sábado, 6 de outubro de 2007

Eros e Thanatos

Certos lugares são verdadeira unanimidade. Não há quem não goste de belas praias, em lugares limpos e tranqüilos. Já outros, como São Paulo, requerem um olhar especial para perceber a sua beleza. Ontem vi uma pixação em um viaduto, durante uma caminhada, na qual estava escrito: ''A beleza do mundo está em mim''. De fato, além das belezas unânimes de que estávamos tratando, outras há que se descobrir dentro de nós. Existe uma prática sexual em que a pessoa se asfixia durante a cópula até chegar perto da morte. Os seus praticantes o fazem certamente pela excitação que provoca a combinação entre o gozo e a morte. É o eterno desejo humano de percorrer as fronteiras, chegar à beira do abismo sem pular. As grandes metrópoles do mundo, como Nova Yorque, Tóquio ou São Paulo, são exemplos vivos desta arte de viver na fronteira do abismo. São Paulo é muito feia, dizem muitos de seus visitantes ou habitantes. Está certo. São Paulo é um paraíso, um lugar belíssimo sem igual, dizem os seus admiradores. Certíssimo também. Os grandes centros são lugares onde encontramos o tempo todo sinais de destruição, de violência, de pobreza, de poluição. A morte está presente o tempo todo, sentimos isto no ar. As nossas ruas estão repletas de veículos poluentes, responsáveis pela maior parte do ar ruim que respiramos. Eles são guiados por pessoas, em boa parte, insatisfeitas, nervosas, sem a mínima educação para o trânsito. De vez em quando ocorre um ''acidente'' em que uma destas ARMAS é projetada contra indefesos pedestres. Por outro lado, nunca se percebe tanto os sinais de vida como quando vivemos á beira da morte. Nunca valorizamos tanto estes pequenos sinais- como o canto dos pássaros, incessante, que nos desperta no raiar do dia, ou o pouco verde que remanesceu( talvez por equívoco ou desleixo dos construtores de tantos túneis e viadutos )nas ruas, nos parques, o reflexo do pôr-do-sol nos gigantescos edifícios da Paulista, os lugares pequenos que se esmeram em construir ambientes que nos remetam a outros países, com suas varandas e jardins minúsculos- como quando habitamos uma grande metrópole. Talvez justamente porque aqui estas coisas são raras, nós as buscamos e percebemos com maior ardor. O ritmo incessante e inclemente da cidade grande nos dá uma vontade, ao contrário, de parar de vez em quando e contemplar o quanto ela tem de bom. DEVAGAR E DIVAGAR, eis algumas palavras úteis para quem não quiser se perder neste mundo frenético do FAZER. Uma escritora oriental alertou uma vez que boa parte deste ''fazer'' consiste simplesmente em mover os objetos de uma parte para outra de nossas mesas...'' ''Carpe Diem''!!!

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