terça-feira, 17 de junho de 2008

Tempo bom...

Hoje até fez um solzinho mais quente que o de ontem. Cheguei a sentir um pouco de calor no início da tarde, e marcou 19 graus na Paulista esta hora. Mas este não é o ''tempo bom'' do título...''Tempo bom'' é apenas uma convenção. Você chega a outra cidade, pega um táxi, e já vem aquele manjado comentário de que o tempo está ''bom''- leia-se sol aberto, forte- ou ''ruim'', o oposto. Embora esta CONVENÇÃO- a de que há um tempo ''bom''- esteja disseminada por todas as partes, ela não se aplica a todo mundo. Para mim, o tempo está bom quando faz frio. Está bom quando chove. Está bom quando ponho dois ou três casacos, e saio para caminhar, e o sol está por trás das nuvens...É, por mais estranho que isto possa parecer, eu detesto calor. Um pouco de sol, e já começo a transpirar. Tenho de usar, para me sentir melhor, umas 2 a 3 camisas diferentes nestes lugares muito quentes. Sem contar a chatice que é ter de tomar banho toda hora. O frio, por outro lado, é bom. Muito bom. O frio me desperta, enquanto o calor amolece. O frio arrepia. O frio me faz sentir vivo. Um dos melhores filmes que assisti no Festival Internacional de Cinema de São Paulo, ano passado, era um filme argentino. Nele, um casal trafega com uma menininha. Um carro se choca contra o veículo deles. Aí o filme já passa para um lugar bem frio, na Patagônia Argentina. O pai foi o único sobrevivente, ao que tudo indica. Ele vai trabalhar no Sul do país vizinho, em um Aeroporto. Devido ás condições inclementes de tempo, pouquíssimos aviões conseguem pousar naquele lugar tão inóspito. O cara fica o tempo todo recebendo misteriosas ligações em seu celular, mas nunca as atende. Nem quando é incentivado pelos colegas a fazê-lo. O final eu não conto. Mas não há nada como um lugar frio para curar qualquer ferida, para nos fazer esquecê-las, para nos fazer concentrar-nos no que é essencial ali: sobreviver. Gaúchos, uruguaios e argentinos costumam- para meu prazer- fazer volta e meia estes filmes ''on the road'', nos quais as pessoas fogem para lugares frios para resolver dilemas existenciais. Pode ser até uma praia, mas fora da temporada. Aquela praia imensa, com muitas dunas, mas deserta...Por este costume, que me é tão simpático, considero estes povos minhas nações afins. Irmãos. O ''frio'' aqui bate recordes. Chegou a 7 graus esta manhã. É bom, muito bom. Melhor ainda ler que, em Curitiba, chegou a 1 grau negativo...A 5,7 graus negativos em São Joaquim- SC...O tempo bom, para mim, se espalha por todo o Sul e o Sudeste deste país. Uma bela confraria de casacos, cachecóis, meias de lã, sobretudos se espalha pelas ruas da cidade, mesmo que sejam na verdade velhos- de outras temporadas. Eu tiro os meus do armário, com cheiro estranho de naftalina. Sequer posso usá-los direito. Mesmo os mais finos, com uma camiseta por baixo, me causam calor. Transpiro. Acho que já falei nisto, não? Será que estamos no início ou no fim deste post? Talvez sejam apenas reflexos de um tempo- bom ou ruim, não importa- congelado...Acho que o ''céu'', caso exista, deve ser deste jeitinho: tudo branquinho( ou ''cinzento'', para os críticos), frio, geladinho...E Deus- oh, blasfêmia!- deve ter a aparência de um esquimó ou um pinguim...