sexta-feira, 29 de maio de 2009

Viagem a Santos- II

Conforme mostrado no último post, estamos em Santos. Na parte histórica da cidade, nas imediações do Porto de Santos. Aliás, o que não é histórico em Santos? Talvez apenas uns poucos prédios recém-construídos na orla da cidade...Infelizmente o centenário bondinho não está funcionando, em função das várias reformas naquela região do centro. Mas como não se encantar com uma cidade onde encontramos todas as fontes em perfeito funcionamento? E onde, como nesta agradável Praça Mauá, em frente à Prefeitura, existem até banheiros públicos? No quesito conservação do patrimônio público Santos parece estar bem à frente de São Paulo...E é nos detalhes que se pode apreender bem qualquer fenômeno, inclusive uma cidade...Alcnol. PS: Fotos 1 e 2- ponto de partida do bondinho, na Praça Mauá, e cartaz explicando a desativação temporária do serviço. Foto 3: trecho exclusivo para pedestres na Rua Riachuelo, com a montanha ao fundo, outro diferencial da cidade de Santos...Fotos 4 e 5: fontes funcionando na Praça Mauá, e o banheiro público( coisa raríssima na capital paulista...). Foto 6: as fontes vistas por outro ângulo. Foto 7: a Prefeitura de Santos. Foto 8: visão panorâmica da Praça Mauá. Foto 9: parada de ônibus no centro da cidade.

Budapeste- I...

O filme ''Budapeste'', recém-lançado, para a minha alegria é um filme de contrastes, de múltiplas nuances. A estória começa no Rio de Janeiro. Mas, ao contrário de todas aquelas narrativas cariocas- cheias de leveza, humor, estórias amorosas, etc.- ''Budapeste'' soa estranho, sombrio, reflexivo, meio ''Paulista''- para sintetizar. E devemos tudo isto ao ator principal escolhido- Leonardo Medeiros- que literalmente ''carrega o filme nas costas''...É graças a ele que podemos assistir uma incrível cena de alguém fazendo amor com Giovanna Antonelli e, ao mesmo tempo, mantendo a sua ''fleuma'' e o ar distante...Poucos indivíduos conseguiriam fazer isto( eu, confesso, acho que não conseguiria...), mas Leonardo Medeiros- o homem que conseguiu fazer uma pouco provável fusão entre brilhantes filmes nacionais e novelas de TV, sempre com a mesma competência- conseguiu. ''Budapeste'', para o meu gosto, é um filme de estranhezas, um filme sobre a sensação de ser estrangeiro não por estarmos em no exterior, em outro país, mas sobre ser ''estrangeiro'' na vida...Para isto, nada melhor do que um ''ghost writer''( um escritor mercenário, um escritor que é pago para criar textos e livros que receberão o nome de outras pessoas- que levarão todas as honras), o ''homem das sombras''. Genial, brilhante, mas incapaz de assumir a autoria do que faz- a ele é reservado o incômodo papel de assistir as vitórias dos outros, com base naquilo que ele criou. É assim que o personagem é tomado de ciúmes de sua bela mulher ''Vanda''( apresentadora de telejornais, com um gosto acentuado pelos ambientes da chamada ''Alta Sociedade''). Como o filme é repleto de ''flashbacks'', sabemos que ele já está em Budapeste- lembrando-se de seu fracassado casamento no Rio de Janeiro. ''Budapeste''- incrivelmente definida por um de seus habitantes como uma espécie de ''Rio de Janeiro'' europeu( ''nós somos os cariocas do Leste Europeu'')- encaixa-se à perfeição ao estilo sombrio do personagem: lá ele conhece outra mulher, e aprende tão bem o húngaro que passa a acreditar poder escrever melhor naquela língua do que em português...Claro que os naturais daquele país percebem melhor toda esta ''farsa'' de alguém que se torna, também em ''Budapeste'', uma vez mais a voz dos outros. Novamente um ''escritor de aluguel''...As imagens de Budapeste são sensacionais e, por si só, valeriam uma pequena espiadinha no competente filme: a ponte que liga as regiões de ''Buda'' e ''Peste'' da cidade( parecida com a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis...), os bondes dourados circulando pelas ruas( infelizmente as principais capitais brasileiras desativaram os seus serviços de bondes, que teriam grande potencial turístico), as construções antigas, etc. A cena do personagem retornando forçado ao Rio, onde escuta- em pleno Leblon- sambas( inevitáveis em filmes passados na capital fluminense...)cantados em húngaro também é genial. Por tudo isto, até esquecemos que o final deixa um pouco a desejar, sendo, digamos assim, ''literário demais''- meio forçado, para sintetizar...Quem não gosta dos chavões tradicionais dos filmes brasileiros- ora apelam para o sexo quase explícito, ora para a violência demasiada- há de contentar-se com este ''Budapeste'' que, de tão diferente, de tão sutil, de tão psicológico, ''nem parece filme nacional''...Quem diria que faríamos um elogio desta espécie algum dia, mas a intenção é mostrar que, realmente, este é um filme diferente, brilhante, original, fora da média...Alcnol. PS: De brinde a participação especial do autor da obra ''Budapeste''- o cantor e escritor Chico Buarque- falando húngaro...