quinta-feira, 31 de julho de 2008

Efeitos da ''Lei Seca''

O mais evidente deles é a queda de 63% no número de acidentados no trânsito. Mesmo aqueles que manifestam certa oposição a mais esta intervenção estatal na vida do cidadão- como o colunista da Folha de São Paulo Marcelo Coelho, no artigo de ontem- não deixam de louvar estes efeitos...E acabam por apoiar a nova lei. Nos restaurantes, é maravilhoso ouvir diversas pessoas pedindo, entre outras coisas, soda limonada...Vejam bem: um país não é feito por autoridades. Quase todos os países do mundo tem governantes que estão aquém das qualidades de seus povos. Uns mais, outros menos. Um país é feito por seus habitantes. É a nossa conduta, no cotidiano, que pode influenciar as coisas no sentido de maiores transformações. A conduta da maior parte dos brasileiros, no que se refere à chamada ''Lei Seca'', tem sido exemplar. As pessoas estão mudando seus hábitos: reservando um amigo abstêmio para dirigir pelo grupo, utilizando o serviço de motoristas dos bares e restaurantes para voltar para casa, pegando mais táxis. Aos teimosos e recalcitrantes, hoje mais do que nunca, a fria letra da lei. Prisão, cassação da carteira, multa de mil reais. Nada disto será preciso para quem entendeu a necessidade destas duras medidas. Ah, sim. Bares e restaurantes estão reclamando devido a uma queda no consumo de bebidas em torno de 30%. Cada vez que vamos comer, por sinal, o garçom sempre dá um ''jeitinho'' de estimular o consumo de bebidas( um vinho, uma cerveja). Estas bebidas são lucrativas para os donos destes estabelecimentos, muitas vezes equivalendo ao preço das refeições...O ''choro'' deles é compreensível. Porém, notamos que a quantidade destes bares cresceu enormemente nos últimos anos, a ponto de nos questionarmos: será que precisamos de tantos bares assim, praticamente um a cada esquina? Montar um bar é a coisa mais fácil que há. Basta comprar umas mesas e cadeiras, freezers, bebidas, e pronto. Temos mais um bar. Difícil, sim, é MORAR perto de um destes milhares de bares. Seus freqüentadores falam a todo volume, buzinam enquanto circulam com seus veículos noite afora. Não pensam que alguém tem de ''pagar a conta'' por viver perto de tantos bêbados. Depois, ao anoitecer, eles voltam para suas residências e, aí sim, querem dormir em paz...Deveríamos ter regiões específicas dentro de cada cidade, o mais longìnqüas possíveis, para abrigar tantos ''beberrões''. Infelizmente não temos...De modo que, sim, estamos comemorando a mudança de hábitos, a queda no consumo de bebidas, o fato de que- enquanto os bares tiveram queda significativa no número de freqüentadores- os cafés estão lotados, o aumento no número de corridas de táxi. O efeito geral é muito positivo, mais do que o esperado. Que esta lei( simples, concisa, sem as inúmeras ''exceções'' que caracterizam as leis brasileiras)sirva como exemplo. Os brasileiros mostram que podem respeitar leis sim, desde que sejam feitas visando o benefício da comunidade, e não de grupos de poder...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Os Quatro Compromissos...

Dentre as inúmeras leituras dos últimos meses, gostaria de ressaltar uma em especial. O autor é Don Miguel Ruiz, e os dois pequenos( em tamanho)livros são ''Os quatro compromissos: o livro da filosofia tolteca'' e ''A Voz do Conhecimento''( ambos foram editados pela Best Seller). Embora sejam classificados usualmente como ''auto-ajuda'', tais obras transcendem o significado habitual dado ao termo. Por que não tratados filosóficos condensados? Por que não ''Manuais sobre o bem-viver''? Na introdução destas obras explicam que ''milhares de anos atrás, no Sul do México, os toltecas eram conhecidos como 'homens e mulheres de sabedoria'. Antropólogos se referem a eles como uma nação ou raça, mas na verdade eram cientistas e artistas que se associavam para explorar e conservar a sabedoria espiritual e as práticas dos antigos. Encontraram-se como mestres( nagual)e estudantes em Teotihuacan, a cidade antiga das pirâmides, próxima à Cidade do México, conhecida como o lugar onde o homem ''se torna Deus''. Don Miguel Ruiz é nagual, parte desta tradição. Vejamos, sinteticamente, quais são os quatro compromissos defendidos pelos toltecas: O primeiro, Seja impecável com a palavra. O segundo, Não leve nada para o lado pessoal. O terceiro, Não tire conclusões. E o quarto, Dê sempre o melhor de si. Antes que se pense nestas obras como mais alguns daqueles manuais de conduta tão populares e tão pouco seguidos, o DIFERENCIAL de Don Miguel Ruiz em relação a todos os demais autores é o alerta que ele faz em relação ao extremo valor que damos aos nossos próprios pensamentos...Preocupamo-nos tanto em não sermos invadidos pelas ações, palavras e idéias alheias, que não nos damos conta do grande perigo que representam os ''nossos'' próprios pensamentos( que não são propriamente nossos, mas de nossos pais, professores, patrões, amigos, e muitos mais...). Don Miguel Ruiz, que eu saiba, é o primeiro autor a propor uma total modificação no plano da nossa própria ''história pessoal''. Vejamos alguns trechos interessantes e auto-explicativos, extraídos da obra ''A voz do conhecimento'': ''(...)Posso até dizer , eu 'conheço você', quando a verdade é que não lhe conheço de jeito nenhum. Só conheço a história que criei sobre você. E demorei um tempo até entender que só conheço a história que criei sobre mim mesmo. Durante anos achei que me conhecia, até descobrir que essa não era a verdade. Eu sabia o que acreditava a meu próprio respeito. E então descobri que não sou aquilo que acreditava ser! E foi muito interessante, além de assustador, descobrir que de fato não conheço ninguém, e ninguém tampouco me conhece" ( p.71). Bota ''assustador'' nisto...É incômodo, muito incômodo questionar as próprias certezas. Acreditamos que elas são como os alicerces da construção do nosso ''eu''. Abalados os alicerces, é o nosso maior temor, toda a construção pode vier abaixo. De fato, o grande mérito de Don Ruiz é propor justamente isto...Tanto que ele propõe, como ''Regra número um: NÃO ACREDITE EM SI. Porém, mantenha a mente e o coração abertos. Dê ouvidos a si, ouça sua própria história, mas NÃO ACREDITE NELA, porque agora já sabe que a história que você está escrevendo é ficção. Não é real. Quando ouvir a voz em sua mente, não leve para o lado pessoal. Você sabe que, em geral,o conhecimento lhe está mentindo. Escute, e pergunte se ele estará ou não falando a verdade. Se não acreditar nas próprias mentiras, elas não sobreviverão, e você poderá fazer escolhas melhores, apoiando-se na verdade''( p.97). Isto é profundamente subversivo. Vai contra a idéia mais arraigada em todos os seres humanos: a de que seus pensamentos estão fincados na realidade...Parece ''louco'' negar os próprios pensamentos, não é? Mas não seria uma loucura muito maior crer, sem maiores questionamentos, no que cremos? Neste mundo, mesmo os maiores ''cientistas'' costumam apegar-se às próprias idéias de modo quase religioso...Que dirá o ser humano comum...Prosseguindo com as idéias revolucionárias de Don Miguel Ruiz, vejamos um interessante diálogo que ele teve com seu avô: (...)O resultado de acreditar em mentiras e defender essas mentiras cria o que chamamos de ''mal'', cria o fanatismo. Acreditar em mentiras cria toda a injustiça, toda a violência e a agressão, todo o sofrimento, não só na sociedade, mas também no indivíduo. O universo é tão simples quanto ELE É, OU ELE NÃO É, mas os humanos complicam tudo(...)Miguel, todo o drama que você sofre em sua vida pessoal é o resultado da crença em mentiras, principalmente a respeito de si mesmo. E a primeira mentira em que acredita é que você NÃO É: NÃO É como deveria ser, NÃO É competente, NÃO É perfeito. NÓS NASCEMOS PERFEITOS, CRESCEMOS PERFEITOS E MORREMOS PERFEITOS, PORQUE SÓ EXISTE A PERFEIÇÃO( nosso grifo). Mas a grande mentira é que você não é perfeito, que ninguém é perfeito. Daí você começa a buscar uma IMAGEM de perfeição na qual nunca poderá se converter. Jamais alcançará perfeição naquele grau, pois a imagem é falsa. É mentira, mas você investe sua fé naquela mentira, e depois constrói toda uma infra-estrutura de mentiras para sustentá-la. ''Apesar da vontade de acreditar no que meu avô dizia, minha crença nele foi só fingida. E era tão lógico que eu disse: - ''Ah, sim, vovô, tem razão. Concordo com o senhor''. Mas eu estava mentindo; tinha na cabeça tantas mentiras que não podia aceitar algo tão simples quanto a verdade. Então meu avô me olhou carinhosamente e disse: - ''Miguel, vejo que está tentando muito me impressionar para provar que está à altura. E precisa fazer isto, porque no seu próprio conceito você não está á altura''. Isso doeu! Ele me acertou direitinho. Não sei porque, mas me senti como se ele me tivesse apanhado na mentira. Eu nunca havia percebido que meu avô conhecia minhas inseguranças, sabia da autocrítica e da auto-rejeição, da culpa e da vergonha que eu sentia. Como pôde saber que eu estava fingindo ser o que não era? Vovô estava sorrindo novamente quando me disse: ''- Miguel, tudo o que você aprendeu na escola, tudo o que sabe sobre a vida, isto é só conhecimento. Como você pode saber se o que aprendeu é a verdade ou não? Como pode saber se é verdade o que acredita a respeito de si mesmo? (páginas 32/33/34, trechos selecionados). Voltamos ao que Sócrates afirmou na Grécia Antiga: ''- Eu sei que NADA SEI''...O ponto de partida da jornada em busca da sabedoria é saber que começamos do zero. Aprender é, na verdade, desaprender...Alguns de nós notam isto com o tempo. Ou optamos por ficar presos ao solo, com todo o peso do nosso ''conhecimento'', ou largamos todo o lastro para decolar como balões soltos ao vento...Ouçamos o ''convite'' de Don Miguel Ruiz para todas as pessoas: ''Todos os seres humanos são contadores de histórias, cada um com seu ponto de vista exclusivo. Quando entendemos esse fato já não precisamos impor aos demais nossa própria história, nem defender aquilo em que acreditamos. Em vez disso viramos artistas e, como tal, temos o direito de criar nossa própria arte''(página 40). Os blogs, entre outras coisas, partem dest premissa: a vida não mais como crença, fé, e sim como arte. Fusão de arte e vida, não mais privilégio de uns poucos considerados ''artistas''...Para Don Miguel : ''agora mesmo você está sonhando sua vida. Você percebe não só seu próprio sonho, mas também o sonho do artista supremo refletido em tudo o que você percebe. Você reage e tenta encontrar sentido naquilo que percebe. Tenta explicá-lo de sua própria forma, dependendo do conhecimento armazenado na memória de sua mente. A meu ver, isso é maravilhoso. Você vive na história que está criando, e vive na história que crio. Sua história é sua realidade- uma REALIDADE VIRTUAL QUE SÓ É VERDADEIRA PARA VOCÊ, AQUELE QUE A CRIA( nosso grifo: página 62). Na visão de Don Miguel Ruiz, ''o personagem principal de sua história é você, mas o papel que está interpretando não é você. Por ter passado tanto tempo interpretando o papel você já dominou a interpretação. Tornou-se o melhor ator do mundo, mas posso lhe garantir que você não é aquilo que acredita ser. Graças a Deus, pois posso lhe garantir que você é muito MELHOR( nosso grifo)do que aquilo que acredita ser. Lembro-me quando meu avô me disse: ''- MIGUEL, VOCÊ SÓ SABERÁ O QUE É LIBERDADE QUANDO NÃO PRECISAR SER VOCÊ''( nosso grifo; página 119). À guisa de ''conclusão'', se é que uma bela obra como esta - um verdadeiro livro ''de cabeceira'' pode ter alguma espécie de conclusão, fiquemos com estas duas frases de Don Ruiz: ''Depois que você encontra a si mesmo, encontra o que você realmente é, já não consegue explicar o que é, por falta de palavras para explicá-lo''( uau!)- e ''Se você não percebe o amor, não consegue reconhecê-lo, é porque só reconhece o veneno dentro de si. Sou responsável por aquilo que digo, mas não sou responsável pelo que você entende. Posso lhe dar meu amor, mas você pode interpretar o fato como sinal de que está sendo alvo de julgamento, ou sabe-se mais o quê. SÓ QUEM SABE É O SEU CONTADOR DE HISTÓRIAS. QUEM DEIXA DE ACREDITAR EM SUAS PRÓPRIAS HISTÓRIAS, ACHA BEM MAIS FÁCIL GOSTAR DOS OUTROS''( página 172 ). Ficamos por aqui. Neste momento , nesta hora de reflexão sobre tais idéias, não há mais nada a ser dito. Continuemos lendo Don Miguel Ruiz, e seus belos livros ''Os quatro compromissos'' e ''A Voz do Conhecimento''. Apenas o segundo foi citado neste texto.

Post número 200

Chegamos aqui. Nem foi tão difícil assim, dada a prolixidade do autor deste blog...Fosse este um site sobre a vida deste autor, talvez não tivesse rendido sequer 20 posts...Mas a idéia, exposta desde o início, era a de fazer um blog sobre idéias, pensamentos. Vocês sabem que, durante um único dia, temos cerca de 25 mil( só?) pensamentos. A imensa maioria vem e passa. Apenas uns poucos são dignos de laboração e, destes, talvez um ou dois sejam publicados aqui ao final...Escrever assemelha-se a fecundar. Geramos milhões de espermatozóides para, enfim, termos em média um filho... Claro que, para os tradicionalistas contrários às pesquisas com células-tronco, a masturbação seria equivalente a um ''genocídio''...Para criar algo não podemos ter medo de eliminar, ''matar'' determinados temas no nascedouro. Outras vezes cortamos, aqui e ali, sem dó- para que chegue algo minimamente compreensível ao blog. NÃO TEMOS UM TEMA DEFINIDO NO QUAL NOS ENQUADREM, E ISTO SE DEVE ÙNICA E EXCLUSIVAMENTE À CONFUSÃO MENTAL E DILETÂNCIA DESTE ESCRIBA. Podemos, sem nenhum pudor, falar um dia sobre futebol, o outro sobre ''auto-ajuda'', e o seguinte sobre viagens, passeios, livros de autores ''sérios'' ou não, refeições memoráveis, programas ''trash'' de TV. Não há nenhum tema proibido. Falo, ilimitadamente, quase sempre apenas sobre o que me interessa e apaixona. O pano de fundo é a cidade onde vivo. Ela é o grande personagem, mais do que eu. Ela fornece, o tempo inteiro e sem limites, todos estes temas e estórias. Nela vivo como um peixe dentro d'água. Felizmente a ''água'' não é a dos rios que a percorrem, senão estaria morto a esta altura...A cidade grande também tem grandes mazelas...Fazer um blog é bem diferente de ser jornalista. Não temos obrigação de ser ''fiéis'' á realidade( como se os jornais o fossem...). Podemos chegar um dia aqui e anunciar, desvaladamente, que ''Piracicaba é a melhor cidade do mundo''. E é, para quem o acha...É possível amar Piracicaba, Pindamonhangaba, Carolina-MA, Cajazeiras-PB, Vitória-ES, e qualquer outra cidade do planeta. Do mesmo modo que outros amam Las Vegas, Paris, Tóquio...O que amamos não recebe passivamente o nosso amor. Este objeto de nosso amor nos envolve, devolve-nos este amor ilimitadas e infinitas vezes, reconstruindo a nossa existência. Eu amo ler, mais do que tudo na vida. E este amor, mesmo após tantos anos de convivència, não diminuiu sequer um milímetro. Não se enjoa de ler, após adquirido o hábito. E este gosto pela leitura, para quem compartilha deste prazer, não tem preço. Não o venderíamos nem trocaríamos por nada, nem para, retrospectivamente, ser aquele cara mais ''popular'' da escola na juventude. Quem é esta pessoa hoje? O que ela fez de sua vida? O que ela fará com o resto de sua existência, passada a fugaz ''belezinha'' da adolescência? Na corrida da vida, os leitores são os mais lentos. Parecem ser os menos ''práticos'' e ''eficazes'', comparados aos demais. Porém, a longo prazo, assemelham-se à tartaruga que vence, por sua persistência, a prova contra a veloz lebre. Para isto, temos todo o tempo do mundo...Cada fato, tudo o que fazemos está voltado para estes momentos inesquecíveis em que esquecemos o chamado ''mundo real'' para mergulharmos nas galáxias de nossos livros. ''O que você faz?'', perguntam insistentemente os néscios. Eu SOU um leitor, respondo aos embascados. Também escrevo, nas horas vagas...O que quer que façamos para ganhar a vida, seja o que for caso não seja a profissão dos seus sonhos, não chegará aos pés deste prazer incomensurável que é a leitura. Não se é ''pequeno'', façamos o que façamos profissionalmente, quando se é um leitor. E nunca se será efetivamente ''grande'', façamos o que façamos- sejamos Lordes, Magistrados, Empresários, etc.- sem a leitura nossa de cada dia...Como afirma um autor antigo que muito prezamos,o americano James Allen, ''você não pode viajar por dentro e ainda continuar parado por fora''. Abramos, por intermédio dos nossos livros, as portas e janelas da existência. E partamos, com um único aviso: esta jornada do conhecimento não tem fim...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Cotidiano

Hora do almoço. Decido comer em um restaurante natural perto de casa, para me ''limpar'' um pouco dos estragos gastronômicos cometidos no Paraná...Boto muitos vegetais no prato até o momento em que, antes de encaminhar-me para uma das mesas, deparo com uma ENORME travessa cheia de doce de banana em calda...Nota: no restaurante come-se à vontade por um preço fixo. A sobremesa é livre...No prato normal há uma espécie de nhoque( hoje é dia 29, e acredita-se que comer nhoque neste dia ''dá sorte''). Devoro o prato, pensando no doce que me espera lá em baixo...Para devorá-lo, apropriadamente, há uma grande tigela. Ignoro, simplesmente, as demais sobremesas. Só há lugar, física e mentalmente, para o doce de banana em calda- um desejo antigo...Os super-mercados paulistanos oferecem inúmeras espécies de doce, alguns até importados. Há uma versão para mercados do doce de banana, mas a calda caramelizada tem gosto artificial...Por tudo isto, este doce que devoro hoje, sem culpa, me parece fantástico. No final da primeira tigela- final que pareceu extremamente ''breve'' para mim- o dilema. ''Você quer perder peso após um final-de-semana de total relaxamento gastronômico. Deveria contentar-se com apenas uma tigela de doce de banana'', diz o meu lado ''bonzinho''. Ao que o lado ''diabólico''/ Coringa replica: ''Não está bom? Deixa este papo de dieta para depois...Meta a mão na massa! Ou melhor, no doce!''. Cruel dilema...Não atendi totalmente nenhum dos dois personagens: desci após estas breves divagações e peguei um prato raso de sobremesa. Nele coloquei o que podia do inesquecível doce, e mandei ver a reduzida versão da bananada...Sem brincadeira: COMER ESTE DOCE DE BANANA EM CALDA MUDOU O MEU DIA...Até aquele momento eu oscilava entre o bem-estar que estava sentindo após voltar para a minha cidade e o noticiário ''pesado'' dos jornais e telejornais diários. APÓS O DOCE fui envolvido por uma nostalgia, uma saudade daqueles melhores dias da infância que não voltam mais. Mas isto não me deixava triste. Ao contrário, foi uma bela recordação do melhor que há nesta vida. A partir deste almoço, e da realização deste desejo, o resto me pareceu muito mais belo. Nem ligava mais para o trânsito pesado, as buzinas. Passei na banca de jornais, e o jornaleiro- torcedor do Santos- me provocou logo dizendo que ''o São Paulo não vai muito longe não''. Que o seu time( só porque goleou o fraco time do Vasco da Gama por 5 a 2 na Vila Belmiro)estava iniciando uma ''histórica virada rumo às primeiras colocações''. Eu, cruelmente mas feliz como nunca graças ao doce, repliquei de imediato que o ''peixe'' já estava entre os primeiros times do Campeonato Brasileiro, ''se olhássemos a tabela de baixo para cima''...Estava tão feliz, continuo, que nem liguei para o fato de que o dia ensolarado também prometia uma alta temperatura, com máxima próxima de 30 graus. Olhava embasbacado, como na primeira vez, para todos aqueles prédios altos da Paulista, agora reformada e com canteiros no meio da pista...O sol, aquele mesmo astro-rei que tanto denigro e de que tanto fujo, na hora de alegria serve como fonte de inspiração...''Uso'' o sol para provar que as coisas estão normais, belas, perfeitas como nunca. Mesmo as pessoas, se excluirmos aquele aspecto competitivo e meio ''antipático'' já retratado neste blog, pareciam bem, harmônicas em meio à confusão nossa de cada dia...Aqui as pessoas não andam de short, durante a semana, salvo os turistas ou mais jovens, nem são pródigas em sorrisos, mas são animadas e amigas quando conhecemos novos amigos. Sigo pela Paulista até a Pamplona, onde enfrento o tradicional ''engarrafamento de gente'' de todos os dias: leva-se até 10 minutos para cruzar o quarteirão que separa a Paulista da Alameda Santos, passando por inúmeras lojinhas, McDonald's e Correios. No quarteirão seguinte a lojinha de doces- tão comum por aqui- está lotada, com fila. As ''formiguinhas'' paulistanas se enchem com todas as espécies de doces e um tal de picolé ''coreano'' que faz bastante sucesso por estas bandas...Nem pensar em mais um doce hoje...

Notas...

Ainda em estado de felicidade, resquício do último fim-de-semana, revejo em São Paulo a chamada ''realidade'' dos noticiários. Desperto com o telejornal matutino da Record, o ''Fala Brasil''. Em uma das notícias, somos informados de que os candidatos a Prefeito do Rio de Janeiro- segunda maior cidade do país- estão sendo impedidos de fazer campanha em diversas favelas controladas por traficantes ou ''milícias''...Bom. Nada contra suas excelências, em especial o simpático candidato Fernando Gabeira, que estão no exercício legítimo de uma das prerrogativas do Estado de Direito. Mas a notícia assim, neste momento, exerce um papel de alerta. Durante anos ignoramos, ou buscamos ignorar, o papel exercido pelos traficantes do Rio. Hoje não dá mais para esconder: são uma FORÇA BELIGERANTE, que exerce a ''lei'' ( própria...), ''julga'' e executa aqueles que são contrários à sua (des)''ordem''. Enquanto as ''autoridades''(oficiais, eleitas pelo povo)não tomam medidas contundentes e necessárias para eliminar este ESTADO PARALELO, do ''outro lado'' os traficantes não temem nada nem ninguém no exercício de seu ''poder''. Eles não querem nada com as ''autoridades'' oficiais, não tem pudor em dizer em alto e bom tom que ''políticos não são bem-vindos aqui''. E o outro lado, o ''nosso lado'', o que vai fazer agora? Vamos ignorá-los mais uma vez, enquanto eles crescem, ou é chegada a hora de acordar e tomar medidas mais do que urgentes e necessárias? O Poder, que nunca é tímido e nem tergiversador, parece- pelo tom das declarações- muito mais do ''outro lado''. Mas admito provas em contrário...Na coluna Sonia Racy, do Estadão de terça-feira 29/7, sob o título ''A coisa tá feia'', informa-se que ''A Presidência da República pretende comprar 350 coletes à prova de balas, do tipo ''dissimulados''. Já o preço e o peso não são tão dissimulados assim. O pacote custa R$177 mil, e o maior coletinho pesa mais de 3 quilos...". Quem usará o maior coletinho? Você tem alguma dúvida? Se ele, lá no Planalto, está pensando em comprar super-coletes para a própria proteção, nós deveríamos comprar o que??? A última nota a comentar, da colunista Monica Bergamo da Folha de São Paulo, sob o título ''Desafinados'', informa que ''No sábado, um desfile de Ferraris e Maseratis interrompeu a apresentação da Orquesta Pão de Açúcar no Festival de Inverno de Campos do Jordão. Os motoristas aceleravam os carros provocando um ruído que contrastava com a sinfonia de Bach, que era interpretada no palco da Praça do Capivari. Os 2 mil apresentadores presentes reagiram com vaias e gritos de ''Fora, fora'', que acabaram expulsando o cortejo''. Eis um belo exemplo de ''Barbárie Classe A'': dane-se a cultura, e viva o desfile infantil de ''carrões'' importados...Silenciamos Bach em prol das Ferraris! A que ponto chegamos neste país... Diante de tal realidade, dantesca, prefiro voltar doravante ao blog, este exercício interior, retrato de pensamentos que podem, ou não, ter contato com este mundo não real, mas ''mundo que é mostrado como mundo''...Tão belo mas, por instantes, tão (i)mundo...

Ainda em Curitiba

Sábado, embora só houvesse algum sinal de frio pela manhã, ainda deu para circular pela cidade com uma blusa de mangas longas. Não estava propriamente frio, nem quente. Dei aquela tradicional caminhada pela Rua XV de Novembro ( a tradicional ''Rua das Flores'', fechada para tráfego de automóveis ). Entrei na filial das Livrarias Curitiba. Tomei um suco em uma das lojinhas de rua. O cybercafé onde costumo postar textos quando estou na capital paranaense estava fechado, o que me forçou a procurar outro( neste, com modernos computadores, tive o prazer de ler o blog em uma tela gigantesca de 19 polegadas...). O sol, tímido por trás dos antigos e baixos prédios da XV, ensaia manifestar-se com toda a força. Não há nuvens neste sábado curitibano. Quando cheguei ao calçadão da rua XV, havia pouco movimento. Porém, perto de 11 horas, uma pequena multidão começou a circular por aquela área. Aposentados se concentram em um dos cafés da chamada ''Boca Maldita'', à sombra, onde eles ficam conversando, discutindo, polemizando, filosofando sobre a vida...Famílias inteiras passeiam. Turistas como eu, lá não tão identificáveis quanto em outros lugares( onde chamam a atenção pela pele branquela e olhos azuis...). Mendigos. Aqueles ''chatos'' que ficam oferecendo planos ''mirabolantes'' de financeiras...Jovens. Maduros. A cidade inteira está bem representada, vivamente, aqui. Eis porque gosto tanto de circular nesta região...Lá estavam também, infelizmente, os políticos: um carro de som que tocava a toda altura as músicas de Requião quando candidato a Governador( ele agora apóia um obscuro candidato a Prefeito que tem cerca de 1% nas pesquisas...). Diversos apoiadores de candidatos a vereador que distribuem seus ''santinhos''. Nada muito eufórico ou minimamente empolgante, ao contrário de outros tempos. Uma petista deve ter se animado ao ver a minha blusa vermelha, e veio alegremente ofertar-me seu ''santinho''. Assustou-se ao ver a enérgia recusa e o apressar de meus passos...O restante do dia transcorreu normal, e sem novidades. A única ''surpresa'' foi constatar o quanto a temperatura cai rapidamente após o anoitecer. Fez um friozinho legal, que justificou ter usado a minha blusa por tanto tempo. Refugiei-me rapidamente em um dos inúmeros cafés da cidade- o Lucca Cafés Especiais- onde jantei um queijo quente com pães de queijo e chocolate quente. O cansaço me vence, e volto para o hotel( onde não faz frio...). Domingo o dia amanheceu do mesmo jeito. Decidi não bancar mais o ''otário'' circulando o dia inteiro com uma blusa apropriada para um frio que não faz. Vou de mangas curtas. Apanho o ônibus da Linha Turismo, ideal para passar o tempo em uma manhã de domingo e rever belos e queridos lugares. Dentro, todos estão fazendo gestos de que estão com ''frio'' e usando casacos e jaquetas. Na parada do Jardim Botânico, cartão postal da cidade, os demais visitantes também estão com roupas de inverno. Mas acho que, hoje, eles vão ''perder'' esta batalha...Desço primeiramente no Bosque do Papa( apesar do nome é grande como um parque de outras cidades, com uma mata cerrada onde achei que ia me perder na primeira vez...). Dentro e nos arredores há pequenas casinhas de madeira, estilo europeu, onde são vendidos ''souvenirs'' e pequenos lanches. Pego outro ônibus, após meia hora, e vou para o próximo ponto, o Bosque Alemão( que ilustra agora o blog em uma de suas fotos...). Enquanto vou descendo as escadas de madeira, de onde do alto se avista a cidade ao fundo, ouço o som de águas escorrendo. Não dá para ver como, uma vez que a mata cobre tudo. Os pequenos fios de água vão dar em um lindo lago, onde nadam peixes dourados e minúsculos peixinhos. Uma visão confortadora, reenergizadora. Como nos outros lugares, ''minhas plantinhas'' sentem um clima seco onde não chove há 20 dias. Aqui e no Bosque do Papa, outrora lugares cerrados onde era difícil ver sequer um mínimo de sol, é possível encontrar agora sensíveis aberturas por onde o sol consegue infiltrar-se. Contenho-me em minha ânsia de utilizar meu filtro solar...A terceira e última visita foi ao Parque Tanguá, na periferia de Curitiba, onde há uma cascata artificial que cai por uma altura de cerca de 200 metros( a cascata parece que foi ''desligada'' por ora...)e uma espécie de caverna que separa dois ambientes. Do alto de uma das torres do parque dá para ver todos os arredores, com inúmeras árvores. O Parque Tanguá é um de meus programas ''imperdíveis'' quando estou aqui. Quando volto para a Praça Tiradentes já passa de 1 da tarde. Hora de almoçar. Lembrei-me de um restaurante perto do hotel, bonito e tido como um dos ''melhores da cidade''. Acelero o passo e rumo em direção ao mesmo. Não me decepcionou. Como um bacalhau excelente, memorável, a um preço- comparado aos de São Paulo- bem razoável. O ambiente é bonito, envidraçado, ''estiloso'', com vista para a rua. Feita a refeição decido repetir algo que já fiz na capital paulista. Lá eu almocei em um lugar muito bom, e peguei um metrô logo a seguir rumo a um dos shoppings de periferia...Aqui, em Curitiba, ciente de que há um centro comercial recém-inaugurado, decidi ir de...ônibus...De ônibus após almoçar em um lugar ''chique''. Isto, estas transições súbitas entre ambientes de todas as espécies, sou eu...Um daqueles ônibus gigantes, articulados, que percorrem várias ''estações tubo''( envidraçadas, com uma passagem de metal que adapta-se aos ônibus que param e permite a entrada dos passageiros; os cobradores ficam nestas estações...). O preço da passagem, aos domingos, é de 1 real...Tirando a estação modernosa o ônibus é como qualquer outro de cidade grande, e vai lotado...Do lado de fora do shopping, a poucos metros do terminal de ônibus, os ''manos'' hip-hop ainda agitam em busca de seu ''direito'' de entrar como grupo no centro comercial. Eles foram barrados prontamente pelos seguranças, logo em seguida à inauguração do shopping( em maio). O fato foi divulgado nos jornais locais, que acompanho sistematicamente. A justificativa do shopping é de que eles fariam parte de ''gangues'' locais, e pretendiam fazer ''arrastões'' no interior daquele estabelecimento. Eles poderiam, ainda na explicação do estabelecimento comercial, circular tranqüilamente pelo seu interior COMO INDIVÍDUOS, e não como grupo. Claro que isto levantou uma grande polêmica: os jovens estariam, na visão deles e de alguns advogados entrevistados, sendo impedidos em seu ''direito básico de ir e vir'', garantido pela Constituição da República. Uma pequena objeção: e todos estes prédios comerciais que exigem nossa identificação e cadastro para podermos entrar, mesmo que para uma simples consulta médica? Isto seria também ''inconstitucional''? O que é um ''shopping center''? Enquadrar-se-ia no conceito de ''área pública'', semelhante ás ruas e avenidas? A nosso ver estes estabelecimentos, embora abertos ao público, tem proprietários. E estes podem, desde que não firam a lei ou manifestem preconceitos de sexo, raça ou classe, estabelecer regras quanto ao uso de seus espaços. É isto, ou logo estaremos vendo estes lugares ''ocupados'' por grupos de sem-teto, sem-terra, punks e carecas, metaleiros, hip-hops e semelhantes...Na filial das Livrarias Curitiba do shopping comprei um livro local chamado ''Curitibocas''( tenho dúvida se a pronúncia correta é ''ôcas'' ou ''ócas''...), com depoimentos de diversos personagens ligados à história da bela capital paranaense. Uma ''artista de feira'', um cara que faz pastéis, o líder da maior torcida organizada do Atlético Paranaense, o criador da Gibiteca local. Voltarei a mencionar este livro aqui neste espaço. E, no fim de mais este dia ensolarado, e agora verdadeiramente quente(...), realizo mais um de meus ''rituais'' quando estou aqui. É hora de jantar uma boa pizza em frente a outro shopping. E observar, através das janelas de vidro da pizzaria, os carros e pessoas que vão e vem. Assim como o pôr-do-sol curitibano. Muitas famílias, bebês, um gentil funcionário idoso que certamente foi contratado em algum programa especial de incentivo aos empregos para a Terceira Idade( a rede Pão de Açúcar também tem isto: em uma das lojas a empacotadora é uma simpática velhinha de mais de 80 anos...). ''Bato o ponto'' na pizzaria e vou embora. Achei tudo o que queria encontrar, salvo apenas o frio...Volto a São Paulo, satisfeito.

sábado, 26 de julho de 2008

Em busca do frio...

Onde mais eu iria achar este friozinho querido tão ausente neste inverno? Decidi ir a Curitiba. Como os muçulmanos vão a meca ao menos uma vez por ano, eu queria sentir frio e ''recarregar as baterias'' em um lugar querido. Ir para a capital paranaense de ônibus- 7 horas de viagem- é semelhante a jogar na loteria. Ou entrar em um túnel escuro. Nunca se sabe o que vamos encontrar do outro lado...No sobe-desce montanhas na Régis Bittencourt - rodovia privatizada em estado de recuperação- o tempo começa ensolarado. Menos um ponto. Duas horas após o início da viagem o sol já se foi. Dois pontos a mais. Parada em um ponto onde o telejornal mostrado meio-dia é o de Santos, com uma interessante reportagem sobre a Biblioteca Municipal. Assisto, enquanto ''traço'' dois pães de queijo e uma coca-cola. É metade da viagem, 200 km percorridos, e o sol dá as caras outra vez. Menos um ponto. Nos aproximamos da divisa com o Paraná quando, como que por ''milagre'', o sol some novamente. Será o fim deste interessante jogo? Chegarei, como tantas outras vezes, a uma Curitiba fria e chuvosa- onde terei de adquirir às pressas mais um guarda-chuva para a minha coleção? É cedo para comemorar...Faltando cerca de 50 km para o final da viagem o sol retorna com todo o seu vigor, para não mais deixar-nos. Menos 5 pontos...Ao menos eu estou do lado oposto do ônibus, onde o sol não bate...É uma Curitiba estranhamente ENSOLARADA, SEM NUVENS, que eu revejo. Mas não dá tempo para ''lamentar''. Os passageiros à minha frente comentam espantados que lá fora todos estão agasalhados...De fato. Uma família passa, e todos estão usando casacos de frio. Um ciclista passa em uma das canaletas exclusivas para ônibus criadas pelo ex-Prefeito Jaime Lerner. Usa um casaco também. Olho para fora, em frente à Rodoferroviária, e o relógio de rua marca 19 graus. Isto é Curitiba...Não é nenhum ''frio'', daqueles que só experimentei aqui. No meu critério, dá até para usar mangas curtas ( exceto pelo simples detalhe de que recheei a bagagem com 3 casacos...). Mas já são 16 horas, e a noite promete...Lembro de uma outra estadia aqui, quando estava percorrendo a cidade em um ônibus da Linha Turismo ( a melhor do país ). Visitei o Jardim Botânico, e voltei para pegar um outro ônibus- eles passam a cada meia-hora. Entrei no veículo com uma multidão de outros turistas. O sol ensaiou mostrar-se com todo o vigor. Apressei-me, imediatamente, a cobrir a janela com uma cortina. O sol, um daqueles sóis tipicamente curitibanos, entre nuvens, não durou mais de 5 minutos...Este ''sol de 5 minutos'' de Curitiba só veio dar um alô, antes de mais um dia nublado...Hoje é sábado, também faz sol- apesar de um raiar do dia gostosamente ''fechado'', a Rua das Flores está repleta de clientes e cabos eleitorais de políticos. Com toda aquela agitação do centro curitibano aos sábados. Mas, para minha felicidade, a temperatura não é muito diferente da de ontem. Mesmo sem sentir frio- sem contar o fato de shoppings e outros ambientes fechados locais também cultivarem o péssimo hábito de desligar o ar condicionado- dá para vestir um dos casacos. Não sei até quando, mas já é um alento...O melhor daqui, não sei se já disse, é o fato de a bela capital paranaense ser um misto interessante de pequena ''vila''- mesmo com quase 2 milhões de habitantes, é claro que estou comparando-a ao ''agito'' paulistano- com metrópole, com todas as conveniências que uma grande cidade oferece: boas livrarias, bons restaurantes, movimento, vida cultural própria. E ainda faz frio, para tudo ficar ainda mais perfeito! PS: Hoje de manhã, no GNT, assisti um programa da série ''O Brasil é aqui''. Hoje o apresentador estava em Palmas, no Tocantins( uma espécie de extremo oposto de Curitiba...). Lá, nos dias MAIS FRESCOS, a temperatura fica entre 35 e 40 graus...Tem gosto para tudo...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

É tempo de...tangerinas...

Há cerca de um mês não chove na cidade de São Paulo. Nos últimos dias tenho sentido dificuldade em dormir. Acordo várias vezes no meio da noite, com o nariz completamente entupido e a garganta seca. Tais sensações não são, infelizmente, exclusivas do período noturno. Mesmo dentro de casa ou em ambientes fechados similares, longe do calor que faz neste estranho ''inverno'' paulistano e bebendo cerca de 3 litros de água por dia, o corpo amolece. O nariz entope, irreversivelmente, desafiando todas as medidas contrárias. Sei por experiência própria que tudo o que se faz para ''combater a secura'' apenas ameniza os sintomas. São meros paliativos...Mudando um pouco de assunto, em uma época de comidas e bebidas artificiais a natureza pode parecer ''limitada''. Afinal, frutas e legumes não são ''fabricados'' abundantemente o ano inteiro. Tem suas épocas. Agora, por exemplo, é época de tangerinas. Não sou ''expert'' em tangerinas ou demais alimentos naturais, como pode fazer parecer o meu comentário sobre os artificiais...Vejam só que eu achava que as tangerinas deveriam estar completamente na cor laranja para poderem ser consumidas...Anos afora eu dispensei belas tangerinas ''murgote''( minhas prediletas...)apenas por estarem com um pequeno verdinho na região do talo. Outro dia pedi a ajuda de um dos atendentes do supermercado onde também compro as suculentas maçãs de São Joaquim, na serra catarinense. Ele informou-me, solicitamente, que todas aquelas tangerinas que tanto me atemorizavam, parcialmente verdes, estavam sim próprias para consumo. Eu levei, então, algumas para experimentar. Não é que ele estava certo??? Desde então estou me fartando de tangerinas ''murgote'', apesar de seus ''efeitos colaterais'' ( por mais que lavemos as mãos, sempre fica um cheirinho residual nas mesmas...haveria algum sabonete próprio para tirar o cheiro de tangerina das nossas mãos???!). Como duas pela manhã, junto com uma maçã deliciosa da fria serra catarinense e um copo de suco de uva orgânico. Este é o meu ''café da manhã'', próprio para eliminar os ''estragos'' do resto do dia...À noite também estou ''jantando'' mais duas tangerinas. O que dá um consumo médio diário de no mínimo 4, e ás vezes até 5 tangerinas. Estou tirando todo o ''atraso'' do tempo em que dispensei , quiçá, centenas de ''murgotes'' suculentas por causa de um talo verdinho...Este é um erro até banal diante das centenas ou milhares de erros maiores que vamos cometendo ao longo de uma existência, todos causados por uma perspectiva, uma visão equivocada. Como não posso dar um ''rewind'' em diversos aspectos de minha vida, até porque também não há aprendizado sem erros, ''corrijo'' uma pequena parte da mesma comendo tangerinas- muitas delas- numa estranha corrida contra o ''atraso''. Toda esta farra tem prazo certo para acabar: as ''murgotes'', ao contrário dos refrigerantes e sucos de caixinha, tem sua época certa...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Perdas e Ganhos...

Tudo na vida tem um preço. Diz o ditado que ''não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos''. Os números se contrapõem: de um lado 63% a menos de mortes em acidentes de trânsito; do outro, 30% a menos de consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes. ''A bebidinha ou a vida'', parece ser esta a dolorosa escolha. E é...Um documentário sobre a ''indústria da falsificação'' na China, mostrado no canal GNT da Net, informa que cerca de 85%(...)do crescimento daquele país é devido à prática comum( e ILEGAL, CRIMINOSA, diga-se de passagem...)da falsificação, da cópia de produtos legítimos. Uma estória macabra recheia o programa recheado de informações: um sujeito foi visitar uma fábrica chinesa. Viu diversas crianças em um ambiente, e ficou encantado porque o estabelecimento tinha uma ''creche''. Então descobriu, para seu e nosso horror, que não havia creche. AS CRIANÇAS ERAM OS OPERÁRIOS...Se este é o preço a pagar para termos produtos ''baratinhos'', este preço eu não quero pagar...Ah, mas isto vai prejudicar a indústria chinesa, alguém diria. Do mesmo modo como as práticas daquele país estão destruindo diversas indústrias ocidentais legítimas, que não empregam crianças de 9 anos...Tudo tem um preço, parece ser a conclusão. Vejamos a proposta dos democratas de retirar as tropas norte-americanas do Iraque( diga-se que no longinqüo prazo de 16 meses...). Menos conflitos armados prejudicarão a indústria de armamentos norte-americana, certo? Toda ação, nos dias de hoje mais do que nunca, implica em uma escolha. Toda escolha é, no fundo, estimular uma coisa em detrimento de outra. Como diz a música, ''TODA ESCOLHA É UMA RENÚNCIA''...Será que não conseguiremos sobreviver fabricando outras coisas ao invés de armamentos? Combater a indústria de cigarros, como assistimos nos últimos tempos, significa ''prejudicar'', indiretamente, os trabalhadores que fabricam cigarros. Não tem outro jeito. E os nossos bifes? Estamos conscientes de que a Amazônia, patrimônio da humanidade, é a ''última fronteira'' para pecuaristas e plantadores de soja. Aliás, a atividade ''lícita'' destes dois grupos está profundamente conectada: produtores de soja plantam um produto que é pouco consumido pelos brasileiros e que, quase certamente, servirá para a alimentação dos animais que são consumidos mundo afora. Boa parte do desmatamento da Amazônia está ligada à necessidade, lucrativa mas suicida, que estes dois grupos tem de novas terras. Há MUNICÍPIOS INTEIROS da Amazônia ligados ao desmatamento ilegal. Uma intervenção da Polícia foi alvo de protestos por parte da população de um destes municípios. Com quem ficaremos: do lado da vida, não muito popular entre aqueles trabalhadores, ou da indústria da morte? Hoje em dia somos forçados a fazer cotidianamente esta espécie de escolha. Algo muito mais difícil do que a agradável opção entre as marcas que enchem as prateleiras dos shoppings...

''Neo-Batman'' ou o ''Batman do século XXI''...

O ''meu'' Batman, o Batman que marcou a minha infância, era aquele da série que mais parecia uma comédia. Com todos aqueles sons na hora das lutas: ''Pow'', ''Pah'', ''Pum''! Naquela época o homem morcego dirigia um veículo semelhante a uma versão adaptada dos carros da época. Muitas vezes ele andava no Batmóvel com os VIDROS ABERTOS, vejam só quanta audácia! O milionário ''Bruce Wayne'' tinha uma ''Batcaverna'' distante, ao lado de sua mansão. Na hora da ação descia por uma barra semelhante àquela dos bombeiros, e corria para o Batmóvel...''Bárbara Gordon'' não era a mulher do comissário Gordon, como no novo Batman- O Cavaleiro das Trevas. A personagem era a FILHA do comissário, uma tímida e meiga bibliotecária de óculos que, nas horas vagas, também combatia o crime na versão sexy da mascarada ''Batgirl''. Do lado do crime, nossas mentes eram colonizadas pela inesquecível ''Mulher Gato''( ah, Mulher Gato dos sonhos da nossa infância...!), ainda mais sexy e, melhor, sem escrúpulos! A fêmea fatal que deixava até mesmo o ambíguo Batman perturbado...Outros vilões legais eram o ''Charada'', o ''Homem Gelo''...Naqueles tempos o Curinga não tinha facas embutidas na sola do sapato, e as lutas- ao invés das de hoje- eram travadas nas mãos. Com bons e belos socos. Mesmo ''perdendo'', Batman e Robin eram- ''inexplicavelmente''- sempre deixados sozinhos em um lugar onde haveria uma maneira ''cruel'' de matá-los( com ácido, tubarões, etc.). Assim como cruel nos soava aquele aviso final de que ''na próxima semana tem mais''...Na hora H, após uma semana de interminável espera para nós, eles sempre escapavam por um recurso qualquer( muitas vezes do inesgotável ''cinto de utilidades'' do nosso herói...). Claro: o ''show'' tinha de continuar. Infelizmente, do Batman de nossa infância só sobrou um filme adquirido nas Lojas Americanas. No Brasil a série andou passando na TV a Cabo, mas dela não se tem mais notícia...Por ter uma visão de Batman ''ideal'' na cabeça, era de se imaginar que eu ficasse decepcionado com o novo filme sobre o Homem Morcego. Muito pelo contrário...Antes um adendo. A revista ''Guia da Folha'', que vem encartada no jornal às sextas-feiras com toda a programação do fim-de-semana trouxe não o Batman, mas o Curinga na capa...E, vejam só quanto atrevimento, a exigente Folha de São Paulo, cujos críticos não perdoam quase ninguém em seus comentários, deu 4 ESTRELAS de cotação tanto para o último filme do francês Claude Chabrol, que já comentamos neste blog, quanto para Batman- o Cavaleiro das Trevas...Estariam os críticos da Folha enlouquecidos? Teriam ''viajado na maionese''? COMO seria possível dar a mesma cotação para um ''filme de arte'' e um ''blockbuster''? Fomos ao cinema conferir. O novo Batman, versão ''século XXI'', é sombrio como o personagem dos quadrinhos. O Batmóvel- ''macacos me mordam!'', diria o ''menino-prodígio'' Robin da série antiga- agora parece um veículo militar. Blindado, inatingível. O homem morcego agora- com tantos fuzis, bazucas e revólveres nas mãos dos bandidos- anda com uma espécie de armadura. Chega mesmo a VOAR(com o uso de instrumentos, claro), algo inimaginável para o Batman ''original''. Uma coisa só não muda, e nem poderia. O Batman, este ''Cavaleiro das Trevas'', simboliza o Bem, a Lei. Enquanto o Curinga, símbolo do mal, não tem limites, Batman distribui pancadas a torto e a direito- chega a ''torturar'' o Curinga em uma cena- mas, quando poderia liquidar de uma vez o inimigo atropelando-o com o que sobrou do Batmóvel ( não direi o que é para não tirar a surpresa...), ele desvia...O nosso ''Cavaleiro das Trevas''- como todo herói digno do nome- não quer exercer este incômodo papel. Vê com simpatia o papel de combatente do crime ser assumido por um intrépido Promotor de Justiça( Harvey Dent). A ''face clara'' do combate ao crime. O diretor criou uma personagem que causa uma tensão extra entre os dois ''mocinhos''- a bela ''Rachel''. Um é o ex, tentando voltar. O outro, quer desesperadamente ''fisgar'' a linda Rachel, assistente do Promotor, através do casamento. Mas um ''final feliz'', para quem quer que seja, é tudo o que não se espera de um verdadeiro filme de Batman...Toda esta mega-produção só é fortalecida pela presença dos veteranos e competentíssimos Michael Caine e Morgan Freeman( cujo personagem reage ao uso, por Batman, de uma espécie de ''Echelon'', um super-espião capaz de captar todas as conversas de celular em Gotham...o combate ao crime tem de ter limites...). ''Batman- o Cavaleiro das Trevas'', como toda mega-produção atual, é um filme de muitas tramas e sub-tramas. Há uma Máfia local, e um desdobramento chinês( o que nos garante belíssimas cenas em Hong Kong...). O Curinga, última participação no cinema do competente e recém-falecido ator Heath Ledger, é a grande estrela da obra. Os discursos são raros, em meio a tanta ação, mas concisos e muito eficientes. Palmas para os roteiristas. Em poucas palavras, o personagem do Curinga afirma que é o ''elemento de caos'' em meio a tantos ''planos''( planos do Prefeito, do comissário Gordon, de Batman). A maldade pura, sem limites, fascina. Enche a tela. Horroriza mas impede-nos, simultaneamente, de fechar os olhos. Rouba para si todas as atenções. ''Rouba'' um filme que foi feito para projetar o seu rival, o herói...A maldade do século XXI, um pouco diverso do filme, não tem cara( salvo um possivelmente morto Bin Laden...). Os meios cruéis agora abundam: venenos, armas quimicas, bombas nucleares, bazucas, fuzis, minas...A realidade é ainda mais assustadora do que a mostrada pelo Curinga na obra cinematográfica. O medo de algo que não sabemos direito o que é, que pode vir de qualquer lugar, a qualquer momento. A realidade extra-filme parece tudo, menos um cenário de ''ordem'' que necessitaria ser ''balançado'' por um pouquinho de caos...Parece mais que vivemos em meio ao caos, com elementos de ordem...A dura realidade requer heróis ''casca grossa'', parecem nos dizer todos estes filmes e seriados. Batman é o herói das nuances: defende o bem, mas com dureza. Seu símbolo é um morcego. Ele vive nas ''trevas'', como aliás parecemos fazer todos nós. O fundo deste filme, e da atualidade, é descobrir quais são os limites de uma luta contra o chamado ''mal''. Quais são os limites- esperemos intransponíveis- que nos separam, na luta contra o ''mal'', da barbárie total que seria igualar-nos aos nossos ''inimigos''? Um dos heróis do filme sucumbe à própria natureza ambivalente. O outro defende-se amparado na própria ambivalência, que é indistingüível do seu ser. Batman nos fascina, e continuará fascinando ainda mais após este filme, por ser tudo menos ''puro''...''Puro'' era o outro, aquele da nossa infância...PS: E não é que os cri-críticos da Folha estavam certos? Os dois filmes- o francês e este Batman- são duas obras-primas. Merecem ambos, cada qual por diferentes motivos, QUATRO estrelas...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Da idade...

Todos os domingos a Avenida Paulista ''ferve'', de modo distinto. Suas 28 salas alternativas de cinema ( uma concentração maior do que em qualquer outra cidade brasileira)e mais umas 12 comerciais são tomadas por um público faminto de novidades. Além disso, temos ainda as 4 grandes livrarias da região. Tudo isto compõe o que podemos chamar de ''consumo cultural''. Em um domingo de sol, então, nada melhor do que entrar gostosamente em uma sala e sentir aquele friozinho gostoso do ar condicionado. Assim, logo após o almoço, rumei para o Reserva Cultural- conjunto de 4 salas de cinema, além de café e restaurante. Enquanto esperava pelo início do filme, do lado de fora e acomodado confortavelmente em uma poltrona, notei a predominância, naquele horário, do público de terceira-idade. Casais, cabecinhas brancas andavam de lá para cá, provavelmente também á espera de alguma sessão. Na hora do filme, para minha surpresa, a sala de 200 lugares já estava quase repleta- e praticamente todos eram idosos...O filme, que irei descrever a seguir, é o francês ''Uma garota dividida em dois'', do diretor Claude Chabrol. O ''galã'' masculino é um escritor, de cabelos todos brancos. Ele é casado com uma bela mulher, tem a vida estabelecida, e conhece uma linda garota loira que apresenta a previsão do tempo na TV. Ela fica totalmente louca pelo escritor, enquanto repele vigorosamente as investidas de um herdeiro de sua idade...Estórias de amor são banais. Muito pouco pode ser acrescentado em um relato nesta área. Mas COMO o hábil diretor conta o desenrolar dos fatos é o que interessa. A França, aqui como em praticamente tudo, resiste ao previsível. Resiste à invasão do visual, da beleza fútil e vazia. É a jovem que assedia o ''coroa'', é ela que se apaixona primeiro, é ela que é rejeitada. Tudo às avessas do que seria ''normal''. Parece uma ''vingança'' da velhice contra a onipresente juventude, e é. A platéia se diverte e nós, que já nos encontramos entre uma fase e outra da vida, também. Chabrol não é realista. Conta o improvável de uma forma convincente, que nos parece natural. Ao final, um mar de cabecinhas brancas deixa apressadamente a sala. Afinal, o filme dura mais de 2 horas. Fico pensando, ao ver todos aqueles velhinhos se divertindo na primeira sessão de domingo, o quanto isto difere da tradicional visão que temos da terceira idade. E o quanto esta, na verdade, se aproxima mais, para aquelas pessoas que estavam ali ou em diversos outros cinemas ou livrarias, de uma ''nova adolescência''. Explico. Nos últimos tempos tenho apreciado muito mais a companhia de idosos e crianças. As crianças por sua energia, espontaneidade, travessura. Elas nos olham diretamente nos olhos. São sinceras. Nunca amei tanto as crianças quanto hoje. Elas nos apontam um rumo, na realidade. Como é bonito ver um ''velho'' que mantém aquele olhar de travessura, juvenil...Os idosos também me agradam. Sem contar o fato de que aquela sessão de cinema que descrevi foi uma das mais tranqüilas dos últimos tempos, na ausência do onipresente e inevitável som de celulares e brincadeiras fúteis, os idosos tem aquele olhar de quem sabe o que é mais importante nesta vida. Eles não nos olham com jeito de superioridade ou inferioridade, nem buscam parecer ''importantes'' ou ''sensuais''. Eles são eles mesmos. Difícil ver um velho se corromper. Afinal, obter dinheiro a qualquer custo é coisa de quem está buscando sexo, bens ou poder; de quem está ocupando, na escala da vida, uma espécie de ''pré-primário'' evolutivo( desculpem-me as crianças por colocá-las em um plano tão inferior, na comparação, mas é a força da expressão...). Os idosos, ou porque já conquistaram o que queriam conquistar ou porque se deram conta de que estas coisas todas tem pouquíssima importância, passam a fazer o que lhes dá prazer. Ler, viajar, ir ao cinema, paquerar, passear. Não é isto o que também faríamos, se soubéssemos que teríamos ''poucos anos de vida''? Não nos concentraríamos, como fazem idosos em crianças em imprevisível harmonia, no que é mais importante? Ainda há tempo. Mesmo porque não sabemos quanto tempo dispomos ainda em nossa passageira escala por este belo planeta. Ao menos o deixemos como recebemos...Se não soubermos, que tal perguntar para os doces velhinhos?

Nome Próprio

Aqui em São Paulo há um cinema- da rede Espaço Unibanco- onde eles colocam na entrada os cartazes dos próximos filmes. O ''Nome Próprio''( de Murillo Salles, com Leandra Leal) era um daqueles que mais chamavam a minha atenção. - Como será o ''filme da Internet brasileira?'', eu me perguntava. A ''espera'', após o aparecimento do cartaz, levou mais de 2 meses. E, quanto maior a espera, maior a decepção...Sabemos que não é fácil para o cinema brasileiro competir com os ''blockbusters'', em especial no período de férias. O número de espectadores de filmes brasileiros está em plena queda, aponta-nos a imprensa. Há que se separar, para avaliar o ''Nome Próprio'', dois aspectos: a estória- repleta das velhas fórmulas de bebedeira, sexo casual e ''radicalismo'' existencial, um ''barracão'' bem ao estilo dos ''reality shows'' tão abundantes na TV de todo o mundo- e a parte em que ela escreve o seu blog. Nesta segunda, para não ficar ''monótona'' para a platéia uma atividade que é essencialmente interior, as palavras vão deslizando pela telinha à medida em que ela escreve...Como todo filme dividido em pelo menos dois aspectos, este fica devendo pela dosagem. Muito ''barraco'', muita nudez exterior, como os diretores nacionais parecem imaginar que a platéia ''prefere'', e pouca Internet- que foi o principal motivo que nos levou a assistir esta película...Em suma: não houvesse uma ''parte Internet/blogueira/literária'', tratar-se-ia de uma obra perfeitamente dispensável...Este não é, definitivamente, um filme que vai empolgar o universo blogueiro aqui e pós-fronteiras. Também não é uma grande obra de arte( nisto europeus e argentinos estão anos-luz à nossa frente). Mas vale a pena assistí-lo, se fizermos a nossa ''edição personalizada''. Nem tudo presta, nem tudo é ruim...Como na...Internet???

domingo, 20 de julho de 2008

Tendências...

Não sou eu a inventar certos termos. Por isto, nada melhor do que utilizar expressões como ''coisificação do ser humano''- o ser humano como objeto- entre aspas. Até aí, sem novidades. A graça da coisa, o seu interesse para nós, começa quando- paralelamente a esta tendência da época- começamos a observar, aqui e ali, outras tendências igualmente fortes. Vamos a elas. Uma novidade é a ''personificação de objetos''. Comerciais de automóveis são peritos nisto. Um deles mostra como ''ele'' ( o carro, ora bolas! )''voltou diferente das últimas férias''. ''Ele''- o veículo 4 X 4 último tipo- é mostrado atraindo diversos tipos de metal, como se fosse um imã. E, como se fosse uma pessoa e não uma coisa, surge ''de repente'' nos mais diversos lugares...Conheço gente que batizou o ''possante'' com nome de personalidades. Mulheres que batizaram seus veículos como ''Brad Pitt''. Faz sentido, encarado de modo diverso. Um homem montar sua ''Angelina'' e sair por aí, nesta atividade prazerosa que é conduzir um automóvel ( à exceção da cidade de São Paulo e arredores, claro...). Com todo o respeito à bela e talentosíssima atriz norte-americana...A Sociedade do Espetáculo nos infantiliza a todos. Todos queremos parecer jovens. Tudo é uma gigantesca BRINCADEIRA, se olharmos estas tendências exóticas atuais por um prisma mais isento. Enfim, voltando às tendências- o objetivo deste post- outra muito forte é a da ''personificação de animais''. Quando criança eu também quis ter o meu cachorrinho. A reação de minha mãe foi tão forte, e com tantos argumentos enfáticos contrários, que eu desenvolvi um TRAUMA de cachorros. Bastava passar um, por menor que seja, e eu saía em desabalada carreira- um ''convite'' para que os animaizinhos também corressem no mesmo sentido...Hoje já não tenho medo de ''auaus'', mas tampouco desenvolvi um apego especial aos mesmos. Talvez por causa de tantas corridas...Mas não sei se é apropriado chamar este ENORME grupo de apreciadores de cachorros de ''confraria''. Este termo é mais apropriado para os poucos e fiéis apreciadores dos caros vinhos...Cachorros, ao contrário, estão por toda a parte, e já gozam, no mínimo, de um ''status'' equivalente ao dos humanos. Juro que ainda não vi alguém fazer tanta festa com um bebê humano quanto fazem com um totó...Alguns donos, mais empolgados, costumam conversar e ''ralhar'' com seus ''filhinhos''. Talvez a própria ''chatice'' do ser humano atual, já apontada em outro post, explique esta IMENSA popularidade dos cães. Os argumentos, inevitáveis, são: ''eles são amorosos'', ''fiéis'', não dão ''trabalho''. Vejam como um admirador de cachorros é quase sempre, e pelas mesmas razões, um detrator da espécie humana...Infelizmente o ''status'' dos bebês humanos, tão abundantes neste e em outros países de Terceiro Mundo, não está no mesmo nível. Outro dia, em Brasília, um cara quase foi linchado por maltratar um...CACHORRO...Seria a reação tão grande se fosse com uma criança? A popularidade dos animais já é tão grande que surgiu um forte mercado de serviços para cães. ''Hotéis'', ''spas'', shopping centers- como o Pátio Higienópolis aqui em Sampa- que tem até bebedouros especiais para os bichinhos...Porém, mesmo com toda esta popularidade dos nossos irmãos caninos, outro dia me surpreendi com mais este espaço que eles conquistaram. Em plena LIVRARIA CULTURA, do Conjunto Nacional, uma mulher transitava tranqüilamente com seu totó...E não era um cãozinho qualquer: era BEM grande...Seremos interrompidos, futuramente, ao olharmos para os nossos livros tão queridos- e pelos motivos pelos quais alguns preferem os cachorros...- por LATIDOS em pleno ''Templo do Saber''? Talvez este seja um forte argumento para adquirir logo um Ipod, este verdadeiro ''espanta-chatos'' e, agora, uivos e latidos animais...PS: No ritmo em que estamos- e aí vai uma tendência que mereceria um texto inteiro- logo se tornarão populares aquelas viseiras com quem iremos interagir pelas ruas do mundo, mergulhando de vez no mundo ''virtual'' enquanto o ''físico'' dá mostras de esgotamento...Toda esta popularidade dos cães não é casual. O homem moderno, ilhado, torna-se cada vez mais ''chato'' e ''inconveniente'' para os outros. O chamado virtual, aqui, entra como uma tentativa de fuga ainda mais perfeita que as outras( cinema e TV)...E aqui, como fecho, lanço a pergunta: sobre o que iremos falar, no meio virtual, quando finalmente atingirmos a ''meta'' de nos isolarmos- através de Ipods, coleiras virtuais, muros de arame farpado, veículos blindados, cães ferozes, etc. - de todo mundo???

sábado, 19 de julho de 2008

A escrita como alternativa á morte

No post anterior, falamos ''en passant'' sobre o suicídio do poeta russo Maiakovski. O suicídio, em nossa concepção, é um gesto incompleto. Morrer, de fato, seria nunca ter existido, ou conseguir apagar todos os sinais de nossa presença neste planeta- missão quase impossível...Ao escrever vamos aqui e ali - mesmo em meio à dor e à morte que fazem parte da dita ''realidade''- deixando rastros. Ou seja, é o oposto da morte completa. Da morte ''ideal'' que nenhum suicida poderá jamais alcançar. Ao escrever lidamos cotidianamente com morte e vida, brincamos com as duas, e ficamos deliberadamente com a segunda...A escrita é a prova material, concreta, da viabilidade da existência, uma prova tão fática quanto o que vamos descrevendo, os objetos de nossa paixão: a cidade grande, onde nos encontramos por ora, é lugar de dor, morte, medo, solidão. Assim parece, para muitos, assim estes a vivem. Porém, mesmo em doses homeopáticas, quase imperceptíveis, ela também é plena de vida. O sol nasce e se põe todos os dias, o verde- quando o encontramos- é um enorme prazer, habitamos um pequeno universo onde o raro e o belo nunca faltam ,e sempre dizem :''presente!''. Enquanto pudermos observar, com quaisquer de nossos sentidos, haverá vida e escrita, inseparáveis uma e outra. O blog, como as demais manifestações ''artísticas'', é perpetuação. A ''anti-morte''. O ''anti-suicídio''. Megalomania. Egocentrismo. Vida que segue...

A Blusa Amarela de Maiakovski

Está lá, na recém-publicada biografia do ''Poeta da Revolução''( Editora Record, Autor: Aleksandr Mikhailov): ''Eram duas- uma amarela e outra com listras pretas e amarelas. E dizem que Maiakovski ficava muito elegante quando as vestia. Mas dificilmente as blusas lhe garantiam elegância. A idéia surgiu por causa da pobreza(...)A elegância é um dom, assim como a voz, por exemplo, ou o ouvido musical(...)Sobre como veio ao mundo a blusa amarela, contou Aleksandra Alekseievna, pois foi a receptora da encomenda. - Pela manhã Volodia trouxe a baetilha. Fiquei muito admirada com a sua cor, perguntei para que era e já me havia negado a costurar. Mas Volodia insistia: 'Mãe, eu farei esta blusa de qualquer forma. Preciso dela para a apresentaçáo de hoje. Se não a fizer, vou pedir ao alfaiate. Mas não tenho dinheiro. Preciso procurar o dinheiro e o alfaiate. Não posso ir de camisa preta! Os porteiros não me deixarão entrar. Se eu estiver com essa blusa, ficarão perplexos e eu entrarei. Preciso me apresentar hoje'. Assim surgiu a primeira blusa. Custou 1 rublo e 20 copeques: 6 metros de baetilha amarela, 20 copeques o metro. A segunda blusa, também de baetilha, com largas listras amarelas e pretas. E a elegância? Maiakovski, mesmo de andrajos, teria aparência de aristocrata. Na sociedade ''cortesã'', a blusa amarela foi recebida como algo semelhante a um farrapo vermelho para o touro na arena. Era um desafio. De menino. Ah, aquela blusa amarela quase se transformou em emblema do futurismo, quantos absurdos foram escritos sobre isso nos jornais das capitais e das províncias daquela época! A ninguém ocorreu que na ''blusa amarela a alma estava escondida da vistoria''. Ninguém, quase ninguém notou o sinal do infortúnio interior trágico já nos primeiros poemas e principalmente na tragédia Vladimir Maiakovski, do poeta de 19 anos''(páginas 95/96). E não é que o propósito deste ''post''- para variar- é outro, e a blusa amarela de Maiakovski entra apenas como exemplo do que vamos discutir aqui? Não, não irei falar mais da vida do grande poeta russo. Fico apenas com o episódio da blusa amarela. Os interessados que busquem na obra já citada mais informações sobre a vida do imortal artista. Importa-nos a sensacional visão de alguém que queria ter uma ''marca pessoal'' em uma época e lugar onde nem se vislumbrava o que é ''marketing'' ou ''relações públicas''. E conseguiu, por todos os meios- inclusive pelo uso da blusa amarela- à sua disposição, conquistar o seu lugar naquela sociedade. A blusa amarela de Maiakovski surge-nos como o infinito potencial que cada pessoa tem neste planeta, com os meios que possuir, de deixar a sua MARCA. De reinventar-se. De criar. A blusa amarela, tal a força desta imagem ainda hoje, fica como o símbolo daquela trajetória, daquela vida. Quem foi Maiakovski, perguntariam? Foi o cara da blusa amarela, aquela que os agentes czaristas disseram que barrariam ''de qualquer modo'' em um determinado evento, e ele conseguiu entrar e brandiu a sua blusa amarela para uma platéia eufórica...Mesmo o suicídio do poeta está ligado a esta simples blusa amarela: como poderia um poeta inovador e original conformar-se com a cinzenta e padronizada sociedade stalinista pós-revolução de outubro? Com a sua ''arte oficial'', e o ridículo ''realismo socialista''? Não conformou-se. E a blusa amarela ainda hoje- não importa a cor, e sim o gesto- permanece como um símbolo de luta e um estímulo para que façamos a maior de todas as revoluções: a nossa revolução interior. Basta um pequeno gesto, como Maiakovski demonstrou...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

E o inverno? Cadê o inverno???

Só cheguei a sentir um pouco de frio nos primeiros dias deste ''inverno''. Mas nada que, de longe, justificasse as pesadas roupas de inverno que lotam diversas lojas...Frio, de verdade, para mim, faria com temperaturas próximas de 10 graus, para começar. Porém, só lembro de 2 dias que corresponderam a estas características. O resto, como na última semana, foi uma sucessão de dias secos e ensolarados. ''Belos dias'', para a maioria. ''Bah!'', replico. Depende do gosto de cada um. Para mim, não está bom...Frio não faz nos shoppings, com seus condicionadores de ar desligados( vide post anterior...). Também não há frio nas ruas, com temperaturas entre 23 e 25 graus. Não sinto frio sequer aqui dentro de casa, onde já precisei outrora usar meias específicas para baixas temperaturas...Enquanto as lojas já estão em promoção- com roupas de LÃ ?!!!( onde usá-las???) espero em vão por uma frente fria qualquer que venha lá do Sul e nos tire desta monotonia. Nada feito: segundo a TV, os gaúchos estão passando este ''inverno'' ensolarado nos parques, usando trajes sumários para enfrentar o calor...Só nos resta sonhar com o Uruguai, a Argentina ou, na hipótese mais extrema, com a cidade da Patagônia que foi apropriadamente apelidada de ''fim do mundo''...O frio nos escapa...

''Curinga'' em ação...

Quem é ele? Um pássaro, um avião? Lembra o Euller- o ''filho do vento''- o Cafú dos velhos tempos, o Cicinho como lateral direito do São Paulo. Porém, ao contrário dos jogadores acima citados, todos muito velozes e bem preparados fisicamente, ele não é jogador de uma posição só. Meia? Lateral Direito? Centro-avante? Ponta Direita? Éder Luís, jogador recém-adquirido pelo tricolor paulista, é o jogador dos sonhos de qualquer treinador. Muricy Ramalho que o diga. Tal como no ano passado, o São Paulo continua jogando fechadinho, nos contra-ataques. Fica, como um lutador de boxe, literalmente ''nas cordas'', esperando os adversários. Leva inúmeros pequenos golpes ( ou ataques )mas não cai. Então, em mais uma prova de que o futebol não é ''justiça'' mas sim tática, ele desfere uma cacetada mortal que surpreende a outra equipe. Isto- este futebol ''de resultados'', que não ''enche os olhos'' da torcida mas é extremamente eficaz- foi o suficiente para conquistar o título brasileiro ano passado. Mais do que os badalados Hernanes e Richarlyson, bons jogadores mas limitados, Éder Luís é completo. Bate bem com as duas pernas. Joga onde o treinador mandar. Veloz como um puma à caça de suas presas, é a cara de um São Paulo que jogou ontem à noite sem centro-avante, sem o ''grandalhão'' que fica lá na frente e é a referência de quase todos os times do futebol brasileiro. A polivalência do tricolor paulista manifestou-se nos gols: Hugo, meia, de cabeça. Dagoberto, outro meia, e, enfim, o próprio Éder, partindo do meio de campo e driblando toda a defesa do Vitória, coroando uma atuação impecável. O São Paulo joga ''mineiramente'', ao estilo Muricy, ''comendo pelas beiradas''. Não é ''sorte''- como nada é sorte na vida- é trabalho duro e competência. Felizmente os europeus ainda não ''descobriram'' o super-jogador que é Éder Luís...

terça-feira, 15 de julho de 2008

Oásis paulistano...

Um dos hábitos mais legais dos catarinenses, além de uma extrema cortesia das pessoas comuns para com turistas em geral, é o de, nas casas que preparam caldo de cana ou sucos, deixar sempre um ''chorinho''. Uma sobra no vasilhame, que permite que repitamos a dose. O catarinense mostra, neste pequeno gesto, o quanto é generoso. Em São Paulo, regra geral, o suco vem na medida exata do copo. Alguns atendentes de casas de suco e padarias chegam mesmo a tomar a sobra na nossa frente...Porém, como toda regra tem exceção, conheço uma casa de sucos, em plena Avenida Paulista, e a preços módicos, que nos presenteia com generosos ''chorinhos''. Por isto, a cada caminhada que faço este lugar, aparentemente sem maiores atrações e com um ambiente comum, acaba sendo um de meus ''points'' favoritos. Só não fica perto do mar, mas nem tudo é perfeito. Hoje, no meio da tarde, fazia sol. E algumas pessoas- algumas no final do expediente, e outras ''fazendo hora'' entre um compromisso e outro- estavam sentadas nas mesas de um pequeno bar, espalhadas sobre a calçada e sob o calor do sol. Esta é a verdadeira ''praia do paulistano''...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cena inesquecível, no shopping

Como todo bom paulistano, neste sábado eu fui para a nossa ''praia'' para passear: o shopping. Entre cafés, livraria e muitas lojas, acabei escolhendo entrar em uma loja de departamentos. Após muito tempo- e não só neste dia- sem achar uma mísera peça que me agradasse, encontrei uma calça interessante. Decidi prová-la. No provador, enquanto estava experimentando a peça, ouvi uma voz de criança bem próxima: ''Papai, papai, eu te amo!''. O pai parecia estar provando também alguma roupa, e também falava ao celular, mas replicou ''eu também, minha filha''. A menininha continuou repetindo o ''papai, papai, eu te amo!'', eu terminei de experimentar a minha calça e saí. Enquanto olhava para o restante da loja, e procurava um caixa, vi um casal perto de mim com uma menina de seus 4/5 anos feliz e saltitante. Parecia ser a que proferira aquelas belas e inesquecíveis palavras, que desanuviaram todo um ambiente normalmente ''carregado''. Embora sérios, concentrados, os pais não ralhavam com ela, nem diziam os inevitáveis ''não faça isto, não pode fazer aquilo''. E a bela vozinha da menina continuava ecoando na minha cabeça. Fez com que eu passasse a olhar TUDO ao redor com outros olhos. Em outro caixa, um pai segurava um bebê que chorava enquanto o irmãozinho mais velho, com camisa de time europeu, agitava-se e brincava. As palavras daquela menina ainda ecoavam, enquanto eu via o restante do shopping. Entrei em outras lojas, tomei um suco perto dos cinemas. Logo após, ao voltar para casa, acho que o efeito se perdeu, um pouco. O motorista de táxi veio com aquela velha conversa fiada do ''esfriou, né?''. Eu repliquei com um seco ''não acho''. Lá fora estava fazendo meros 18 graus, eu de bermuda e camiseta de manga curta, muito longe de sentir qualquer espécie de ''frio''. O bem-estar que as palavras da menininha provocaram em mim já estava bem para trás...Vejam só como são tênues as nossas mudanças de humor...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Suas séries favoritas, em boxes de DVD- uma onda positiva

Primeiro uma reclamação. A série ''Frasier'', uma de minhas prediletas, teve apenas as 3 temporadas iniciais lançadas em DVD no Brasil. Depois, ''esqueceram'' de lançar o resto, em um desrespeito aos apreciadores do programa. A Livraria Cultura tem para vender a SEXTA temporada, em uma versão norte-americana- sem legendas...Inconcebível também é nunca terem lançado por aqui a MELHOR série de todos os tempos: ''Além da Imaginação'' ( Twilight Zone). Lembro-me quando um canal de TV a Cabo- o extinto ''USA'' da NET- exibiu um sábado inteiro de Maratona desta série, com os episódios mais fantásticos e maravilhosos já vistos por mim. Depois disto, mais nada. Como sempre, certas unidades da Cultura tem a primeira temporada para vender. Infelizmente, são versões exclusivamente em inglês, sem legendas...Não estou fazendo propaganda de livrarias. Eu ESPERO, ao contrário, que finalmente lancem- nesta ''onda revival'' de lançamentos de boxes de séries antigas- as duas já citadas acima. Os consumidores estão frenéticos, em função de tantos lançamentos. Para aqueles que, como eu, começaram a assistir ''Lost'' na Quarta Temporada, é irresistível ver todas aquelas caixinhas com as Temporadas 1, 2 e 3...Também comecei a ver ''24 Horas'' pelo meio, e comprei os boxes iniciais para ''atualizar-me'' com o mundo de Jack Bauer...Também, haja grana para comprar tudo. ''A Feiticeira'' já está na quarta ou quinta temporada, e eu ainda não comprei nenhuma. ''Jeannie'' está, creio, na quarta, e eu só tenho a primeira. Em compensação, tenho todas as caixas de ''Star Trek''( Jornada nas Estrelas), ''Lost in Space''( Perdidos no Espaço), ''Kung Fu''. Não pensem que, pelas séries citadas na frase anterior eu seja meramente um saudosista. Já citei neste blog várias séries atuais de minha preferência: ''Criminal Minds'', ''CSI Miami e New York'', ''Smallville'', entre outras. Mas meu sonho de consumo, aquilo que pode- virtualmente- vir a satisfazer-me por ''completo'' neste mundo de tantas novidades a cada dia- é adquirir, no Brasil, as caixas de ''Além da Imaginação'', ''Viagem ao Fundo do Mar'', ''Túnel do Tempo''( uma temporada apenas...sniff...)e ''Terra de Gigantes''. É, no fundo eu sou mesmo um saudosista...

A ''onda das dublagens''

Salvo séries antigas como Jornada nas Estrelas, Perdidos no Espaço, Dallas, Jeannie, A Feiticeira, considero absolutamente abominável ser submetido a dublagens. Infelizmente, é o que acontece cada vez mais na TV a Cabo. O canal Fox, por exemplo, que exibia séries como ''Nip/Tuck'' e ''24 horas'' no original, mudou-as para versões dubladas repentinamente, sem consultar seus espectadores. Deve espelhar-se em canais como o tal de ''Telecine Pipoca'', que exibe filmes iguaizinhos às versões que passam nas tevês abertas...Com ''grande sucesso de público'', informa-se...Não por acaso esta onda de dublagens( lembremos que os norte-americanos em sua maioria- que horror!- também só suportam as versões dubladas em inglês. Imaginem! Um filme francês dublado em inglês!!! Hollywood, em conseqüência, produz versões adaptadas de filmes bem sucedidos em outros países...)vem em um momento de declínio do hábito de leitura. Diversos filmes, e não só aqueles para crianças muito pequenas, já são exibidos em versões dubladas nos cinemas. Tudo para encanto de uma multidão preguiçosa, para a qual é ''difícil ficar lendo todas aquelas letrinhas passando em alta velocidade''...Infelizmente certos retrocessos mentais coletivos não tem cura. Ou tem? Talvez um pouco mais de leitura não fizesse mal...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pesadelos...

Outro dia adormeci em frente á TV. Estava passando aquela novela com os mutantes, na Record. No meio da noite, sonhei que bichos estranhos estavam subindo as paredes do meu quarto, exatamente como aqueles besouros que perseguiam os personagens principais da estória. Estória esta que é exibida em pleno horário nobre, para crianças...Acordei assustado, e de volta para a realidade. PM's dão 15 tiros em um carro e matam uma criança no Rio. O São Paulo empata com o Ipatinga, no Morumbi. Começam as campanhas eleitorais nos Municípios de todo o país. Obama afirma que talvez não retire as tropas do Iraque no prazo que havia dado...De repente, ''surpreendentemente'', me deu uma vontade imensa de voltar para o mundo da fantasia. Já posso. O Sci-Fi Channell- canal especializado em filmes e séries de ficção científica- acaba de estrear na minha TV a Cabo. Volto para os sonhos. Espero que, desta vez, sem resquícios da ''realidade'' acima descrita, e sem bichos horripilantes escalando as paredes do meu quarto...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Remédio neles...

Primeiramente, o ''Estadão'' do dia fala sobre uma pesquisa que apontou que cerca de 8% da população mundial sofreria de uma síndrome batizada de ''fracassomania''. A psiquiatra responsável pela pesquisa apontou, para nosso alívio, que há tratamento para a dita ''síndrome''. Felizmente...Mas seriam só estes 8% os portadores da tal síndrome? Que tal incluir a torcida do Fluminense neste rol? E as do Botafogo e do Vasco, eternos vices? Acrescentemos os milhões de candidatos que são reprovados a cada concurso. Os sem-teto que já ocuparam profissões ''respeitáveis'' no nosso meio. A população inteira da África, boa parte da América Latina( a Argentina e a Venezuela, com certeza na frente...). Ah, não esqueçamos dos americanos que tiveram seus bens leiloados por conta da atual crise econômica, e daqueles que perderam seus empregos...E os europeus, eternamente apontados como ''reticentes'' em relação às regras de ''livre mercado''? Sobrariam, nesta macabra lista de ''fracassados crônicos''( da qual não escapa sequer o autor destas linhas), apenas os chineses. Mas nem todos os chineses. Os camponeses também sofrem desta síndrome. Assim como os operários que recebem uma mixaria para fabricar( alguns não recebem nada, pois estão no ''Gulag'' chinês...)os caros tênis e roupas de grife que nós usamos alegremente no Ocidente...Então, só escapariam de verdade os chineses capazes de adquirir as versões originais destes produtos. Não sobra muita gente...Além de remédios para a ''fracassomania'', leio outra nossa alvissareira. Os médicos estão preocupados com o elevadíssimo número de crianças que estão com os níveis de colesterol cada vez maiores. A solução? Remédio neles! Nenhuma palavra sobre as porcarias que estão consumindo, sob o rótulo de ''alimentos''. A bela mamãe oferece um gole de ''água'' para a criancinha em um lugar público. ''Toma mais um pouquinho de água, meu filho'', ela pede. A tal ''água'' leva o singelo nome de H2O, produto com nome de água que possui- pasmem!- adoçantes e conservantes. ..Diante de tudo isto, é de admirar que ainda se fale de remédios como soluções para quaisquer problemas. Os produtos que ingerimos, e cujas complicadas fórmulas dos rótulos não conseguimos entender, mais se assemelham a remédios. Com uma diferença: ao invés de curar, eles matam...Que o digam as CRIANÇAS com elevados níveis de COLESTEROL...

Desagradável...

Não é fácil falar das maiores mazelas do país utilizando a primeira pessoa, sem auto-excluir-nos: ''nós''. Normalmente, e é muito mais cômodo, usamos a terceira pessoa ao fazermos afirmações semelhantes. ''Os outros'' são mal-educados. ''Ninguém'' respeita as leis de trânsito. ''O brasileiro'' é irresponsável. ''As pessoas'' não sabem tratar umas ás outras. Versões na primeira pessoa do plural das mesmas frases sairiam como ''nós somos mal educados'', ''nós não respeitamos as leis de trânsito'', ''nós somos irresponsáveis'', ''nós não sabemos tratar uns aos outros'', ''nós somos lenientes com a corrupção'', e por aí afora, em um rosário infinito de auto-recriminações. Embora mais doloroso, o processo descrito acima é mais efetivo. Ensina-nos que as coisas começam e terminam em nós, e qualquer processo de mudança também parte da nossa pessoa. Nós nos compromissamos, porque somos responsáveis pelas coisas...Cite-me uma grande personalidade da história que não se julgava capaz de transformar as coisas iniciando por sua conduta...Claro que nós nascemos em um meio complexo, ''sui generis''. Pense em um meio de pessoas honestas, incorruptíveis. Qualquer proposta suspeita seria rechaçada ás claras, sem hesitação. Condutas desonestas, caso houvesse aceitação por parte de mais de uma pessoa, teriam de ser feitas por trás dos panos, às escuras, de modo que ninguém tomasse conhecimento. O honesto não tolera o corrupto, e vice-versa. Os dois não se misturam. Como água e azeite...Nós, infelizmente, não vivemos neste mundo de pessoas ''certinhas''. Não temos, ainda, noção do que é interesse público, e, aqui, a noção de uma conduta ''republicana''- impessoal, em prol única e exclusivamente da sociedade- não passa de um sonho...Cometemos, aqui e ali, cotidianamente, pequenos ''pecadilhos'', na ignorância de que todos os nossos gestos acabam se somando nisto- neste grande mar( de quê?)- que é o Brasil de hoje. ''Ah, a corrupção. Que absurdo! Alguém tem de combatê-la, não é verdade?'', brada a nossa metade pública. Enquanto isto, no plano particular, não julgamos que estacionar o nosso carro em fila dupla vai afetar o trânsito, e ainda reclamamos e tentamos dar um ''cafezinho'' para o guarda que, justamente, ameaça multar-nos...Ficar na fila é para os ''trouxas''. ''Bebida e direção não combinam'', repete-se o tempo todo, ''mas eu vou tomar só uma''...O nosso meio não é corrupto. Os corruptos, os grandes corruptos, estes são facilmente identificáveis. Infelizmente, alguns ocupam posições públicas graças ao nosso voto. Ou do voto dos outros, aquelas ''bestas que não sabem votar''. Em quem foi que o senhor/senhora votou mesmo nas últimas eleições? ''Ah, eu não me lembro. Políticos são todos iguais mesmo...''. O que seria INSUPORTÁVEL em um meio de pessoas ''certinhas'', bem-educadas, honestas, torna-se suportável, tem aceitação neste meio frouxo em que vivemos. Não somos corruptos, em nossa grande maioria, repito. Mas não sabemos exigir os nossos direitos. Já que a mania agora é se espelhar nos outros, no que as chamadas ''personalidades'' fazem, maus exemplos é que não faltam. Suportamos, alguém nos suporta, ''é insuportável'', bradamos enquanto tomamos a nossa oitava dose de uísque de uma noite- metafórica- que parece estar só começando. Depois, pegaremos o nosso ''possante'' para voltar para casa. ''Lei Seca''? Isto é para os ''outros''...Aviso: o autor desta crônica, embora falando na primeira pessoa, costuma caminhar pela cidade em que felizmente mora, ou utilizar o transporte público. Os exemplos dados foram meramente ficticios...

O melhor da chamada ''Lei Seca''

O mais importante não é a possibilidade de prisão dos infratores. Mesmo porque é quase consenso que o sistema prisional brasileiro está falido. De nada serviria inchar as nossas cadeias e presídios com milhares de novos infratores da Lei. Sem contar o fato de que os processos são lentos, e o réu conta com tantas regalias que logo está de volta ao convívio social...O melhor é ser esta nova medida baseada, em boa parte, em instrumentos de punição civil. Suspensão da carteira de motorista por 1 ano( achamos que há casos em que a suspensão deveria ser maior...), pagamento de multa de quase mil reais. Veja quanto susto a possibilidade de aplicação destas medidas ''draconianas'' causou...Muito mais do que milhões de apelos publicitários e campanhas educativas...Podemos vislumbrar, idealmente, um sistema de punições semelhantes. Ao contrário do sistema penal- lento, repleto de garantias em contrapartida à possível hipótese de encarceramento, sem possibilidade de transação entre autor da infração e vítima- as punições pecuniárias deveriam ser céleres, com poucos recursos e limitados às estritas hipóteses legais, incidindo em especial sobre os bens dos infratores. Imaginem alguém privado de seu automóvel( ó, quanta maldade!)para pagar honorários advocatícios e os danos causados às vítimas de sua imprudência no trânsito... Imaginemos penas semelhantes aplicadas às inúmeras pequenas infrações cometidas pelos brasileiros no dia-a-dia, tendo um efeito educativo disciplinador muito maior do que milhões de encarceramentos...A grande diferença que temos em relação aos povos do Primeiro Mundo é a parte educacional. Lá, as pessoas sabem que tem uma responsabilidade para com o coletivo. E que, se cometerem desvios, serão duramente punidas por isto. Por enquanto, aqui, se discute se a nova Lei ''vai pegar ou não vai pegar''. A hesitação que temos em relação a uma simples Lei não é uma mera diferença. Representa um Universo de distância do que é minimamente aceitável como comportamento...Leis não curam DESVIOS DE CARÁTER, sabemos. Já possuímos todas as Leis necessárias para transformar este país em um paraíso terrestre. O que não temos são as pessoas habilitadas para fazê-las respeitar, aplicar, e os que se submetam a elas voluntariamente, sem reclamar...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Público X Privado

Por motivos que não vem ao caso, procurei a companhia aérea com 6 horas de antecedência para o meu vôo. ''Lamentavelmente'', eles me informaram, ''como a sua passagem foi comprada na promoção, não podemos antecipar o seu vôo''. Um atendente chegou a me indicar uma loja da mesma companhia aérea. Imaginei que, certamente, teria de desembolsar uma diferença. Tudo bem. Exceto ter de passar 6 horas no Aeroporto de uma outra cidade que não aquela onde eu vivo. ''Só'' que a diferença que eu deveria pagar para embarcar em um outro vôo era MAIOR do que aquela paga pela passagem original...! ''Política da companhia'', informaram-me as atendentes como quem cita a Bíblia...Optei, claro, por passar as sofridas 6 horas no Aeroporto. Detalhe: o vôo que antecedia o meu estava meio vazio...A companhia aérea que (des)tratou-me desta forma auto-intitula-se ''Linhas Aéreas Inteligentes''...Uma vez perguntaram-me qual seria a melhor empresa de celulares do Brasil. Na época eu sequer possuía um. Mas, pelas leituras de jornal, informei que ''tanto faz. Todas elas são campeãs de reclamações nos Procons''. Tudo isto me faz perguntar como é que empresas particulares que são notórias por tratar mal seus consumidores podem subsistir. Que ''milagre'' é este, no Brasil, que premia os caros e ineficientes? Trata-se de uma forma ''sui generis'' de economia de ''livre mercado'' que fez a transição do sistema estatal para um duopólio/oligopólio comandado por poucas empresas que não tem diferenças entre si. No livre mercado real, uma empresa é punida por destratar um consumidor. Punida com perda de mercado, e de lucro. Não aqui. Neste país, os consumidores insatisfeitos de uma vão parar alegremente nos braços de outra que tem prática semelhantes. E isto ocorre em diversos setores estratégicos: telefonia, TV a Cabo, companhias aéreas. Trocamos as Teles por lojinhas de venda de celulares que levam meia-hora ou mais para atender um consumidor que procura por um acessório. Detalhe: não havia fila...Você pega a senha, e fica esperando eles atenderem os consumidores que estão na frente. E o tempo vai passando: 10 minutos. Nada. 15 minutos, nada. Meia hora, nada. Até que percamos a paciência, e deixemos a loja. Assim como perdemos a paciência com ''call centers'' como o de certa empresa de TV a Cabo, notório por deixar seus usuários esperando mais de 15 minutos ouvindo aquela barulhenta e irritante musiquinha( além da lembrança de que ''nossos atendentes estão ocupados no momento...''). A privatização significou um avanço considerável, no que se refere aos preços pagos e equipamentos utilizados. Porém, no que diz respeito ao atendimento ao consumidor, NADA- NADA MESMO- mudou...Talvez este seja mais um problema ''cultural''       ( de falta de cultura, leia-se) deste país...Saímos da Estatização, mas não fomos parar em um sistema de Livre Mercado. Onde estamos? Talvez na ilha de Lost...Ou não, já que no episódio final da temporada a ilha mudou de lugar...

se beber, não dirija...

Assim mesmo, com minúsculas, pareciam aqueles apelos soltos ao final dos inúmeros comerciais de bebida na TV: eram simples pedidos. Agora, quando temos uma Lei regulando o assunto, a conversa é outra. De pedido transformou-se em comando. SE BEBER, NÃO DIRIJA. Eis um claro comando, acompanhado de uma sanção que, para muitos, é ''dura demais''. Nada disto seria necessário se o Brasil não tivesse se transformado, nos últimos anos, em um paraíso para ''bebuns'' e fabricantes de bebida. Uma combinação letal quando somada a veículos velozes e possantes, vistos por seus proprietários como extensões de suas casas. Eles( nós todos, não é mesmo?)ficaram muito indignados por esta cassação do ''direito'' de fazerem o que bem quiser em seus automóveis. Custe o que custar. Infelizmente, a disseminação de carros importados deu-nos a sensação de segurança. O carro fica todo arrebentado após a manobra imprudente que, não raras vezes, também custa vidas( ''alheias''). E, como que por ''milagre'', seu condutor- o mesmo que, sob efeito de álcool, arrebentou o carro contra o muro da casa de um terceiro, por pouco não causando maiores prejuízos a uma família que tranqüilamente jantava em seu lar àquela hora- sai de dentro do automóvel com um ar triunfante, mesmo que ainda possa apenas cambalear e murmurar frases desconexas sob o efeito de todo o álcool que passa por entre suas veias. ''Escapei'', ele pensa. ''O crime compensa''. Antes todos estes imprudentes sentissem em suas próprias peles o custo de uma manobra mal feita. Assim eram os acidentes de antigamente. Órgãos perdidos, movimentos perdidos. A eterna lembrança de um momento infeliz, em que a arrogância- aqui sim um termo apropriado- era punida com o choque e a volta à realidade...Como tudo na vida, a ignorância tem um preço. O preço que teremos de pagar por milhões de motoristas que transformaram as ruas deste país em um verdadeiro faroeste, onde ninguém sabe mais se voltará ileso para casa após uma noite de farra, é até pequeno. A BEBIDA NÃO FOI PROIBIDA...Proibido foi dirigir após beber. Isto significa que podemos beber e encher a cara o quanto quisermos, mesmo em público. Basta que tomemos algumas singelas medidas: alguém do grupo não bebe, e conduz os demais. Ou o ''bebum'', ao invés de pegar o próprio carro como era comum antes do advento da nova Lei, terá de lembrar-se que pode pegar um táxi ou mesmo, como já começa a ser feito por diversos estabelecimentos, um funcionário ficará encarregado de dirigir o veículo do bêbado até a residência dele...Um preço muito barato, convenhamos, para tantas asneiras cometidas no trânsito, com um custo altíssimo para o país...Enquanto estávamos voltando nossos olhares para o combate às ''drogas'' ( oficialmente vistas como tal )ou ao cigarro, esquecemos de travar combate contra um entorpecente que tem TRÂNSITO livre em todas as idades e esferas, e é muito mais perigoso que todas as outras drogas- uma vez que leva a comportamentos altamente imprevisíveis e letais em ambientes públicos: o álcool. Viramos, além de todas as desgraças que nos afetam cotidianamente, um país de bêbados. Todo mundo acha ''bonito'' beber, encher a cara até perder os sentidos, aprontar todas. A TV mostra, a cada momento, belos comerciais de cerveja com mulheres semi-nuas, tudo muito belo e atraente. Viramos um país de bêbados, mas bêbados de uma espécie muito mais perigosa: bêbados motorizados. É preciso contê-los. Temos de ser duros, aplicar sanções severas que possam intimidá-los e, caso não surtam efeito, retirar o seu direito de continuar matando e ferindo no meio social. Não fiquemos discutindo qual seria a dose ''razoável''. É ZERO a dosagem ideal. Emergências requerem normalmente medidas drásticas. Quantas vidas serão poupadas em virtude da nova Lei? Uma vez na vida sou obrigado a reconhecer que o Governo( logo de quem...)deu uma ''bola dentro''...PS: Não estou agindo aqui como acusador ''puro'', alguém que nunca cometeu estas odiadas condutas. Porém, em todas as poucas vezes em que ''enchi a cara''- na época de Faculdade- sempre lembrei de, a seguir, voltar dirigindo para casa DEVAGAR( a cerca de 50, 60 KM por hora). O ideal seria que todos nos portássemos deste modo. Mas o ideal não existe. Há que se lidar com regras, e não com exceções...

Da ''arrogância'' de Renato Gaúcho

Ainda catando os cacos da derrota de um dos maiores clubes do futebol brasileiro para uma equipe do Equador(???!), deparo com as tradicionais e fáceis explicações de vários comentaristas. Uma delas, que eles já estavam preparando quando uma fantástica multidão invadiu as Laranjeiras para acompanhar os treinos da equipe, é que houve ''já ganhou e oba-oba''. A outra é que o técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, é um profissional ''arrogante'', e pecou por declarar que a equipe ''já era a campeã'' antes mesmo da partida final. Se Renato Gaúcho é arrogante ou não, não creio que o fato tenha sido decisivo nestas finais. Mesmo porque, no Brasil, há este péssimo costume de desqualificar os vencedores. Quem quer que se destaque em meio à mediocridade nacional é ''arrogante'', ''orgulhoso''. Assim também foi desqualificado o grande Romário, que nos deu a Copa de 1994. Nélson Piquet era desbocado e ''arrogante'', para muitos. Renato Gaúcho, pasmem, declarou a um jornalista( que, pelo visto, jamais o ''perdoou'' por isto)ter transado, antes mesmo de completar 20 anos, com pelo menos ''mil mulheres''. Quanta ''pretensão'', não é? Quanta ''arrogância''...Agora, na hora da derrota, os mesmos jornalistas que faziam festa ao vencedor relembram velhas estórias. Mas não somos adeptos desta tese. Renato, como todo vencedor, tem direito de falar o que quiser. Ele pode porque fez, porque foi campeão do mundo pelo Grêmio. Deu o título de 95 para o mesmo Fluminense, no último minuto, de barriga- feito que jamais foi igualado nestes anos todos. Renato Gaúcho, nestes momentos que antecederam a partida final, estava simplesmente tentando elevar o moral dos abatidos jogadores de sua equipe, que haviam sido goleados por 4 X 2 na altitude equatoriana. A equipe jogou bem, correspondeu ao que esperava sua torcida. Fez o resultado mínimo para levar o jogo para a prorrogação antes mesmo do esperado: aos 15 do segundo tempo. Aí, inexplicavelmente, o Flu ''travou''. Botou o pé no freio em uma hora decisiva. O ''ousado'' Renato Gaúcho agiu, na verdade, como um treinador veterano. Lembram-se dos gestos dele no Equador, tentando lembrar o juiz que o jogo ''já havia acabado''? Na hora em que o Fluminense, jogando em casa, só precisava de mais um gol para levar o título no tempo normal, Renato Gaúcho- o ''arrogante'' e ''ousado'' treinador- fez duas alterações conservadoras, que tiraram o ímpeto da equipe. Colocou Roger e Maurício, um zagueiro e um volante. Vejam bem: no banco ele tinha Somália, em recuperação, e o jovem Tartá, um jogador ofensivo. Poderia ter tirado o inoperante Washington, irreconhecível naquele jogo, e impulsionado o time ainda mais à frente em busca da vitória. Mas pareceu estar gostando daquele resultado, insuficiente para o título mas capaz de levar o jogo para a prorrogação. O Fluminense teve, a partir daquele momento, 30 minutos para fazer mais um gol no tempo normal. 3O minutos de prorrogação. Mas nem de longe era a mesma equipe. A LDU percebeu, e foi para cima. Fez até um gol legal, injustamente anulado. Renato não tem culpa pelo resultado na loteria dos pênaltis. Não dependia mais dele, e sim dos jogadores. Estes não tiveram cabeça para ser campeões. Mas Renato, sim, pode ser responsabilizado pelo incompreensível comportamento de uma equipe que, precisando ainda de mais um gol, nitidamente ''sentou em cima do resultado'' e encolheu após o ímpeto inicial que lhe havia dado os 3 X 1 tão ansiados. Se Renato é ''arrogante'' ou não- pode até ser- não me interessa. Como estrategista, naquela noite ele ''pisou na bola'' e, ao contrário do que muitos pensam, acabou sendo, de fato, tímido e conservador demais. Que isto sirva de lição para futuros embates. Talvez finalmente, e este é o maior trunfo do clube, o Fluminense tenha ''tomado gosto'' pelas grandes competições. E quem chega lá uma vez pode fazê-lo outras mais, sentindo finalmente o gosto da vitória. Que o exemplo do Grêmio e do São Paulo inspire o tricolor carioca nos próximos anos. O futebol brasileiro só tem a ganhar com este crescimento do Fluminense...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A ''Lei Seca'' está funcionando...

Enquanto as ''autoridades'' não chegam a um consenso sobre a melhor forma de aplicar o novo regulamento, os resultados são visíveis: muitas prisões e apreensões de carteiras em todo o país, diminuição de até 30% no movimento dos bares, aumento das corridas de táxi. Quando a coisa chega ao bolso, o brasileiro respeita...Só esperamos que a lei, como é comum neste país, não seja ''flexibilizada'' ou ''adaptada'' justamente no momento em que está dando certo...PS: Por que só aqui o teste do bafômetro forçado é ''inconstitucional''? Será que os demais países, que o aplicam compulsoriamente e tem penas de até 3 anos de cadeia para quem se recusar a fazê-lo, ''não respeitam os direitos individuais''? Não tem regimes democráticos, e constituições idem?

''Maracanazo''

A ida do Fluminense a Tóquio também parou em Washington...O grande artilheiro acabou revelando-se, ontem, como o ''bonde'' do jogo. Não protagonizou um lance de perigo, e ainda acabou perdendo o pênalti decisivo...Thiago Neves, este sim, foi a grande surpresa. Apesar de já ter protagonizado diversas partidas espetaculares, na hora das decisões este jogador simplesmente sumia. Foi assim nas partidas mais importantes do Carioca/2008. Mas ontem, como que por milagre, Thiago Neves ''comeu a bola''. Jogou por meio time, e fez 3 gols. Perdeu também um pênalti, é fato, mas seria demais exigir que o cara decidisse o jogo e ainda desequilibrasse na hora das penalidades...O Fluminense conseguiu ontem o mais difícil. Aos 15 do segundo tempo, já estava ganhando por 3 X 1. Faltava ''só'' um golzinho para conquistar o título, e ainda meia hora de jogo. Esperava-se que o time partisse com tudo para decidir logo mas, incompreensivelmente, a LDU é que tinha mais posse de bola. Não criava perigo, e nem queria isto: cansado, o time equatoriano continuava fazendo ''cera'' e esperando o tempo passar...Enquanto isto, Renato Gaúcho- que colocara Dodô para atender o pedido da torcida- fazia só alterações defensivas. Maurício, e depois Roger. O Fluminense, que jogou um belo segundo tempo no Equador, também parecia querer também que o tempo normal acabasse...O resultado foi uma meia hora final de jogo insuportável, e uma prorrogação ainda mais enfadonha. Teria partido ''de cima'' alguma ordem para que o time garantisse o resultado e fosse para os pênaltis? O time, inexplicavelmente, parece ter seguido o roteiro traçado pelo torcedor irmão de Pedro Bial antes do jogo: ''o Fluminense está ligado ao 3, à Santíssima Trindade, às 3 cores que traduzem tradição, e foi explicando o significado de cada uma...''. Ontem o Flu, inexplicavelmente, parou no 3. Fez 3 gols, e ficou por aí quando ainda havia muito tempo de jogo. E perdeu 3 pênaltis. Vai ser profético assim na pqp...Depois da ''onda tricolor'' das últimas semanas- é, o torcedor de todas as equipes costuma ''revelar-se'' quando time vai bem...- a nobre equipe carioca volta à realidade, e nela está ocupando, atualmente, a última posição do Campeonato Brasileiro...A história do Fluminense, repleta de glórias, ganhou ontem um elemento de tragédia. O título não estava ''escrito'', como gostava de dizer o grande Nélson Rodrigues. ''Escrito há 2 mil anos'', bravateava Nélson ao final dos jogos...Ontem seria mais adequado um Shakespeare para contar o que se passou...