sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pequeno ''tesouro'' cinematográfico na Mostra ''Oriente Desconhecido'' do CCBB...

Por que ainda vamos ao cinema? Eu tenho uma obsessão, a de encontrar um filme ''perfeito''. Por isto, semana após semana, tenho encontro marcado com o que há de mais recente na cinematografia mundial. São Paulo, além disto, nos proporciona um contato mais direto com filmes de países que estão fora do ''circuito'' tradicional de cinema: Tailândia, Cingapura, Egito, Síria, Leste Europeu, entre outros. Já afirmei aqui ser um apreciador incondicional do cinema que vem do Oriente. Além da temática ''exótica'' e original, o ritmo das películas também é mais lento- e mais próximo do cinema da época ''clássica'' ( em seu auge, para dizer a verdade)...Além do que eles são também repletos de imagens das lindas metrópoles daquela região...E hoje, graças a esta Mostra do CCBB que está exibindo, infelizmente talvez pela última vez no Brasil, inúmeras ''pérolas'' da cinematografia que vem do Leste, acabei assitindo um filme que, se não for perfeito, é um dos mais belos que já vi em toda a minha vida...A belíssima obra, de autoria do diretor Pen-Ek Ranamaruang- da Tailândia- chama-se ''Last Life in the Universe''( A última vida do Universo). Segundo a resenha do guia da Mostra, ''Bibliotecário japonês em Bangkok está a ponto de se jogar da ponte quando testemunha a morte de uma garota. Neste momento, entra em sua vida a irmã mais velha dela''. Não se enganem por este resumo: esta não é mais uma banal ''estória de amor''. Antes alguns detalhes: o rapaz que está para se jogar da ponte é um suicida crônico. Seu irmão o apresenta aos amigos como o ''meu irmão maluco''. O apartamento do suicida é repleto de livros, em várias estantes e em pilhas espalhadas pelo chão...Toda vez que o nosso amigo tenta matar-se, ele é interrompido por alguma coisa...Ele realmente vai se envolvendo com a irmã mais velha da moça atropelada, mas a estória- com uma música lenta maravilhosa de fundo e um ritmo lentão que parece querer levar-nos ao ''nirvana'', com inúmeras imagens belíssimas do mar da Tailândia- foge do óbvio. Não ocorrem as tradicionais e esperadas cenas de sexo...Aliás, nem sequer há sexo entre os dois, implícito ou explícito..Mas nota-se, pelas entrelinhas, que eles acabam se apaixonando um pelo outro. Assistir um bom, digo, um ótimo filme é como comer um prato especialíssimo ou ler uma obra-prima: todas estas são formas de transcender as questões ''menores'' do cotidiano e nos aproximar-mos mais do ''Paraíso Celestial'' aqui mesmo na Terra...E este filme, este perfeito filme, conseguiu levar-nos o mais próximo disto que já conseguimos nos últimos anos...''É tudo isto?'', vocês perguntariam. É. É belo, sutil, profundo, divertido, deixa-nos em verdadeiro estado de êxtase...Perdemos a noção do real, do tempo, torcendo no nosso mais profundo íntimo para que este imenso prazer jamais acabe. E, como já dito no início, não é justamente isto que tanto buscamos no cinema? O genial cineasta tailandês, transcendendo mesmo as tradicionais fórmulas de se fazer um ''filme de arte'', chegou lá. Ao ponto. Ao alvo. E ,assim como ,após comermos uma inesquecível refeição, podemos dispensar outras comidas pelo resto do dia, ter assistido este pequeno tesouro cinematográfico me deixará satisfeito- total e plenamente satisfeito- por um bom tempo...Alcnol.

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