quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Casualidades...

No início do capitalismo, prevalecia a lógica que, com trabalho árduo, se venceria qualquer obstáculo. Com o decorrer do tempo, fomos vendo que esta lógica simples foi dando lugar a outras interpretações. Surgiram os rentistas, os capitalistas que viviam só da renda de suas aplicações( figura ainda muito comum no Brasil de hoje,não acham?). Hoje temos a figura dos ''neo-capitalistas'', que são os bandidos modernos. Eles se espelham no estilo de vida dos ricos e famosos, mas não tem paciência para esperar adquirir o mesmo modo de vida por meios lícitos. Por isto seqüestram e matam, em busca de carrões, tênis e roupas de grife. ''O dinheiro não tem cheiro'', é uma das máximas do Direito Tributário. Do mesmo modo, os ''neo-capitalistas'' do PCC e cia. imaginam poder ocultar-se tranqüilamente em um mundo onde o dinheiro fala mais alto, assim como as aparências. Mas não nos deixemos enganar por aqueles que conseguem dinheiro ''fácil'', seja de que forma for. Mesmo hoje, com tantos corruptos e ladrões, perseguidos pela polícia ou não, o sucesso continua como sempre foi. Uma combinação de espírito empreendedor e trabalho árduo. Os MELHORES triunfam em todos os campos do saber, das artes e do esporte. Falem em um nome de sucesso, e os rastros estão por todas as partes para detectar: trata-se de alguém que soube curar as dores e feridas, um obcecado pelo que faz a ponto de considerar o seu ofício muito mais um ''hobby'' do que um trabalho, um expert no seu ramo. Os nomes são inúmeros. Muricy Ramalho, no futebol. Washington Olivetto, na publicidade. Oscar Niemeyer, na Arquitetura. O saudoso Paulo Autran, no teatro e na TV. O sucesso não é só trabalho árduo- característica do ofício de milhões de anônimos batalhadores do dia-a-dia- e nem é só espírito empreendedor, que não dispensa a prática e os erros. É a soma dos dois. Claro que nem todos os ricos e famosos obtiveram o que tem pela soma destes dois fatores. Mas aqueles que optaram por ''atalhos'' mais ''fáceis'', por quanto tempo manterão suas posições? Qual a solidez do que possuem, em comparação com o resultado do trabalho de um Rogério Ceny, só para citar um exemplo? De quem lembraremos daqui há uma década: de um Renan Calheiros( ou da Mônica Veloso) ou de Rogèrio Ceny? O mundo continua sendo regido pelo mérito, não nos enganemos. Não fôsse isto, já teríamos nos explodido há muito tempo...O mundo continua sendo daqueles que não tremem diante dos obstáculos, daqueles que suam sangue nas batalhas de todos os dias, daqueles que não esmorecem jamais, daqueles que transformam suas dores e lágrimas em obras de arte que entretenem e consolam outros milhões de cidadãos. Daqueles que descobrem, enfim, que estão neste planetinha por algum propósito, e com algum tipo de missão a cumprir. Estes, ainda que não tenham vencido, já estão um passo adiante dos outros milhões que estão pastando às cegas, sofrendo e sem saber porquê, se julgando ''vítimas'' de algum destino que as escolheria ao acaso, beneficiando uns e perseguindo outros por puro arbítrio. Não existem acasos nesta vida. Há uma ordem por trás de tudo, por mais caótico que pareça. Nietzche deve ter enlouquecido em parte por ter concebido a figura do ''eterno retorno'': imaginem o horror que seria reviver as nossas simples vidinhas passo a passo, ainda mais sabendo que somos responsáveis por tudo o que nos ocorre...O bom é saber que este mundo é uma escola, e só precisaremos repetir as lições que não aprendermos por bem...Penas perpétuas, o inferno, o ''eterno retorno'' são ilusões daqueles que ainda não perceberam que tudo é inconstante e passageiro: as más, mas também as boas coisas. Dizia a música que ''tristeza não tem fim, felicidade sim''. A boa nova é que tudo tem fim, toda lição, por mais árdua que seja, tem fim. Todos somos atores em uma peça eterna, em que todas as personagens são passageiras. Hoje mendigos, amanhã reis, em uma linda alternância regida por uma força maior, uma ordem em meio ao caos aparente...

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