domingo, 15 de fevereiro de 2009

Casinhas coloridas em São Paulo...

Em uma recente reportagem sobre o ''consumo da Classe C'', publicada na revista de negócios ''Exame'', um vendedor de tintas revelou que, para fazer negócios em uma região, é preciso lidar com todos os potenciais compradores de uma só vez. Por que? Ninguém quer ter a sua casa ou negócio ''em destaque''...Talvez isto explique porque temos tantos paulistanos em trajes de ''camuflagem'', ou usando automóveis ''camuflados''...O motivo? É ''arriscado'' assumir uma posição de destaque. É ''arriscado'' vestir algo diferente, pintar a própria casa de uma cor diferente, dirigir um automóvel vermelho/ amarelo, etc. Para vender tinta para um morador, revelou o vendedor entrevistado por ''Exame'', é preciso vender para todos. O brasileiro, nota-se, tem ''medo'' de tomar iniciativas- é necessária a ''concordância'' dos demais...No entanto aqui e ali, durante nossas andanças pela metrópole, é possível constatar alguns lugares- comerciais ou residenciais- que ''ousaram'' fugir do padrão existente( ou seria melhor dizer ''falta de padrão'' existente?). Estes nos interessam. Buscam os nossos olhares, e as lentes de nossos celulares/câmaras digitais. Como pode algum comerciante não querer destaque para o seu estabelecimento? Estes querem. Ousam. Buscam diferenciar-se, sair da média. Como seria um mundo em que todas as pessoas pensassem assim? Em que cada um ousasse expor as próprias idéias, gostos, preferências, de um modo único, não comparável a qualquer outra coisa? Estamos iniciando a nossa jornada rumo a este mundo. Contra a padronização de uma sociedade industrializada, prometem-nos produtos individualizados- feitos de acordo com as nossas indicações e preferências. Feitos de modo semi-artesanal. Contra a ditadura de canais de TV padronizados e ''líderes de audiência'', a fragmentação de centenas ou milhares de canais a cabo. Contra os ''hits'' musicais, e a indústria da música, a fragmentação de milhares de rádios digitais na Internet. O jornalismo está em ''crise''? Como, se nunca tivemos acesso a tantas notícias? E se temos cada vez mais tantos blogs e painéis de discussão sobre temas levantados normalmente pela imprensa? Não é o jornalismo que está em crise, são os jornais impressos...Estes precisam adaptar-se aos novos tempos, ou perecer...Enquanto os novos tempos- uma época especial em que nenhuma coisa(ou pessoa) se parecerá com outra, porque tudo terá um ''toque extra'' proporcionado pela singularidade de cada indivíduo- não chegam, fiquemos com alguns exemplos de independência e beleza nos tempos de transição que vivemos. Pequenas casas- comerciais ou residenciais- que ousaram sair da ''mesmice'', do ''padrão safári''( sem cor, sem vida)que domina algumas regiões de São Paulo...Alcnol. PS: Fotos da Rua Taguá, na Liberdade( próxima da Estação São Joaquim do Metrô e de uma filial da Faculdade FMU)...

2 comentários:

Anônimo disse...

olá,
gostei....aliás adorei a sua posição sobre a modificação com cores!!! Mas, me chamou mais atenção..pq. eu morei na Rua Taguá...em alguma das casinhas
"gracinhas"...que saudaddes!!!
Brinquei muito na vila Ferreira da Rocha....que delicia....mantenho amizade com muitas pessoas desta época....acho que vão adorar ver..a nossa casa!!!! Parabéns!!!

Unknown disse...

Que bom que você possa ter revido um lugar querido de sua vida...Realmente, defendemos o uso de cores para revitalizar regiões degradadas da cidade. Isto está sendo feito, por exemplo, em Heliópolis- com a ajuda do arquiteto Ruy Ohtake...Taguá, por sinal, também é a forma carinhosa com que os brasilienses se referem à cidade-satélite de Taguatinga( DF). Em síntese: somos focados em coisas belas e diferentes, e as tais ''casinhas'' atrairam-nos mesmo à distância...Que mais regiões sigam estes passos é o nosso ardente desejo. Um abraço. Alcnol.