sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Muito além de um ''boteco''- o novo ''Le Buteque'', recém-inaugurado em São Paulo...

Fazer um blog, afinal, dá um pouco de ''trabalho''. Ainda não encerramos os posts sobre Campos do Jordão e já viajamos para Curitiba durante o Carnaval. Mal começamos os textos sobre Curitiba, e novidades surgem no nosso regresso a São Paulo. Uma delas, talvez uma das mais aguardadas nos últimos tempos na capital paulista, é a inauguração do restaurante ''Le Buteque'', na Haddock Lobo. ''Audaciosamente'', eles foram se instalar logo ao lado do concorridíssimo ''Zucco''. No entanto, as propostas das duas casas são um pouco diferentes. ''Le buteque'', criado pelo célebre chef francês Erick Jacquin- aquele mesmo da ''Brasserie Erick Jacquin'' na Rua Bahia, em Higienópolis- surge com uma proposta de bistrô. Comidinhas leves, sanduíches, quiches, docinhos. Comprido tanto no térreo quanto no andar superior, seu formato lembra mesmo o de uma daquelas clássicas lanchonetes americanas. O interessante nome ''Le Buteque'' pode confundir apressados: a informalidade da casa não esconde o fato de que, nos mínimos detalhes, pode-se perceber a assinatura de seu criador. E ele não esconde isto: há até mesmo um prato com o nome ''Erick Jacquin''...E ,enquanto em um boteco comum as opções são um tanto limitadas/ restritas, neste novo ''Le Buteque'' a sensação é de heterogeneidade: pedi de entrada a clássica ''salada caprese'', que ali tem um formato característico dos estabelecimentos de origem francesa; no cardápio notamos também a presença de uma entrada mais ''cara''- um camembert assado, por cerca de R$61,00...mas também opções mais ''populares'', e nem por isto piores, como o ''cuscuz paulista''( que recebeu um prêmio do suplemento da Folha de São Paulo como o melhor da cidade)também constam do cardápio. Aliás, falando neste, a opção que acabei escolhendo ''saltou logo aos meus olhos'': fraldinha com cebola caramelizada e farofa. Algo simples mas, ao mesmo tempo, com uma qualidade e sabor que dificilmente encontraríamos em ''botecos'' ou casas do gênero...O ''Le Buteque'', a propósito, consegue oferecer entre seus pratos tanto o clássico ''steak tartar''- imprescindível nos melhores restaurantes franceses- quanto o ''picadinho''( outro clássico, mas de uma categoria diversa...). O lugar, com o dedo e a marca de um renomado chef, ''brinca'' conosco o tempo inteiro com esta possibilidade que oferece de transcender e combinar espécies diversas. ''Le Buteque'', falo isto mais como elogio do que como crítica, é meio ''difícil de classificar''...E a incerteza, vejam só que paradoxo, acaba aguçando ainda mais a nossa curiosidade... Este não é um lugar para ser ''rotulado'' e ''classificado'' com uma visita apenas... Comecei com uma ''salada caprese'' que ali tem a ''marca francesa''( 0 modo de preparar, a aparência, o gosto). Depois, parti para um bife acebolado com farofa. ''Simples'' e saboroso. Para finalizar só mesmo com um daqueles tentadores docinhos franceses que chamam nossa atenção logo na entrada- um balcão cheio deles- e ainda recebem destaque na decoração do ambiente. Escolhi uma torta de limão. O que dizer? Tal como nas melhores casas do gênero- e me refiro aqui aos restaurantes franceses mais do que aos ''botequins''- trata-se de um ''carro chefe'' do novo estabelecimento. ''Le Buteque'', para concluir, não é uma nova ''Brasserie Erick Jacquin''. Também não se parece com o vizinho ''Zucco''- apesar da ''audácia'' de escolher se instalar logo ao lado de uma das melhores casas de toda a cidade. Não veio para imitar, mas para criar um gênero próprio, novo, todo seu. Inicialmente podemos ficar um pouco desconcertados por sua heterogeneidade, com toda esta ''brincadeira'' , esta ''dança'' entre categorias diversas. O resultado porém, quando conseguimos ''processar'' as diferentes informações novas, é positivo. Bastante positivo, aliás. Tem o ''dedo de Jacquin'' nesta estória. O famoso chef, reconhecido internacionalmente, convida-nos para ''brincar'' com ele- transcender nossos ''velhos conceitos'' sobre o que é possível fazer ou não na área da culinária. Um pouco surpresos aceitamos o seu ''convite'' e o resultado é divertido. E muito, muito saboroso...Alcnol.

Jantar no segundo dia em Curitiba...

A parte gastronômica da capital paranaense recebeu pouca ênfase nos nossos textos anteriores. Em São Paulo, como você pode ver pelos posts anteriores, são muitas as referências gastronômicas. Começamos tudo isto como uma brincadeira: por que não mostrar tantos lugares interessantes que visitamos no nosso dia-a-dia? Em São Paulo duas das atividades mais importantes são trabalhar e comer. E come-se muito, por todas as partes. Paulistanos levam bem a sério este assunto de alimentação...Creio que em nenhum outro lugar do país noticia-se tanto a respeito de chefs de prestígio e abertura de lugares novos. Estes, e é este aspecto em especial a que temos dado mais ênfase, se esmeram na criação de ambientes diferentes que nos dêem a sensação de que estamos ''fora de São Paulo''( do stress, do corre-corre diário, da violência, da poluição...). Curitiba, até poucos anos atrás, era célebre por seus ''rodízios de churrasco'' e cantinas italianas que servem comida ''farta''. No entanto, de uns tempos para cá, as novas tendências culinárias foram conquistando espaço no imaginário de seus habitantes. Entre elas, a fortíssima tendência oriental...Restaurantes japoneses, chineses, tailandeses...Um dos mais famosos, referência na ''Veja Curitiba'', chama-se ''Lagundri Bistrô Contemporâneo''. E nós fomos lá conferir o que ele tem de melhor...Localizada na Rua Saldanha Marinho, 1061, centro, a casa- eleita pelo júri de ''Veja Curitiba'' como a ''melhor oriental da cidade''- tem um predomínio da culinária tailandesa- embora não seja especializada apenas nesta. Ainda segundo a ''Veja Curitiba'', ''a decoração dos ambientes, perfumados com incensos japoneses sem fumaça, é inspirada nos países do Sudeste Asiático. Há muitas plantas tropicais, velas, objetos típicos e até uma cascata. O sótão, transformado em lounge com mesas baixas e futons, é o ambiente preferido pelos casais. Já o deque e o jardim são disputados nos dias quentes''. Foi exatamente em um destes dias quentes- mais de 30 graus na capital paranaense durante o dia e um forte calor à noite- que eu decidi visitar o ''Lagundri''. Instalei-me no deque. Um pouco desconfortável diante do escuro e da dificuldade de ler o cardápio, além de um certo desconhecimento dos pratos de uma culinária à qual não estou familiarizado, decidi pedir atum. O garçom perguntou de que modo eu queria o mesmo( crú, ao ponto, bem passado). Desorientado, acabei pedindo- tal como faço com as carnes- ''ao ponto''. O resultado, mais por erro meu do que por qualquer outra coisa, não ficou lá grandes coisas. Não consegui terminar aquele atum meio seco, que custava a descer pela garganta...Ficou a lição: atum é meio crú...Claro que não dá para ''julgar'' lugar algum por uma primeira vez, ainda mais quanto pedimos algo errado. Não utilizamos este espaço para ''vendettas'' pessoais contra as casas. Ou algo é muito bom e marcante, e falamos disto aqui, ou sequer nos damos ao luxo de mencionar. Outro dia- antes do clássico São Paulo X Corínthians no Morumbi- almocei em uma churrascaria rodízio famosa. O serviço é muito bom. As carnes estavam boas. No entanto, não entendi porque aquele lugar tem tanta fama. Ou seja, não havia nada ali que distinguisse aquela casa dos demais estabelecimentos do gênero e seus manjados ''truques'': um deles é o encher-nos de todas as espécies de acompanhamentos para que comamos ''menos''. Outro clássico é o de oferecer inúmeras carnes nos primeiros 10 minutos, sem que tenhamos sequer tempo de comer alguma com mais calma...Em resumo: não achei nada ali digno de um comentário novo. Nada que alguém já não tenha dito sobre as casas do gênero que, aliás, só consigo frequentar no intervalo de uns 2 ou 3 meses de distância...Mas estamos falando do ''Lagundri Bistrô'', em Curitiba. Na nossa ''maratona'' gastronômica pela capital do Paraná não foi possível retornar outra vez à casa. Mostramos aqui algumas fotos do belíssimo ambiente, que ficará em nossa memória... Quanto à comida, pelos motivos antes explicados, não temos elementos suficientes para fazer um julgamento mais aprofundado- que ficará para uma próxima oportunidade( outra visita à capital paranaense). Alcnol.

Estados Unidos devem taxar produtos calóricos...

Já vimos aqui algumas iniciativas- ICMS/Ecológico, IPTU/Ecológico- tomadas por Estados e Municípios, na área tributária, com o objetivo de incrementar ações de proteção ao Meio Ambiente. A mais nova tendência na área de impostos vem dos Estados Unidos: segundo o jornal de negócios ''Valor Econômico'', em sua edição do último dia 25 de fevereiro, ''a obesidade custa às empresas dos Estados Unidos cerca de U$45 bilhões ao ano( nosso grifo)em despesas médicas e perda de produtividade(...)Nos próximos meses, é provável que um ou mais Estados e municípios tentem impôr impostos sobre refrigerantes, doces ou outros tipos de ''junk food'', nos moldes dos já existentes sobre o cigarro(...)No fim do ano passado, o governador do estado de Nova York David Paterson propôs um imposto de 18% sobre as vendas de refrigerantes gaseificados não-dietéticos e doces. Tal imposto, diz ele, levantaria US$ 404 milhões este ano e US$539 milhões em 2010, que seriam usados em programas de saúde pública que combatem a obesidade(...)''. Será que iniciativas do gênero podem contribuir para a redução dos índices endêmicos de obesidade? Ainda segundo a matéria de ''Valor Econômico'', ''estudos vêm mostrando uma clara correlação entre custos e o comportamento do consumidor. Uma pesquisa feita pela Rand Corp, em 59 cidades, constatou que as crianças ganham mais peso quando vivem em comunidades onde frutas e verduras custam mais caro. E a Universidade da Flórida acaba de publicar um estudo mostrando que quanto mais caro custam as bebidas alcoólicas, menos as pessoas bebem( nosso grifo)''. Enquanto os norte-americanos polemizam sobre o uso de impostos na área de Saúde Pública- mais um golpe contra a política de ''não-regulamentação'' adotada pelo Governo Bush e os republicanos- na Europa também há uma forte tendência neste sentido. Na França por exemplo, ainda segundo a matéria de ''Valor Econômico'', ''está sendo considerada a implementação de um imposto que varia de 5,5% a 19,6% sobre todos os gêneros alimentícios que o governo classificar como ''muito calóricos, muito doces ou muito salgados''. Neste momento você pode estar se perguntando: ''e a minha liberdade de comer o que quiser, fazer o que quiser com o meu corpo?''. No confronto entre dois direitos- tal como este entre os interesses da Saúde Pública e o seu interesse individual de consumir o que bem entender- não há a supressão de um em favor do outro. Mas, diante de um caso concreto, deve-se sopesar bem os interesses envolvidos para dar mais ênfase a um ou outro direito. No caso, trata-se uma escolha: vamos ficar inertes assistindo uma futura geração de diabéticos, hipertensos, entre outros males, lotando quartos e corredores dos hospitais públicos, ou vamos fazer algo a respeito? Os impostos tem um papel importante a cumprir nesta área. Sua liberdade de consumir o que quiser não será suprimida, lógico. Mas, nos anos que virão, você deve estar preparado para pagar um pouco mais para continuar exercendo este direito...