sábado, 29 de dezembro de 2007

Os cientistas e a ''morte de Deus''

''Deus está morto'', proclamavam os filósofos. A novidade é que hoje os maiores ataques vem da ciência. Mundo afora, diversos cientistas de renome publicam tratados sobre a inexistência de Deus e o ateísmo. Escândalo geral, em nações fundamentalistas como os países do Oriente Médio e os Estados Unidos...Minha perplexidade deriva do momento em que esta nova ofensiva se trava. Fazia sentido falar na ''morte de Deus'' no final do século XIX e início do século XX, em razão do advento de invenções como o automóvel, o cinema, o avião. Acreditava-se, naquela época, em uma nova Era das Luzes, conduzida pela ciência. A visão era de um progresso contínuo da humanidade, do qual aquela época constituiria o ápice...Combater Deus hoje, em um mundo em que as pessoas estão muito mais preocupadas com o consumo de novos bens tecnológicos, e hipnotizadas pela TV e pela publicidade, soa como piada. O Deus atual é a tecnologia, que fala inclusive em um ''pós-humano'' a ser criado pela Informática e pela ciência. O Deus atual é a velocidade, o ''tempo real'' em que uma miríade de informações- muitas sem qualquer relevância- despenca sobre nossas cabeças, sem que tenhamos sequer tempo de processá-las e raciocinar. A visão clássica de Deus do protestantismo, de um Deus que guiaria o nosso cotidiano, com o qual travaríamos um eterno diálogo em busca do nosso auto-aperfeiçoamento, um Deus que justificaria uma civilização marcada pelo trabalho árduo e não pela busca eterna por mais diversão, este Deus já está morto há muito tempo, na cabeça das pessoas. Se Deus não ocupa mais um papel central na cabeça da maioria dos seres humanos- nem sequer na dos ''bispos'' da Igreja Universal e de sua TV Record- entendemos que o atual ataque da ciência contra Deus só pode representar uma tentativa de eliminar qualquer concorrência, por mais ínfima que seja. Há dois processos em curso: um o dos cientistas que se proclamam ateus com tanta ênfase como os religiosos, e outro o dos cientistas como os da física quântica, que enfatizam a ligação entre ciência e uma nova espiritualidade que surge, sem os vícios e o ranço da anterior. O DVD ''Quem Somos nós'' é uma amostra desta nova ciência. Há uma diferença entre Religião e Espiritualidade. O declínio da primeira- com o fechamento de Igrejas por toda a Europa por falta de fiéis- não está relacionado com a ascensão da segunda. Talvez seja chegada a hora de retornarmos a uma visão panteísta como a dos antigos ''pagãos''- de quem a festividade do atual Natal foi roubada- que viam Deus em todas as coisas, no sol, na lua, na natureza, no mar. Que mundo teríamos criado sob esta visão pluralista de Deus? Certamente um lugar muito mais seguro e aprazível para se viver, onde as pessoas fossem mais felizes e não vivessem subjugadas em uma eterna busca por mais bens para justificar as suas fugazes existências. O advento desta nova espiritualidade será uma das questões mais importantes deste Terceiro Milênio em que o antigo ''Deus'' - já há muito morto pela ciência e pela tecnologia- pode reaparecer sob novas formas, mais próximas do dia-a-dia do ser humano...Não se trata da ''morte de Deus'' e sim, muito pelo contrário, do seu reaparecimento em um mundo mais humano, curado de suas cicatrizes...

Conversas com motoristas de táxi em Curitiba...

É dezembro, a chuva cai mais uma vez quando chego a esta inesquecível e acolhedora cidade. Os jornais anunciam uma ''fuga'' dos moradores rumo ao litoral e às aprazíveis praias de Santa Catarina. Enquanto os periódicos de Florianópolis brandiam assustados o número de 8 assassinatos NO ESTADO em um final-de-semana, 3 deles na Capital, os de Curitiba falam em 21 mortes nos últimos 5 dias. Assaltos e seqüestros são novidade lugares antes provincianos que começam a agora a conviver com a modernidade- para o bem e para o mal...O primeiro motorista com quem conversei, e que me levou para o hotel onde sempre me hospedo quando estou lá, disse-me que há alguns anos as chuvas levavam uma semana inteira, e hoje não passam de chuviscos passageiros...O último motorista, que me levou de volta para a Rodoviária de lá comentou que quando era um ''piá'' ( guri, na gíria local), no inverno as calçadas amanheciam cobertas por uma fina camada de gelo. E que realmente, como eu ouvi falar de uma terceira pessoa, as pessoas tinham de fazer pequenas reservas de água para beberem ou se banharem de manhã, pois ''a água congelava nas torneiras". Me lembro que o Gazeta do Povo, jornal local, mostrou que, em 1975, NEVOU na cidade- como este ano, em Buenos Aires...Pois bem, o segundo motorista comentou ainda, assustado, que no verão as máximas, que não passavam dos 30 graus, hoje chegam a 35/36 graus( um absurdo para um lugar onde já ouvi uma camareira de hotel reclamando de um ''calorão monstro'' quando o relógio marcava 25 graus...). Este ano, no geral, a imprensa fala em temperaturas médias no mês de dezembro 7 graus mais quentes, atribuindo o fenômeno ao ''La Niña''. O fato é que o processo de aquecimento global parece andar muito mais rápido que as mais pessimistas das previsões, e temos de nos preparar para dias ainda mais difíceis pela frente. Talvez os cientistas já saibam que o processo é irreversível, mas não falam para não alarmar ainda mais a população. Investimento do século: ações de empresas que fabricam protetores solares, bem como de empresas que colaborarem para a reconstrução de cidades destruídas por catástrofes naturais, como furacões, etc...Enquanto isto, a frota de veículos em São Paulo cresce 800 carros POR DIA...

Sobre agradar os outros- uma estorinha...

''Certo dia um pai, um filho de onze anos e um asno foram ao mercado. Para chegar ao destino, porém, tinham que passar por quatro vilarejos. O pai disse então ao filho: " Monta no asno que eu te acompanho a pé''. Chegaram ao primeiro vilarejo. As pessoas, vendo-os, comentavam: ''Vejam! Não existe mais religião! O jovem filho montado no asno e o velho pai indo a pé". O homem escutou o comentário e disse ao filho: "Escuta! As pessoas estão falando mal da gente. É melhor que eu suba no asno e tu me sigas a pé''. E assim fizeram. Chegaram ao segundo vilarejo e ouviram pessoas murmurando: ''Vejam que maldade: o pai tranqüilamente montado no asno enquanto o filho fica exposto aos perigos!". Para não serem mais criticados, ambos decidiram subir no asno. Chegaram ao terceiro vilarejo. Vendo-os, as pessoas os criticavam dizendo: ''Coitado do asno; carrega todo o peso sozinho! Ninguém mais respeita os animais! Ouvindo isso, os dois desceram do asno e seguiram a pé, puxando o asno. Chegados ao quarto vilarejo, novamente foram ridicularizados: ''Vejam estes dois idiotas: tem um asno tão forte e preferem andar a pé!". Pai e filho se olham e concluem: ''Fomos criticados em todos os vilarejos por onde passamos. O que nos consola é que em cada situação nos comportamos da forma que julgamos ser a mais correta''( Fonte: ''O Pensar Saudável'', de Maria Cristina Strocchi, Editora Vozes, páginas 66/67 ). Não se pode agradar todo mundo,eis uma conclusão razoável...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O risco exterior, e o risco interior

Nos últimos anos, em todo o planeta, foi intenso o movimento em procura de maior segurança para morar. Houve, sem dúvida, seguindo o modelo norte-americano, uma ''condominização da vida''. Este processo foi favorecido pela conduta dos meios de comunicação de massa, todos pródigos em divulgar catástrofes, crimes escabrosos, etc. Pode-se dizer que, atualmente, há uma ''indústria da segurança'', que se alimenta de todo este clima de terror criado pela mídia. Porém, enquanto as pessoas estão mais preocupadas com traficantes pé-de-chinelo dos morros ou com a ''assustadora'' figura de mendigos e menores de rua- o perigo mais óbvio- elas se descuidam de um perigo muito mais insidioso, sorrateiro, eficiente. O perigo interior da submissão aos próprios meios de comunicação de massa. Pais se preocupam em garantir ''segurança'' para os seus filhos, em condomínios que buscam recriar- ao menos na aparência- a vida das antigas comunidades, onde todos se conheciam. Enquanto isto, os seus mesmos filhos estão submetidos a um ataque implacável da publicidade, dos programas violentos e sexistas. A ''condominização do planeta'' também leva a crimes violentos cometidos pelos jovens que são segregados nestes ambientes de falsa segurança. Numa completa inversão de valores, são estes jovens criados nestas granjas artificiais, sem contato com pessoas diferentes, que saem no mundo buscando purificar tudo que lhes parece ''errado'': empregadas são espancadas por serem confundidas com prostitutas, mendigos são queimados por estes ''filhinhos de papai'' desocupados. O mundo obcecado por segurança é, cada vez mais e paradoxalmente, um mundo inseguro e violento. Como a cidade de São Paulo, onde câmeras e vigias em número crescente não conseguem impedir crimes que, em número crescente, são cometidos por estes mesmos agentes de ''segurança''. O ideal da modernidade, de Baudelaire e dos ''flaneurs'' que passeavam sem rumo pelas nascentes metrópoles foi substituído por uma medievalização do mundo, onde cada um busca o seu castelo, e a visão livre das praias e ruas foi substituída pela visão dos guardas e dos muros. Mas garantir a cada habitante do planeta o seu ''lugar ao sol'', a sua casa ou apartamento na praia e o seu carro próprio é um caminho certo para o caos e para uma cada vez mais próxima aniquilação da espécie humana. Espero estar errado desta vez, a discussão está no ar...

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Reflexões sobre uma ilha (será que ainda existem ilhas???)

Escrevo estas linhas de Florianópolis, onde estive nos últimos 9 dias. Independetemente de qualisquer considerações que eu venha a fazer neste texto, é preciso que fique claro que este é um lugar sensacional, ao qual espero retornar por muitas e muitas vezes. Quem sabe um dia até morar aqui, o que faria sem pestanejar. Este é um belo e agradável paraíso, onde as pessoas te recebem como em nenhum outro lugar. As refeições são fartas e deliciosas, a preços mais em conta que em outros lugares. Um costume muito legal é o de, ao preparar um suco ou caldo de cana, eles costumam sempre deixar um pouco mais do que o normal- o que se chama aqui de ''chorinho''. As ruas são limpas e ordenadas, sem tantos mendigos como em outros lugares. Para quem chega de um grande centro, como eu, a sensação é de muito mais segurança. Pode-se caminhar à vontade pelo centro inclusive á noite. Porém, como esta não é a primeira vez que visito esta ''cidade-ilha'', fiquei espantado com algumas mudanças. A cidade, que tinha apenas um shopping center, com meras 3 salas de cinema, agora ganhou mais 22 salas e 2 outros grandes centros comerciais, que não ficam a dever aos de nenhuma outra metrópole brasileira( um deles é do grupo Iguatemi, talvez por isto seja tão parecido com os shoppings de Sampa). Ao redor destes shoppings surgiram bairros inteiros do nada, com casas que se espalham até quase o topo das belas montanhas locais. A ilha paradisíaca se aproxima cada vez mais do mundo-cão continental, loteada e saqueada pela especulação imoblliária. De fato, é cada vez mais impossível achar paraísos em um mundo em que todos querem ter o seu lugar na costa marinha. O resultado é que em algumas praias da ilha o cenário mais se parece com o do artificial litoral paulista, e temos de rodar por vários minutos até achar um mísero pedaço de chão que ainda nãol tenha sido cercado e loteado. O cenário mais se aproxima do antigo velho oeste americano, onde quem chega primeiro vai garantido o seu e ponto. O Mnistério Público Federal ainda tenta conter a febre especulativa com algumas ações, mas os grupos interessados nos loteamentos são poderosos. Entre eles o do Costão do Santinho, que acaba de lançar, em área protegida, o seu mais novo empreendimento. O Shopping Iguatemi, muito belo por sinal, foi feito em área protegida também, ficando embargado pela Justiça por vários meses...Mas levou...Porém o que eu quero levar daqui é a lembrança da verdadeira alma desta ilha, dos almoços em restaurantes simples á beira-mar em pequenos vilarejos com mais de 300 anos, de pequenas casinhas e gente feliz e hospitaleira. A lembrança das caminhadas à beira-mar em praias de água limpa e relativamente protegidas-ainda- da especulação. A lembrança de 9 dias comendo peixe como nunca, de todos os tipos, vários inesquecíveis( a MELHOR moqueca do Brasil, o MELHOR bacalhau que já comi, o MELHOR filé de peixe que já comi!), as caminhadas pelas ruas do centro da cidade- em algumas ruas só para pedestres, e outras tão estreitas que só dá para passar um carro- as compras de livros nas boas livrarias ''Catarinense'' e ''Livros e Livros'' (esta com uma ótima seção de livros universitários e da área de humanas), o pôr-do-sol na Avenida Beira Mar, a vista da Lagoa da Conceição do alto da montanha, com o mar logo ao fundo...Continua sendo uma PENA deixar Floripa, isto é que é mais importante...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Divagações Paulistanas de Fim-de-Ano

Viver em um grande centro, para quem veio de um lugar menor, exige uma série de adaptações. Aqui ,no maior, TUDO É GRANDE. Grandes atrações, grandes prazeres, grandes problemas...Em um lugar como Brasília, era comum caminhar pelo Plano Piloto em certos horários e não deparar com uma viva alma.Em Sampa, ao revés, estamos sempre buscando espaços em meio à multidão. Esbarrando ou tentando não esbarrar nos outros. A Avenida Paulista, para os turistas como eu fui um dia, era o meu ''point'', lugar de chegada e de saída. Eu enchia o saco dos outros para dar aquela ''última passadinha'' pela Paulista. Hoje, tornou-se um lugar a evitar na hora do ''rush''. Grupos de 5 ou 6 pessoas, saídas dos escritórios, costumam caminhar lado a lado, impedindo qualquer ultrapassagem pelos lados. Uma caminhada mais veloz vira um simples passeio, sem contar os inúmeros sinais a atravessar...Costumo, para evitar estas mesmas multidões, almoçar mais cedo em um restaurante natural que freqüento. O restaurante reserva lugares para estes funcionários, como se fosse um grande bandeijão, lugares estes que- coincidência ou não- são os melhores, com vista para fora e tudo...Depois de meio-dia e 10 minutos eles começam a chegar aos bandos, ruidosos, falando das fofocas do trabalho, etc. A sensação de comer em meio a esta massa é de sufoco. Apressamos nosso ritmo para ir embora logo, sair para o ar livre. Nos finais de semana, quando comemos um pouquinho melhor, é só evitar sair de casa depois das 2 da tarde- hora em que paulistano começa a almoçar. O metrô, nas horas de ''rush'' é coisa de outro mundo: de manhã eles reservam duas escadas rolantes para a massa que sobe, e no final da tarde, duas escadas rolantes para o pessoal que desce. É MUITA, MUITA gente. Mesmo passando quase que de minuto em minuto, os carros vão extremamente cheios. Acho que só em Tóquio tem tanta gente que há até um funcionário especializado em empurrar as pessoas para dentro dos vagões! O trânsito, nem se fala. É mais fácil ir ao Rio de Janeiro de avião do que ir de uma ponta a outra da cidade de carro( 40 minutos contra ???). O ruído ''natural'' da cidade é o som das buzinas. Tudo aqui é bem acelerado, como aqueles antigos LP's de 76 (?)polegadas...Muitos caminham, exceto quando estão na nossa frente na hora do almoço, como se estivessem correndo. Sempre atrasados, sempre olhando para os relógios, alguns até falam neste ritmo ultra-acelerado- os professores dos cursinhos, por exemplo. Quem lê isto pode até imaginar que estou odiando, mas é o inverso. Por ter vindo de outro lugar, é difícil perder o nosso olhar ''forasteiro''. Mas as pessoas daqui, por mais que reclamem, tem um certo ar de orgulho pela grandeza do lugar em que vivem. Perguntem a elas se trocariam São Paulo por outro lugar, e poucos diriam que sim (aliás, e aqui está um mistério, até mesmo os moradores dos super-violentos morros do Rio de Janeiro tem medo de serem despejados dos barracos onde vivem...!). No último fim-de-semana recebemos um grupo de amigos daqui para um jantar em um restaurante perto de casa. Muitos vieram e voltaram de metrô- e eu fui acompanhá-los na volta até a estação. Era meia-noite, e soubemos que os trens circulariam até 1 da manhã de domingo. Neste dia quebrei meu hábito de sair sábado à tarde e voltar no início da noite para comprar os jornais de domingo, lendo-os ainda na noite de sábado em PRIMEIRA MÃO em relação ao resto do país. Comprei os jornais do domingo à meia-noite, voltando para casa á pé. O detalhe é que as ruas ao redor da estação estavam cheias, os bares e restaurantes estavam cheios, e em nenhum momento eu senti qualquer receio. É isto que faz de São Paulo um lugar único e especial, entre muitas outras coisas também. O automóvel aqui é dispensável. Para o meu próprio bem, e o do planeta( o Estadão informou, para nossa lástima que em São Paulo, pela grande concentração de CO2, o aquecimento foi 3x maior que no resto do planeta...Quantas árvores foram derrubadas para imprimir os meus grossos jornais de domingo? O que será feito com as diversas garrafas PET das águas minerais que bebo? Voltamos aos problemas, agora não mais restritos a São Paulo...).

domingo, 9 de dezembro de 2007

Ipiranga com São João...

Esta semana os meus caminhos me conduziram até esta famosa esquina. Lá, eu estava raciocinando que seria muito chavão lembrar da música famosa de Caetano, quando ouço dois turistas atrás de mim tentando lembrar e repetindo estrofes da música célebre...Aí não deu mais para esquecer: atravessei a esquina ouvindo os caras cantando a música, enquanto eu mesmo tentava lembrar mentalmente algumas estrofes...O lugar não tem nada de muito especial, mas foi marcante para o caipira recém-chegado da Bahia, Caetano Veloso. O feio é belo para quem o vê como belo...São Paulo reúne o belo ao lado do sórdido, confundindo mentes cartesianas e certinhas. Caetano captou bem o lado caótico da metrópole, e o ''preço da grana que cria e destrói coisas belas''...É isto? Corrijam-me se estiver errado...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Caiu!

Enfim chegou o momento que todos esperávamos. Não, não foi ainda a queda de Hugo Chávez. Foi a queda do ''timão'' para a segundona. Nas telas as imagens de torcedores sofrendo, em especial os corintianos que foram ao estádio Olímpico. O Sportv mostrava imagens em seus canais dos outros 2 jogos que decidiriam os rebaixados: Vasco X Paraná, e Goiás e Inter. Em pouco tempo foi claro que este seria o jogo mais decisivo. Nem os corintianos esperavam alguma coisa mais do seu próprio time que estava em campo, e assim ficavam de olhos e ouvidos atentos ao jogo da capital goiana. O Inter, mesmo sem muita motivação, começou melhor e marcou, para a alegria da Fiel. O Goiás, sem muita técnica, era só vontade e, aos poucos, foi encurralando os colorados- este sem o apoio sequer de sua própria torcida...O jogo era meio lento, talvez pelo tradicional calorão de Goiânia. A emoção cresceu na cobrança repetida dos pênaltis, conforme a regra, para explodir no grito de gol quando o Goiás passou a estar na frente. O medo dos goianos era tanto que eles recuaram para garantir o resultado a qualquer preço, forçando os colorados a ir para frente, o que tornou o jogo ainda mais emocionante. Claro que, para o Inter, aquele era mais um jogo, sem maiores motivações. O Grêmio, por sinal, também atuou de modo diferente do habitual, depois de descobrir que o Cruzeiro estava vencendo. Enfim, era ''bolinha da Globo'' para lá e ''bolinha da Globo'' para cá, em um clima tão emocionante como o de uma decisão...O Corínthians foi premiado por uma campanha medíocre, e agora vai ter de disputar a Segundona- esta cada vez mais difícil e emocionante. Não se esqueçam que a Portuguesa demorou 5 ANOS para subir novamente, tal o nível de disputa da Série B. Para o Coritiba também não foi fácil. O Corínthians foi rebaixado, todos sabem, na partida contra o Vasco, quando foi incapaz de impor-se apesar de contar com o apoio de 35 mil torcedores. Os fogos aqui em São Paulo, quando os jogos terminaram, foram ensurdecedores. Santistas, palmeirenses e são-paulinos certamente tiveram um presente de Natal antecipado. O futebol brasileiro lentamente se profissionaliza, e os que não acompanharem o ritmo vão ter de cair mesmo, sejam populares ou não.