domingo, 3 de agosto de 2008

Novo Templo do Consumo em São Paulo...

Atenção: se você ficou mais à vontade com o post sobre a 25 de março, e prefere ler sobre passeios à pé ou nos ônibus de Curitiba, talvez seja melhor pular este texto. Falarei aqui sobre o mais novo Templo de Consumo paulistano: o shopping Cidade Jardim...Esta não a primeira visita que fiz a este shopping. Logo após a inauguração- no final de maio- não contive a curiosidade e estive lá para dar uma ''espiadinha''. A primeira impressão, em meio ao esperado engarrafamento de ''carrões'' de luxo e de pessoas com aparência chique e ''esnobe'' nos seus corredores circulando com ''narizes empinados'', não foi das melhores. Ao contrário dos demais shoppings, este não tem uma praça de alimentação exclusiva. Cafés e lojas estão dispostas ao longo dos corredores, com poucas mesinhas à frente. Uma loja tinha apenas 3 mesas, todas devidamente ocupadas e cobiçadas por uma multidão de passantes...Fazia frio e, como o shopping é aberto- dispondo de uma bela área verde bem no meio, com vista para o céu da capital paulista- a sensação térmica era desagradável. Muitas pessoas reclamavam do ''gelo''. Este é até um ponto positivo deste centro comercial: enquanto os demais não passam de caixotes fechados, com muita luz artificial, que buscam ''tirar'' de seus clientes a noção do mundo exterior- a ponto de perdermos a noção das horas enquanto caminhamos por seus corredores- o shopping Cidade Jardim é repleto de luz natural. Enfim, após uma breve caminhada- e constatando, desanimados, que a livraria ainda não havia sido inaugurada, os cinemas idem, e não havia sequer um café onde instalar-nos, a primeira impressão não podia mesmo ser das melhores. Ontem, mês e meio após a inauguração, decidi ir novamente ao mesmo shopping. As coisas, agora, pareciam ter voltado ao ''normal''. Sem engarrafamentos e filas extensas na entrada. Corredores semi-vazios. Lojistas ''na espera'', loucos para que alguém entre em seus estabelecimentos. Cafés, sorveterias e a loja Baked Potato( onipresente em quase todos os demais shoppings, aqui batizou-se de ''butique'')agora tem MAIS mesas e cadeiras para nos instalarmos. O shopping, claro, foi feito para abrigar lojas exclusivíssimas como Chanel, Daslu, Sony, Lacoste. No entanto, o mix trouxe algumas outras bem mais comuns, em versão reestilizada. É assim que a barateira Zara também está presente. Assim como a Centauro. A Lanchonete da Cidade ganhou uma versão ''classe A'', com balcões e mesas com vista para a Marginal Pinheiros. No andar dos cinemas pode-se também ter uma bela vista para a cidade. Porém, como os paulistanos não apreciam muito vistas e ambientes abertos, o restaurante do grupo Fasano, sem vista alguma, fica no térreo...E só podemos observar , no andar em que há um jardim a céu aberto, o que está fora lutando para elevar os olhos acima de uma murada de concreto, com plantas na frente, que dificulta toda esta atividade...Há apenas um pequeno trecho com vidro na frente, que deveria ser o padrão...No jardim interno do shopping há uma bela área com chão de pedras e cadeiras para nos esparramarmos. Tudo ao som, caso possamos escutar, das fontes de água espalhadas no interior do Cidade Jardim. Mas o MELHOR de tudo, o que já justifica este retorno a um lugar que não seria normalmente de nossas preferências, longe de tudo e SEM ACESSO PARA PEDESTRES, é que a sucursal da Livraria da Vila já foi aberta... Ainda tem um forte cheiro de tinta, e o café só será inaugurado no final do mês de agosto, mas é uma megastore. Uma das âncoras do shopping, talvez o grande motivo para retornarmos ali algum dia...Espaçosa, com dois andares, confortável- podemos sentar em algum dos sofás para espiar uns livros. E a bela loja ainda tem vista para fora, para o rio Pinheiros. A Livraria ''da Vila''( Vila Madalena, onde está instalada a sua matriz)ganha mais uma filial, transformando-se em mais um dos gigantes do meio literário- como Cultura, Fnac, Martins Fontes, Saraiva- que se digladiam neste disputado mercado paulistano. Da livraria, enquanto mal consigo suportar o forte cheiro de tinta, ''escapo'' para um dos cafés instalados no andar de baixo. Bebo uma água com gás, com café e uns doces, enquanto espio as pessoas que circulam pelo Cidade Jardim. Algumas (belas) mulheres usam calças justíssimas, talvez adquiridas em uma Diesel ( que não está aqui)da vida...Passei cerca de 3 horas ao todo no shopping, até pouco se comparado ao tempo que ficamos nos demais. O ''culto ao novo'', bem popular no mundo e em especial nesta cidade, tem um efeito colateral severo: dois meses após a sua instalação transformaram o mais recente shopping- feito para ser um estabelecimento ''AAA'' em comparação com o tradicional Iguatemi, até então o estabelecimento mais luxuoso de São Paulo- em algo já familiar, ''assimilado''. O ''show de novidades'' deve continuar. Enfastiados, os milionários- público alvo do Cidade Jardim- ou ainda estão esquiando em Aspen, Bariloche, ou curtindo os últimos dias de inverno em Campos do Jordão. Enquanto isto, os corredores do ''seu'' shopping estão cada vez mais vazios...E comerciantes reclamam, como nas duas reportagens sobre o shopping Cidade Jardim na Folha de São Paulo de hoje, que pessoas menos abonadas estariam se ''misturando'' ao público, vejam só que ''pecado''! Devem ter percebido, apesar de todo o capricho que dei à indumentária para poder circular livremente neste ambiente, a nossa presença...

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