domingo, 26 de abril de 2009

O dia em que não odiei o sol...

Conversando com um amigo proveniente de minha cidade natal- Brasília- constatei que a preferência por lugares mais frios comporta até mesmo posições ainda mais radicais que a minha. ''Não suporto o sol'', ele disse. Na hora achei engraçado, e depois até repassei o que havia ouvido para uma conhecida admiradora do sol e de climas quentes, que ficou horrorizada...Esta sexta-feira o tempo paulistano conseguiu simplesmente agradar a todos nós ao mesmo tempo: um início de dia chuvoso, seguido por um sol aberto- momento em que decidi atravessar a Paulista para almoçar. Estava ensolarado mas não quente, para meu prazer e surpresa. 22 graus marcava o relógio de rua em frente ao Conjunto Nacional. Um dia típico de outono em que descobri um novo matiz em minha relação com o sol: percebi que, ao menos por alguns minutos, podia sentir o prazer de caminhar por baixo de seus raios e me inebriar com o calorzinho que ele emanava. Sem pensar sequer em sacar de pronto o meu protetor solar do bolso...A razão de tanta tranquilidade? Este passeio tinha tempo marcado para terminar...Mal cheguei à esquina da Paulista com a Augusta, e decidi descê-la no sentido Jardins, optei de pronto pelo lado com sombra...Sequer pestanejei ao fazê-lo... Minha fugaz relação alegre com o sol - contrariando a tradicional preferência por dias nublados e frios -estava encerrada...Algumas passadas e, 5 minutos após, estava no Zucco- ''bombando'' àquela hora. Espera necessária, no que aproveitei para dar uma folheada nos suplementos de final-de-semana que são publicados na ''Folha de São Paulo'' e no ''Estadão'' às sextas-feiras. No do ''Estadão'' vou logo para a coluna da última página, para os hilários comentários sobre cinemas do ''Cri-crítico'' e para a página sobre novidades na parte de restaurantes. Minha espera de cerca de 30 minutos, às duas da tarde, comprova que o ''Zucco'' parece ter escapado do cruel destino que o público paulistano dá aos lugares ''da moda''( super-lotados de início, não resistem a alguns meses de mesas semi-vazias...). Ao degustar lentamente o prato que pedi- costeletas de porco- entendi muito bem por que: gosto suave, amenizado pelo molho, e carne tão macia que derretia na nossa boca. Não costumo comer carne de porco, mas estou mudando meus hábitos por conta de um amigo quiroprata( Doutor Lincoln, que se reveza entre Brasília e São Paulo, afirma que ela é muito mais saudável do que a carne bovina cheia de hormônios para crescimento...). Enquanto me entretia com aquela carne de porco tão deliciosa que mais parecia carne comum, bovina, o incrível tempo paulistano continuava a aprontar das suas. De repente, todas as pessoas que passavam pela varanda do ''Zucco'' passaram a ostentar solenes guarda-chuvas. O sol de meia-hora atrás, aquele sol suportável, já havia se escondido para dar lugar a nuvens e chuva...Mas não deu tempo sequer de terminar o cafe para o mesmo sol dar as caras novamente, justo na hora em que me preparava para subir a Rua Augusta rumo à Avenida Paulista. Peguei algumas contas e correspondência em geral em meu antigo edifício e, ao me aproximar do Conjunto Nacional, nova mudança de tempo: outra chuva, bem mais forte que a primeira. Para não molhar os documentos, o jeito foi comprar um guarda-chuva( mais um para a coleção)por 10 reais com um dos camelôs que sempre aparecem como que por ''mágica'' nestas horas...E assim permaneceu o tempo, nesta inesquecível sexta-feira de outono na cidade de São Paulo: abre e fecha, com intervalos curtíssimos entre uma coisa e outra. Ilustro este post com algumas fotos tiradas no final da tarde entre prédios da região dos Jardins, que dão uma boa idéia do que é um ''pôr-do-sol''( com a agradável exceção daquela praça com este nome no Alto de Pinheiros)entre os inúmeros ''espigões'' que abundam nesta cidade e que, ao chegarmos de avião, nos dão um ar de ''pós-tudo''( um misto de admiração e receio pela loucura que o ser humano é capaz de criar): em uma hora de emergência, qual será a instrução que pilotos de avião recebem? Onde pousar? Qual será a ''brecha'', o ''atalho'' utilizado para evitar uma colisão de maior profundidade? Naquele vôo da TAM ,que vinha de Porto Alegre e colidiu nas proximidades do Aeroporto de Congonhas, nada foi possível fazer...Alcnol.

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