quarta-feira, 16 de abril de 2008

Criancices...

Antes de mais nada, estes comentários foram escritos tendo em vista o que a imprensa vem revelando do provável resultado do laudo do instituto de criminalística, no caso Isabella. Ou seja, a agressão teria sido feita pela madastra, e o corpinho da criança atirado por seu próprio pai. A conduta dos dois supostos assassinos é bem significativa e emblemática. Desde o início, os dois buscaram eximir-se de qualquer responsabilidade. Sabe-se agora que a irmã de Alexandre Nardoni recebeu uma ligação, enquanto estava com amigos em um bar, e, assustada com a revelação, correu apressada para o banheiro para ouvir maiores detalhes. O pai de Alexandre trocou ligações com os filhos, freneticamente, na noite do assassinato, mas quem ligou para a Polícia foram os vizinhos...Tudo isto revela mais uma faceta de uma conduta infantil, disseminada entre muitos brasileiros: ''eu não tenho culpa'', bradam muitos em alta voz. ''Não tenho culpa'' por dirigir embriagado e em alta velocidade, e atropelar uma família inteira. ''Não tenho culpa'' por eleger maus governantes. ''Não tenho culpa'' pelas enchentes que assolam a cidade, mesmo que eu próprio costume jogar lixo pela janela do carro. ''Não tenho culpa'' pelo trânsito, afinal o meu carro é ''apenas só mais um, não é?''.Nós não somos responsáveis por nada. Isto se disseminou a tal ponto que as próprias pessoas que optam por simular este jogo acabam acreditando um pouco em suas próprias fantasias...'Não temos culpa'', e vão jogando suas misérias nas contas de terceiros...A conduta de Alexandre Nardoni, caso seja mesmo considerado culpado pela Justiça, revela imaturidade. Alguém que, sempre que foi confrontado com problemas, buscou a ajuda do pai, especialista em ''varrer o lixo para debaixo do tapete'' ( advogado...). ''Não tenho culpa'' tornou-se o mantra de Alexandre, a cada emergência. E sempre passando impune. E continuamos acreditando que o pai não matou a menina Isabella- nada nos dá a entender isto. Ele foi cúmplice do ocorrido. Tentou cobrir a conduta de sua mulher, ao invés de contribuir para a solução do fato. Talvez não tenha sequer agido deliberadamente. Mas é irresistível para alguém que bradou a vida inteira ''não tenho culpa''- e sempre contou com a ajuda dos outros para resolver os seus próprios problemas- a idéia de ''tirar a culpa'' de sua própria mulher. Afinal, o mal já estava feito, né? Aparentemente a menina estava morta. Faltava criar uma situação que desse a impressão de que alguma outra coisa pudesse ter ocorrido. ''Vamos jogar o corpo''. Só que a menina não estava morta...Não estava morta sequer quando caiu. A intenção de livrar a própria esposa da acusação de agredir a menina foi tão forte, e de mais uma vez conseguir sair de uma situação problemática ''sem culpa'', que o pai- que não pretendia, repetimos, matar a própria filha- acabou entrando para o centro dos acontecimentos. Como cúmplice. Resistir à tentação de acobertar tudo era demais para um ''expert'' nestes assuntos, né? E ainda houve quem, nos meios de comunicação, manifestasse sua indignação pelo ''pre-julgamento'' apressado do casal...Pobres são linchados, presos por tempo indeterminado, tem seus rostos mostrados na TV- sem escolha- como ''assassino'', ''estuprador'', etc. Mas, para muitas pessoas de classe média, que tem advogados, que impetram ''habeas corpus'' para mantê-los soltos ( com a cumplicidade de diversos membros de Tribunais ), a conversa é outra. Eles ''não tem culpa'', não é? Neste caso, ao que tudo indica, podemos concluir o oposto. A ''família perfeita'', os ''gente boa sem antecedentes criminais, com residência fixa e ocupação determinada ( será?)" TEM CULPA SIM. E não dá para negar, acobertar o que eles supostamente fizeram. Que isto sirva de exemplo para os demais ''inocentes'', ainda não apanhados pelo sistema...

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