sábado, 16 de outubro de 2010

''O outro lado de Curitiba'': e as tais casinhas de madeira, típicas da cidade, das quais eu havia falado? Ei-las...

Curitiba já foi toda assim. Lendo a coluna ''Nostalgia'', do jornal ''Gazeta do Povo'', é possível vislumbrar uma cidade praticamente plana, sem altos edifícios. Isto lá pelos idos do século passado...
Naquela época, como também na época da fundação desta capital, o padrão era justamente constituído por estas casinhas de madeira- que hoje estão praticamente à beira da extinção...
Seu fim iminente foi objeto de matéria deste mesmo periódico paranaense. Onde podemos ainda vê-las? Em alguns parques, como o ''Bosque do Papa'', o ''Bosque Alemão''- onde abrigam inclusive uma Biblioteca Infantil- o Parque Tingui( Memorial Polonês), entre aqueles de que me recordo...
Nem seria de bom tom pregar que elas constituíssem o padrão das construções em uma época em que a madeira e as florestas já não são tão abundantes como no passado...
Porém, sua subsistência é também o símbolo de uma certa resistência à verticalização que, ali como em tantas outras cidades brasileiras, ameaça homogeneizar tudo...
Neste, bem como em diversos outros posts, costumamos mostrar edificações ''anacrônicas''- edifícios baixos, casas de madeira, que outrora já foram o padrão da cidade de Curitiba-PR até meados do século XX- como uma reação, inútil é verdade, frente à ''Modernidade'' em que ingressamos: uma ''Modernidade'' de ruas repletas de automóveis, rumo a Condomínios fechados dentro e fora dos limites das principais cidades...Ali mesmo, perto destas casinhas que ilustram o post, deparamos até com ruas sem saída- graças à construção de vários destes condomínios verticais de alto padrão...
Com o crescimento econômico que nosso país experimentou nos últimos 16 anos de Plano Real, a ''moda'' agora passou a ser esta: casais, com filhos, necessitam de espaço. Para isto, adquirem uma casa ou apartamento em algum condomínio distante. E, para deslocar-se, precisam também de um carro...E contribuem para congestionar ainda mais as ruas e avenidas das principais capitais brasileiras...Sem contar o aumento da emissão de substâncias poluentes...
Brasil afora testemunhamos um gigantesco processo de elevação de edificações em regiões, como a que vai do Aeroporto de Salvador-BA ao centro da cidade, que antes eram vazias e repletas de matas...Brasília vive o mesmo processo de expansão descontrolada, em áreas como Águas Claras e até mesmo o entorno do Park Shopping...
Necessário se faz, neste momento, o registro de algumas destas edificações antigas. Pois já não se sabe se conseguirão resistir a tanta barbárie. Continuamos- aqui e nas divisas da Amazônia, alvo de cobiça por parte de criadores de gado e plantadores de soja- como se tivéssemos 2 ou 3 planetas Terra para ''desbravar'' e ''conquistar''. A iminente catástrofe climática apontada por tantos cientistas desmente tanto ''otimismo''...
Claro que todas estas ''racionalizações'' foram feitas '' a posteriori''. Melhor mesmo é deixar a razão de lado, e curtir toda a beleza destas simples edificações que marcam a ligação deste com os tempos de outrora- conexões que só a memória sentimental é ainda capaz de fazer...
Afinal, as casinhas de madeira ainda resistem em algumas regiões de Curitiba...
Alcnol.

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