quarta-feira, 23 de abril de 2008

Processo Criativo

Este é o ''post'' de número 107. Algumas coisas interessantes ocorreram desde que comecei a publicar estas mensagens. Sempre gostei de conversas diretas, estilo ''pingue-pongue''. Alguém diz algo, e você rebate. Pessoas como meu pai- que falam como escrevem, e intercalam longos períodos com um ''pois bem''- requeriam uma certa adaptação de minha parte. Porém, no processo de criação deste blog, fui modificando o MEU próprio processo de criação e pensamento. Nas conversas comuns, que originaram já diversos textos aqui publicados, eu estou ficando mais ''prolixo'', ''filosófico''. Em suma, acho que estou me parecendo cada vez mais com aqueles que eu considerava ''chatos'' no passado. Pessoas incapazes de sintetizar grandes idéias em pequenas frases. O paradoxo é que a ''chatice'' de ontem me parece cada vez mais divertida...Isto porque o mundo ''real'' e o mundo da nossa imaginação tem ritmos diferentes. Na vida ''real'', há prazos. O tempo parece cada vez menor para tantas tarefas. A dita ''objetividade'' nos obriga a focar o pensamento apenas em algumas coisas, e esquecer todo o resto. Por isto, muitas vezes nos sentimos todos ''limitados'', ''presos'' em um mundo pequeno. O nosso mundo interior, o ''mundo criativo'' ( dos escritores, dos poetas, dos artistas em geral ), ao contrário, é infinito. Não é limitado por noções de tempo, de ''passado'' ou ''futuro''. Ao revés, nas nossas memórias o ''passado'' parece cada vez mais perto. Conheço idosos que não lembram fatos do cotidiano. Mas os acontecimentos da juventude tem um brilho, uma ''realidade'', um frescor, como se estivessem ''acontecendo'' neste momento. E a criação do blog me afetou no sentido de que fui me tornando cada vez mais um ''observador'' ( não percam o blog de mesmo título no endereço www.blogedups.blogspot.com ). Um observador consciente. De uma realidade riquíssima, e muito complexa por sinal, pinço diversos fatos aqui e ali e, na minha cabeça, vou estabelecendo conexões. Isto é excelente, por sinal, para a memória. Fizeram uma pesquisa segundo a qual diversas freiras de um mosteiro que escreviam DIÁRIOS eram menos propensas a sofrer do mal de Alzheimer...Enfim, vamos treinando a nossa mente na arte da Observação, como se estivéssemos diante de um grande Quebra-Cabeças Cósmico, do qual nós possuiríamos a solução..Só que, ao contrário dos quebra-cabeças normais, seria mais apropriado falar em SOLUÇÕES...Infinitas soluções...A observação consciente, e cotidiana, se junta a um processo de criação que eu chamaria de ''mediúnico''. As palavrinhas vão se juntando na minha cabeça, e eu vou colocando-as na ''folha de papel'' ( tá bom, na tela do computador! ). Estes textos todos que foram se juntando aleatoriamente neste blog eu costumo criar em cerca de 10 a 15 minutos cada, sem interrupções. Saem em um jorro...Muitas vezes sequer os reviso, quando são longos demais para isto...Só depois de publicados é que eu me dou conta dos múltiplos erros- mas aí já é tarde...O que eu quero dizer, com tudo isto, é que- enquanto o mundo exterior é finito, limitado- o mundo interior é infinito. O ''lógico'' é que, conforme vamos criando coisas, chegássemos todos a uma encruzilhada, a um ponto em que não pudéssemos criar mais nada, dizer mais nada. Porém, quanto mais tento ''esvaziar'' o pote, mais água vai jorrando...Mais idéias vão surgindo. Tudo isto se torna uma obsessão, vai se apossando de minha mente como naquele filme ''A coisa''( para os que não viram, há um líquido branco que, ingerido, torna a pessoa um zumbi. Entusiasticamente as pessoas vão comendo aquilo e forçando amigos e parentes a ingerí-lo também...haveria algum paralelo entre ''A coisa'' e este blog?! He, he, he...). Começo a pensar em levar em minhas inúmeras andanças pela cidade um bloco de anotações. Qual será o fim deste processo todo? O resultado vocês verão nos próximos capítulos. Ou serão ''posts''?