segunda-feira, 7 de julho de 2008

se beber, não dirija...

Assim mesmo, com minúsculas, pareciam aqueles apelos soltos ao final dos inúmeros comerciais de bebida na TV: eram simples pedidos. Agora, quando temos uma Lei regulando o assunto, a conversa é outra. De pedido transformou-se em comando. SE BEBER, NÃO DIRIJA. Eis um claro comando, acompanhado de uma sanção que, para muitos, é ''dura demais''. Nada disto seria necessário se o Brasil não tivesse se transformado, nos últimos anos, em um paraíso para ''bebuns'' e fabricantes de bebida. Uma combinação letal quando somada a veículos velozes e possantes, vistos por seus proprietários como extensões de suas casas. Eles( nós todos, não é mesmo?)ficaram muito indignados por esta cassação do ''direito'' de fazerem o que bem quiser em seus automóveis. Custe o que custar. Infelizmente, a disseminação de carros importados deu-nos a sensação de segurança. O carro fica todo arrebentado após a manobra imprudente que, não raras vezes, também custa vidas( ''alheias''). E, como que por ''milagre'', seu condutor- o mesmo que, sob efeito de álcool, arrebentou o carro contra o muro da casa de um terceiro, por pouco não causando maiores prejuízos a uma família que tranqüilamente jantava em seu lar àquela hora- sai de dentro do automóvel com um ar triunfante, mesmo que ainda possa apenas cambalear e murmurar frases desconexas sob o efeito de todo o álcool que passa por entre suas veias. ''Escapei'', ele pensa. ''O crime compensa''. Antes todos estes imprudentes sentissem em suas próprias peles o custo de uma manobra mal feita. Assim eram os acidentes de antigamente. Órgãos perdidos, movimentos perdidos. A eterna lembrança de um momento infeliz, em que a arrogância- aqui sim um termo apropriado- era punida com o choque e a volta à realidade...Como tudo na vida, a ignorância tem um preço. O preço que teremos de pagar por milhões de motoristas que transformaram as ruas deste país em um verdadeiro faroeste, onde ninguém sabe mais se voltará ileso para casa após uma noite de farra, é até pequeno. A BEBIDA NÃO FOI PROIBIDA...Proibido foi dirigir após beber. Isto significa que podemos beber e encher a cara o quanto quisermos, mesmo em público. Basta que tomemos algumas singelas medidas: alguém do grupo não bebe, e conduz os demais. Ou o ''bebum'', ao invés de pegar o próprio carro como era comum antes do advento da nova Lei, terá de lembrar-se que pode pegar um táxi ou mesmo, como já começa a ser feito por diversos estabelecimentos, um funcionário ficará encarregado de dirigir o veículo do bêbado até a residência dele...Um preço muito barato, convenhamos, para tantas asneiras cometidas no trânsito, com um custo altíssimo para o país...Enquanto estávamos voltando nossos olhares para o combate às ''drogas'' ( oficialmente vistas como tal )ou ao cigarro, esquecemos de travar combate contra um entorpecente que tem TRÂNSITO livre em todas as idades e esferas, e é muito mais perigoso que todas as outras drogas- uma vez que leva a comportamentos altamente imprevisíveis e letais em ambientes públicos: o álcool. Viramos, além de todas as desgraças que nos afetam cotidianamente, um país de bêbados. Todo mundo acha ''bonito'' beber, encher a cara até perder os sentidos, aprontar todas. A TV mostra, a cada momento, belos comerciais de cerveja com mulheres semi-nuas, tudo muito belo e atraente. Viramos um país de bêbados, mas bêbados de uma espécie muito mais perigosa: bêbados motorizados. É preciso contê-los. Temos de ser duros, aplicar sanções severas que possam intimidá-los e, caso não surtam efeito, retirar o seu direito de continuar matando e ferindo no meio social. Não fiquemos discutindo qual seria a dose ''razoável''. É ZERO a dosagem ideal. Emergências requerem normalmente medidas drásticas. Quantas vidas serão poupadas em virtude da nova Lei? Uma vez na vida sou obrigado a reconhecer que o Governo( logo de quem...)deu uma ''bola dentro''...PS: Não estou agindo aqui como acusador ''puro'', alguém que nunca cometeu estas odiadas condutas. Porém, em todas as poucas vezes em que ''enchi a cara''- na época de Faculdade- sempre lembrei de, a seguir, voltar dirigindo para casa DEVAGAR( a cerca de 50, 60 KM por hora). O ideal seria que todos nos portássemos deste modo. Mas o ideal não existe. Há que se lidar com regras, e não com exceções...

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