemas de todas as espécies que prosseguem até hoje em dia. ''Resistir'', ''combater'' algo, não significa que estas coisas ruins a que nos opomos desapareçam como que por encanto...
Mas que o nosso país seria bem mais divertido com umas ''marchas'' destas cortando as ruas das principais cidades- principalmente a Capital da República- ah, isto seria...
Alcnol.
PS: A seguir, mostraremos como foi o ato de Primeiro de Maio da ''Frente de Esquerda'' argentina...