segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Finalizando o domingo, filme sobre Mandela no Unibanco Arteplex do shopping Frei Caneca...

Em português o filme leva o pomposo título de ''Mandela: Luta pela liberdade''( em inglês: Goodbye Bafana). Enquanto assisto freneticamente os últimos capítulos da terceira temporada de ''Lost'', percebo a incômoda ''coincidência'' entre os termos usados pelos ''Outros'' e aqueles de uso comum pelos brancos na época do Apartheid e, ainda mais grave, pelos candidatos republicanos John McCain e Sarah Palin ao se referirem ao Senador Obama e seus apoiadores: ''these people''( estas pessoas). O ''outro'', o ''incômodo'', o ''diferente'' não tem nome, não tem personalidade, não tem direitos. É um nada. ''These people'', ''that people''( aquelas pessoas), os ''inominados'', as ''não-pessoas''. E agora, referend0-se a Obama, ''that one'' ( ''aquele tipo, sujeito''). Para sustentar este sistema de crenças, contrário sobretudo à inteligência, é preciso não fazer concessões. Aos ''terroristas'' nada, pois eles ''querem expulsar até o último dos brancos de suas casas e de seu país''. Incomodado com o tratamento dado aos negros, e curioso em relação às propostas do CNA( Congresso Nacional Africano), o próprio guarda e censor de Nélson Mandela começa a dar sinais de ''fraqueza''. Ouve conselhos do próprio líder do povo sul-africano, em magnífica interpretação do ator Dennis Haybert- o ''Presidente Negro'' da série 24 Horas. Aliás, é Mandela que trava uma verdadeira ''batalha mental'' com seus captores, jamais cedendo ante a injustiça. O guarda de Mandela vai cedendo, fazendo concessões, identificando-se com o seu prisioneiro, e é aí que o filme ganha um aspecto inusitado. Percebe-se, aos poucos, que também o guarda está ironicamente ''preso''. É hostilizado por seus colegas quando permite que Nélson Mandela mande um chocolate de presente para a esposa Winnie. Tenta pedir transferência, mas o governo de Pretória a nega repetidamente. Sua carreira parece definitivamente ''acabada'', até o momento em que o regime branco ensaia fazer pequenas concessões. Quem eles buscam para vigiar Mandela? O mesmo policial que sabe falar a língua dos negros cativos...Mesmo não sendo um apreciador do cinema dito ''realista''- e já me manifestei repetidamente contrário a esta tendência nos filmes brasileiros- não dá para deixar de reconhecer a beleza desta obra que é quase um ''documentário'' pela qualidade das imagens e competência dos atores. ''Mandela: Luta pela liberdade'' merece ser visto, para que jamais repitamos novamente os tristes fatos de um dos períodos mais deprimentes da História da Humanidade. Mandela triunfou, física e, em especial, mentalmente. Infelizmente, a evolução histórica não se deu tão claramente no resto do mundo, e, aqui e ali, ainda se ouvem todas aquelas vozes murmurando indignadamente contra ''these people''...Ou ''that one''...

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