sábado, 29 de novembro de 2008

''Para que servem os Analistas?'', matéria de capa da última revista Exame...

Agora que a Crise se generalizou, indo muito além de qualquer previsão, instituições financeiras começam a se perguntar qual é o verdadeiro valor dos chamados ''Analistas de Mercado'', muitos pagos a peso de ouro...Segundo o texto de Tiago Lethbridge, ''(...)O futuro, portanto, sorria para a bolsa brasileira. O UBS Pactual, então, cravou sua previsão para o fim do ano. O Índice Bovespa, que reúne as principais empresas do país e estava em seu recorde histórico, de 70000 pontos, chegaria a 85000 até o fim de dezembro(...)Quem acreditou no shonho do ''Ibovespa 85000'' perdeu dinheiro de gente grande. Das ações recomendadas, todas caíram até o fim de novembro. A que caiu menos despencou 50%(nosso grifo).A pior, a Construtora Rossi, perdeu mais de 80% do valor de mercado desde então. E o Índice Bovespa rastejava em 34000 pontos no dia de fechamento desta edição''. As derrapadas não ocorreram apenas no Brasil. Nos Estados Unidos, o apresentador de TV Kim Cramer destacou-se por seus erros bisonhos: ''Em outubro, quando o índice Dow Jones ficou abaixo de 10000 pontos, Cramer berrou: ' Peguem todo o seu dinheiro e comprem ações! Agora!'. No dia seguinte o índice caiu outros 500 pontos- no final de novembro, beirava os 8000 pontos, queda de 20% em relação ao 'fundo do poço' identificado por Cramer''. ''O analista Arjun Murri, do Goldman Sachs, virou celebridade ao prever, em 2005, que o barril de petróleo atingiria 100 dólares. Pois em maio o ''Sr. Petróleo'', como é( ou era)chamado, olhou em sua bola de cristal e viu o futuro- o barril subiria para entre 150 e 200 dólares no curto prazo. Hoje compra-se um barril abarrotado de petróleo por 50 dólares ou menos(...). A relação dos bancos com estes analistas não é desinteressada. Ao contrário, é marcada por fortes suspeitas: ''Um estudo de Harvard com 50000 relatórios mostra que os bancos são muito mais otimistas com empresas que usam seus serviços com freqüência(...)Uma pesquisa da Universidade Cornell aponta que os bancos que coordenaram o IPO( abertura de capital)de uma empresa são péssimos na hora de avaliar o desempenho futuro da ação. Eles sempre erram para cima(...). De acordo com o estudo, o nível de erro dos analistas desses bancos chega a 50% em comparação às projeções de outras comissões''. Em outras palavras: eles não são muito diferentes destes vendedores comissionados de lojas, que procuram nos ''empurrar'' toda espécie de bugigangas para engrossar o seu rendimento...No Brasil, segue a matéria, ''das 115 empresas que foram à bolsa desde 2004, 99 valem hoje menos do que valiam no dia do IPO. ''Houve análises indecentes nesse período'', diz Aquico Wen, diretor do fundo americano Legg Mason. O incidente mais polêmico envolveu a companhia de agronegócio Agrenco. O Credit Suisse, banco que levou a empresa à bolsa, recomendava em maio a compra das ações da Agrenco, indicando preço-alvo de 19 reais. Enquanto isso, a instituição se desfazia de ações da empresa''. Caso isto seja comprovado, é muito grave. Os prejudicados podem inclusive recorrer à Justiça para defenderem os seus direitos...Mas o mais interessante da matéria vem logo a seguir, enquadrando-se à perfeição nos comentários feitos por Nicholas Taeb em ''A Lógica do Cisne Negro'': ''Analistas de ações, inclusive, manipulam o modelo financeiro para fazer sua projeção caber dentro da média estipulada por seus concorrentes: ''Quem erra sozinho fica estigmatizado e corre o risco de perder o emprego'', diz o analista de mineração de um banco estrangeiro''. Então, para que serviriam os tais analistas?, nos perguntamos. O jornalista de ''Exame'' narra uma interessante e ilustrativa estória: ''Durante a Segunda Guerra Mundial, o economista americano Kenneth Arrow( que ganharia um Nobel em 1972)foi convocado para liderar um grupo de pesquisadores. A missão era prever as condições meteorológicas nos campos de batalha com um mês de antecedência. Os estatísticos do grupo logo perceberam que as previsões não tinham o menor valor- ou seja, não eram diferentes de um chute qualquer(nosso grifo). O grupo mandou um relatório a seus superiores informando que não enviaria as inúteis previsões. Veio então a resposta: ''O Comandante-geral sabe que as previsões não são boas. No entanto, ele precisa delas para fins de planejamento''...PS: Este post é completado pelo post abaixo, sobre a teoria do ''Cisne Negro''...

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