quarta-feira, 29 de abril de 2009

''Os perigos de São Paulo'' ou ''A Queda''...

Outro dia estava em um restaurante, me preparando para almoçar, quando ouvi dois garçons conversando. O assunto era ''o perigo de se viver em São Paulo''. Já ouvi inúmeras vezes esta expressão, embora não saiba muito bem o porquê de tanta ênfase. Esta cidade não é mais perigosa que as demais( em qualquer comparação com o Rio de Janeiro, por exemplo, ganha disparadamente neste quesito...). Mas o assunto, para minha surpresa, não era propriamente este...O tema não era a Segurança Pública e os assaltos. Um deles, certamente recém-chegado à capital paulista, manifestou sua preocupação com o elevado ''risco de quedas''. Nesta hora, de súbito, entrei no meio do debate para perguntar que ''quedas'' eram aquelas. Os dois falavam em sentido figurado- do risco abstrato de ''cair'' na vida, dos altos e baixos da existência- ou literalmente, do risco de se tropeçar nas calçadas paulistanas? Era justamente das calçadas que eles falavam, e aqui cabe um parêntese: as calçadas da cidade de São Paulo são realmente péssimas, e constituem sem dúvida um fator de risco para os seus habitantes. O motivo é que sua criação e manutenção não são responsabilidade da Prefeitura, e sim de cada morador de casa ou prédio. Em virtude disto, andar pelas calçadas daqui equivale a passar por uma ''colcha de retalhos''. Inúmeros buracos, desníveis bruscos entre a frente de um prédio e de outro, um verdadeiro ''show de horrores'' que já causou inúmeras lesões aos moradores daqui- enquanto a ''culpa'' é jogada da Prefeitura para comerciantes e moradores, e vice-versa...Mesmo assim, dificilmente eu me lembraria deste assunto inocente discutido pouco antes de um ótimo almoço se não tivesse eu mesmo me tornado mais uma vítima destas calçadas irregulares. Isto porque este assunto não é propriamente uma ''novidade'' daquelas que alimentam os cronistas. Caminhar por aqui envolve, instintivamente, estar continuamente em alerta contra riscos do gênero. Desviar-se de buracos, postes e árvores às vezes instalados no meio de uma estreita calçada, disputar espaço com automóveis que costumam sair bruscamente de garagens. Fazemos isto tantas vezes durante o dia que isto acaba se tornando inconsciente. No entanto no último domingo, quando descia as calçadas da Avenida da Aclimação com destino ao Parque de mesmo nome, tive de súbito a idéia de procurar algo em um dos bolsos da bermuda. E, justo naquele instante de breve distração, estava passando por uma daquelas irregularidades típicas das calçadas que criam verdadeiros ''degraus'' entre um nível e outro. O resultado? A queda, e não foi uma queda qualquer. Senti, tal a surpresa, uma pontada no estômago, e a sensação de ter torcido o pé direito. Minha sorte foi ter caído para trás, o que impediu-me de ter projetado todo o peso do corpo sobre o pé afetado. A sensação foi, claro, horrível. Passantes perguntaram-me se estava tudo ''OK'', e eu respondi às pressas que ''sim''. Experimentei levantar e continuar a andar como se nada tivesse ocorrido e, por incrível que pareça, foi o que fiz. Com nada além de uma pequena dor no pé, que não me impediu de dar a volta completa pelo pequeno Parque( cerca de 10 minutos de caminhada)e voltar para a Avenida Paulista andando...Evidentemente que, depois de ter sido vítima destas calçadas irregulares da cidade de São Paulo- tema até mesmo de conversas horrorizadas de garçons recém-chegados a esta terra- fiquei bem mais sensível ao tema. Decidi registrar, apenas exemplificativamente, algumas destas milhares de irregularidades que vemos no nosso dia-a-dia. Os garçons estavam, reconheço, corretos em sua análise. Como é ''perigoso'' viver na cidade de São Paulo, admito. Também, com estas calçadas...Alcnol.

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