quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Política...

Discordo veementemente da surrada frase ''político é tudo ladrão'', repetida volta e meia. Não que muitos não sejam mas, assim como no mundo aqui ''de fora''não dá para generalizar com afirmações do tipo ''brasileiro não presta''( e os que dizem isto, nasceram em Marte???!), generalizações acabam sendo a forma mais simplista e superficial de lidar com problemas. E, geralmente, dão margem a atitudes comodistas como a de cruzar os braços...O maior problema da Política é que as pessoas que optam por este caminho tem uma moral, digamos assim, meio ''elástica''. Não é só ficar berrando a altas vozes toda hora ''pega ladrão!''. Não, não precisa sequer roubar para se desencaminhar no mundo da Política. Às vezes, basta fechar os olhos para o que está acontecendo...Basta simplesmente acobertar em seu partido pessoas processadas por corrupção. Basta um simples gesto de aliar-se com figuras duvidosas...Você vai percebendo que não é muito difícil ''desviar-se'' no mundo político...Mas o pior, talvez não tanto quanto efetivamente ''roubar'', apropriar-se da coisa pública em prol de seus mesquinhos interesses, o pior é que eles- de tantas críticas que recebem- acabam desenvolvendo uma espécie de ''couraça'' contra os comentários do ''lado de fora''. Desculpem-me os autistas pela comparação grosseira, mas há uma doença muito mais grave e sem cura chamada ''autismo político''. É assim que o ex-prefeito Paulo Maluf, processado mas ainda não condenado em última instância, desfila para cima e para baixo com uma bandinha de música para abafar a voz de seus críticos na rua. Outros se fingem de desentendidos. Outros, e isto é bem comum em vários componentes do atual Congresso Nacional, vivem em um ''mundo à parte'' do resto da população brasileira. Falamos em violência, miséria, inchaço dos grandes centros, estradas mal-conservadas, aeroportos em péssimo estado de conservação, enquanto eles discutem os assuntos próprios deles em seus gabinetes ou nos restaurantes de luxo do Planalto Central. Por isto, é cada vez mais difícil fazer como outrora e ler os tais colunistas políticos que, coitados, tem de conviver diariamente com tudo isto. Fingir que são sérias as conspirações em torno do nome ''x''ou ''y'' para concorrer a um cargo qualquer. Esta é a política com ''p'' minúsculo. No entanto, como deixei claro no início deste ''post'', não dá para generalizar. Abster-se significa contribuir para que esta situação se eternize. Afinal, eles estão lidando com os nossos interesses. São, ou deveriam ser, não os servidores de si próprios, mas os servidores da coisa pública. Os nossos servidores. Houve uma época em que bastava votar em uma legenda, que identificávamos com a ética e a coragem. Hoje não dá mais para fazer isto. Os partidos, todos eles, tem inúmeros grupos e alas lutando entre si pelo poder interno e externo. Hoje, mais do que nunca, há que se estudar para poder votar tanto quanto se estuda para uma prova. Investigar. Perguntar. Confrontar propostas. A Internet facilita isto, muito mais do que o cada vez mais modorrento horário eleitoral. Não me arrependo das vezes em que fiz este trabalho de ''detetive'', motivo pelo qual não sou daqueles que, uma semana após as eleições, dizem ''não se lembrar'' do político em que votaram...Não é falta de memória, aliás, é vergonha mesmo...A política é cada vez mais incômoda porque nossa maior motivação acaba sempre sendo, no caso das candidaturas majoritárias como Prefeito, Governador e Presidente da República, votar em fulano ''contra'' sicrano. Este é um comportamento criticado. Diz-se que o ideal, ao menos no Primeiro Turno, é votar no melhor candidato. No segundo, já seria outra coisa... Mas, e se o Segundo Turno reservar-nos a indesejável tarefa de escolher entre dois candidatos medíocres? Você vota no melhor, e acaba tirando as chances de um mais razoável disputar o Segundo Turno e o cargo executivo. Não espere aqui uma solução. A Política nos reserva, e continuará a reservar por muito tempo, dilemas desconfortáveis como este. Porém, se flexibilizamos por este lado, isto não significa que- como muitos políticos o fazem corriqueiramente- estejamos tolerando qualquer espécie de negociata ou desvio de recursos públicos. É justamente para manifestar a nossa hojeriza a este tipo de coisa que não devemos abandonar a Política...na mão de muitos destes políticos atuais...

Integrados X Apocalípticos

Já antevejo os mais puristas, como o meu caríssimo amigo ''Dudaleu'', torcendo o nariz para as novíssimas fotos publicadas no blog. Afinal, aqui você poderá encontrar também um texto em que faço um enorme louvor à palavra, o que há de mais importante no mundo. A nossa razão de existir, inclusive deste blog. Mas, comparando com o que vou relatar aqui em instantes, as poucas fotos que incluí no último post não são nada. Apenas uma adesão tardia a algumas comodidades da tecnologia. Segundo a interessante revista ''Veja Tecnologia'', o cientista Gordon Bell arquiva no disco rígido tudo o que ouve, diz, vê- ou sente. Ele, segundo a matéria, ''é um dos precursores da era da digitalização total, em que todas as experiências de uma vida podem ser convertidas em bits''. Ainda de acordo com a reportagem, ''transformado em bits, Bell ocupa um espaço de 180 gigabytes(GB). Ou seja, pode ser armazenado num PC convencional. Os registros feitos pelo cientista incluem conversas com amigos, fotografias de viagem, documentos, artigos, cartas, telefonemas, recortes de jornal, livros e- surpreendentemente- detalhes de sua navegação na Internet. Há cópias de 176733 páginas consultadas na web e de 136675 e-mails trocados. Outras 800 páginas oferecem um perfil da saúde do pesquisador, com informações sobre a duração da bateria de seu marca-passo( Gordon Bell tem 74 anos...). São mais de 460000 mil ítens. Bell digitaliza sua vida desde os anos 90( nosso grifo). No início, a curiosidade o motivou. ''Eu queria saber qual o tamanho da minha memória em bits'', disse a Veja''. Curioso: ''desde 2003, Bell usa uma câmera, batizada de SenseCann, pendurada no pescoço. A máquina tira 200 fotos por hora'( nosso grifo). O engenheiro de computação Deb Roy, diretor do grupo de máquinas cognitivas no laboratório de mídia do MIT, foi além: completou em julho a gravação- em áudio e em vídeo- de grande parte dos três primeiros anos de vida de seu filho. Segundo a ''Veja Tecnologia'', ''Roy instalou em casa 11 câmeras(!)comlentes grande-angulares, que permitem total monitoramento do ambiente, e 14 microfones(!). Gravou 70% de toda a vida do filho quando acordado. Os arquivos incluem 16 milhões de sons e palavras balbuciados pelo garoto''. ( ''Veja Tecnologia'', setembro de 2008, Editora Abril, ''Quero ser digital'', páginas 30 a 35- trechos selecionados). Diante disto tudo, as pequenas mudanças que faço aqui parecem pré-históricas...Grande coisa: aprender a fotografar com celular, quando até crianças pequenas já fazem isto...E, em caso de dúvida, resolvem os ''pepinos'' para seus pais...Nem ''integrados'' nem ''apocalípticos'', ou melhor, talvez um pouco de cada. A tecnologia nos fascina e atemoriza ao mesmo tempo. No rumo em que as coisas andam, isto é até compreensível...

Comendo ''fora de São Paulo''

Como já foi dito aqui inúmeras vezes, uma das mais marcantes características da cidade de São Paulo é a criação de ambientes ''exóticos''. De preferência, que nos dêem a impressão de estarmos FORA DE SÃO PAULO. No último fim-de-semana fui caminhar no Parque da Aclimação. Ao sair, deparei com uma placa de um restaurante vegetariano. Na hora, pensei que ele não abria no domingo, e decidi voltar durante a semana. O lugar é muito mais do que eu pensava à primeira vista: ele tem 3 ambientes, uma lanchonete na entrada, o restaurante logo acima, e no segundo andar um local com diversos ambientes, incluindo um ao melhor estilo japonês- onde se come sentado no chão e com mesinhas bem mais baixas...Pode-se escolher entre comer dentro e fora, em um jardim à sombra de belas árvores( aliás, tive a impressão de que as árvores do Parque da Aclimação e as do restaurante formavam um ambiente só, embora haja uma rua passando em frente ao estabelecimento...O nome do lugar, e não tenho nenhum receio em divulgá-lo sob risco de ser acusado de fazer propaganda- uma vez que se trata de um lugar ''alternativo'' de altíssima qualidade- é ''Anna Prem'', bistrô e restaurante natural. A culinária e o ambiente são fortemente influenciados pela cultura indiana, embora eles tenham abertura suficiente para escolhermos entre pratos exclusivamente vegetarianos, lacto-vegetarianos e aqueles com peixes ou frango. Tudo muito saudável, com alimentos orgânicos e sem aditivos químicos ou conservantes. A chamada ''culinária viva''. O prato já vem montado. Escolhi uma espécie de macarrão. Em uma pequena valise, a salada. Com suco de limão e gengibre. Muito bom. Enquanto comia, só eu na parte de fora porque estava um pouco frio e os demais clientes preferiram refugiar-se no interior do restaurante, ventava um pouco, e o sol abria de vez em quando- espalhando seus raios por cima de algumas mesas. Como estas estavam prontas de antemão, alguns talheres foram parar no chão- obrigando as atendentes a recolhê-los. Ao fundo, o som de água caindo- de uma pequena fonte instalada no jardim- e de uma belíssima e suave música ''new age''. ''Trapaceei'' para repetir a sobremesa. Em cima, junto com o almoço, comi duas bolas de sorvete de côco com tapioca. Ao sair, e passar pelo entreposto e lojinha natural da entrada, pedi mais uma sobremesa- um ''olho de sogra'' dos deuses( o doce, não a sogra...). De quebra ainda dei uma pequena passada no Parque, onde tirei algumas fotos. O folheto do restaurante traz no verso uma propaganda do Parque, uma das maravilhas paulistanas- o meu preferido. O Parque da Aclimação é bem pequeno, sendo percorrido em não mais de 10/15 minutos. O descobri quando ele foi mostrado em alguma das novelas- uma com a Cláudia Raia- da Globo, gravada em Sampa. Alguém poderia perguntar por que alguém iria a um Parque para caminhar só cerca de 10 minutos em seu interior. O mais bacana, para falar a verdade, é o caminho até lá. De onde moro, na Paulista, levo cerca de uma hora andando, nos finais de semana. E há várias opções: ir e voltar de metrô, ir andando e voltar de metrô, e ir e voltar andando... O caminho é bacana, pois cruzo toda a Avenida Paulista até a Rua Vergueiro, onde por sinal há um belo ipê amarelo nas proximidades de um prédio do Metrô e do Centro Cultural São Paulo, e desço as várias''ladeiras'' situadas no caminho. Uma foi batizada por mim de ''ladeira da morte'', uma vez que é bem íngreme. Claro que, para batizá-la assim, a primeira vez que passei por ela foi de volta do Parque, subindo...

If the world could vote( ''se o mundo pudesse votar'')

Não há a menor sombra de dúvida sobre qual é a ''vontade popular mundial'' sobre as eleições americanas. Se você quiser quantificar esta vontade, ou mesmo manifestar-se e sentir o gostinho do voto ''lá'', há uma maneira. Acesse o site www.iftheworldcouldvote.com . Nele é possível constatar algumas peculiaridades: John McCain ganha em um único país, a Geórgia, com 66, 7% dos votos dos internautas. Na República Tcheca, há um virtual empate entre os dois, com pequena margem pró-Obama de cerca de 10 pontos percentuais. Os dois estão literalmente empatados em Israel ( diferença pró-Obama de 3 pontos, dentro da ''margem de erro'' da maior parte das pesquisas oficiais), Quênia( 4 votos no total, 50% para cada um) e Namíbia( apenas 2 votantes ao todo, com 1 voto para cada um). Antes que você faça alguma gracinha do tipo ''está vendo? os africanos gostam mesmo é de John McCain'', o número ínfimo de votos nos dois países não permite uma visão mais aprofundada sobre qual é a opinião de seus habitantes...''Grande surpresa, o mundo quer Obama''. Correto. Mas o mundo não vota. Nós não votamos. E ficamos aqui ''roendo as unhas'', torcendo para que os norte-americanos não apostem mais uma vez na ''mesmice'' republicana...

Faz sol. E está gelado!!!

O fenômeno não é novidade para quem vive lá no Sul. Com a chegada da mais recente frente fria, no último sábado, atravessamos no momento uma seqüência de dias gelados. Os primeiros, com muitas nuvens. E chuva. Ontem, ao meio dia, o tempo começou a abrir. Andei pela Avenida Paulista em meio à massa humana que costuma cruzá-la nestas horas. Detalhe: apesar do solzinho, estávamos todos com pesadas roupas de frio...O sol até aqueceu um pouco, proporcionando a máxima do dia de 17 graus. Mas nem pensar em tirar casacos nesta hora, uma vez que um vento geladíssimo vindo lá do extremo sul do continente soprava com toda a sua força...Às 9 e pouco da noite, quando voltei para casa, os relógios de rua marcavam ainda menos: cerca de 10 graus...