quinta-feira, 1 de maio de 2008

Finalmente o frio!

Após uma semana de muito calor, em que as temperaturas ficaram na casa dos 30 graus, ontem elas caíram pela metade. Após almoçar em Higienópolis, e voltar caminhando para a região da Avenida Paulista- devidamente trajado com casaco de frio, é claro- olhei para um relógio de rua e me surpreendi: ele estava marcando 14 graus, e eram 2 horas da tarde...Não era esta a sensação que eu tinha. Embora tenha ouvido aqui e ali as eternas lamentações quanto ao frio, que fiz questão de ignorar, na hora em que entrei na Paulista, em frente ao Conjunto Nacional, eu estava até com um pouco de calor...Explico. Caminhava com um casaco de frio e uma camiseta por baixo. Na verdade, eu não ponho estas roupas de frio por estar com frio. Ponho pela oportunidade de usá-las, e também para não destoar da maioria de ''friorentos''...Curitiba é, até aqui, a minha maior referência de frio. E lá, já cheguei diversas vezes com a temperatura marcando cerca de 16/17 graus. Eu vestia camisa de manga curta, e não senti nenhum frio. A única vez que senti frio, DE VERDADE, foi quando fui fazer um concurso lá, em uma gelada manhã de domingo. As pessoas de outros lugares, acostumadas a bruscas mudanças de temperatura, não imaginam que um dia possa começar em cerca de 10/11 graus, e continuar assim...Este foi o meu erro de cálculo... Cheguei ao local da prova e até brinquei com alguns candidatos vindos de São Paulo, que usavam até uma espécie de gorro na cara. E grossos casacos. E eu ali, sentindo um pouco de frio com a minha camisa de mangas curtas... Tudo bem, eu pensei. Até o final da prova as coisas mudam. Terminei a prova, horas após, e minha tolerância ao frio já tinha diminuído bastante. Agora eu estava com FRIO, REALMENTE, e não havia nenhum táxi ao redor! Resultado: eu andava, e pulava também para aquecer-me. Custei a achar um táxi naquele bairro deserto...Eis o meu ''ponto de frio'', que jamais esquecerei. Sinto frio, de verdade, quando faz cerca de 10 graus. Acima disto, qualquer outra coisa não passa de ''friagem''... Eu boto roupas ''de frio'' porque acho bonito. Todos ficam mais elegantes assim. Recuperamos peças esquecidas, cachecóis, luvas, sobretudos, casacos de lã- notem que não usei nada disto ontem na Paulista...A sensação que temos no frio é que o mundo está assim, todos os lugares estão assim. Nada mais decepcionante do que falar com alguém de outra cidade- no caso Brasília- e ouvir que ''aqui está quente''. Como?!!! Como alguém pode ousar ''quebrar'' a minha prazerosa sensação de ''frio''?!!! Minha tese é que, no frio, o verde parece ainda mais verde. A natureza parece ainda mais viva, parece chamar ainda mais a nossa atenção. Os passarinhos, que ao que nos conta não costumam reclamar da vida ou de tempo ''ruim'', continuam a cantar, com toda a alegria que lhes é inerente. O tempo parece em estado de suspensão, com toda a sua brancura( ou ''cinza'', para os que não compartilham estas idéias...). A sensação de ''frio'', de um pouco de frio, me arrepia a pele- dando-me neste instante a breve ilusão, a certeza de estar ainda mais VIVO. Nem que seja, ao ouvir alguém praguejando contra o ''frio'', para subitamente ter a idéia de cobrir-me um pouco mais com uma manta para escrever estas breves linhas de louvor aos dias frios...

In Memoriam...

Em outro ''post'', eu afirmei que não podemos nos apaixonar por algo que não conhecemos. Podemos gostar desta coisa, desta pessoa. Mas paixão não dá. Também não podemos, ao revés, chorar a perda de algo que não sabíamos que havia acabado. Lamento aqui, neste momento, a ''morte'' dos astronautas norte-americanos ''Tony Neumann'' e ''Doug Phillips''. Os dois foram vistos pela última vez no seriado ''Túnel do Tempo'' que, segundo soubemos pela leitura breve em uma livraria paulistana do ''Almanaque dos Seriados'', só teve uma breve temporada e foi cancelado por falta de audiência. Enquanto não sabíamos do cancelamento da série, em 1966(!), sempre havia uma esperança de achar algum dia uma caixa de DVD's com umas duas ou três temporadas de ''Túnel do Tempo''. Agora, não há mais esta esperança. Choremos, pois...A série foi criada pelo genial produtor Irwin Allen, que também concebeu ''Viagem ao Fundo do Mar'', ''Jeannie é um gênio'' entre outras. Nós, que tivemos o privilégio de assistir ''Túnel do Tempo'' por aqui na TV aberta nos anos 70, lembramos de algumas características marcantes daquele programa, que marcou a nossa infância: a base de onde os dois astronautas foram lançados ficava no subterrâneo de um deserto. Tinha muitos andares, e eles eram obrigados a deslocar-se através de um elevador. Os computadores eram todos, nas séries daquela época, uns ''mainframes'' gigantescos. Acho que ''tamanho era documento'' na computação daquela época...A abertura em que eles entravam para viajar pelas eras ficava girando, de modo hipnótico. E, durante as viagens, eles vagavam em meio a uns cristais psicodélicos- talvez criados por algum ''doidão'' movido a LSD daquele período...A série, informa-nos o autor do ''Almanaque dos Seriados'', era barata. Utilizava imagens de arquivo dos estúdios. Mesmo assim, ao final da primeira temporada as idéias foram ficando raras. Bem como as verbas do estúdio, que propôs mais alguns cortes. Irwin Allen não aceitou, e nós ficamos definitivamente sem aquela maravilha...Se eu morresse agora, e fosse possível dissecar as imagens que ficaram na minha mente, certamente encontrariam várias referentes ao ''Túnel do Tempo''. Uma vez que não é possível adquirí-la na Amazon, assim como os episódios de ''Terra dos Gigantes''( outra série legal daquela época), resta a nós conformarmo-nos com as caixinhas de ''Perdidos no Espaço'' e ''Jornadas nas Estrelas'' que não nos cansamos de rever...Tony e Doug ficaram definitivamente perdidos no tempo...Não mais foram vistos, e sequer resgatados por seus companheiros. Mas não ficarão jamais perdidos na nossa memória. Quem sabe não os reveremos algum dia em alguma lojinha especializada em séries antigas? Enquanto isto, choramos a perda- ou melhor, a descoberta desta perda- de uma série que acabou em 1966...